Zelensky: Ucrânia não vai abrir mão de Donbas para acabar com a guerra
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que o país não abrirá mão da região de Donbas para acabar com a guerra contra a Rússia. Ele avalia que resistir aos ataques russos na região pode influenciar todo o curso da guerra. Além disso, não acredita que o Kremlin abrirá mão de Kiev, capital ucraniana, mesmo se vencer em Donbas.
"Não confio nos militares russos, nem na liderança russa. Por isso, entendemos que, mesmo com fato de termos lutado e eles terem deixado Kiev, não significa que, se eles ganharem Donbas, eles não irão mais [avançar] em direção a Kiev", avalia Zelensky, em entrevista à CNN, publicada neste domingo (17).
O presidente ucraniano elenca, além de segurança, a efetividade do grupamento militar que atua na região de Donbas e "sobreviveu à guerra desde o início", como outras razões para a importância de vencer na região. "A Rússia quer cercá-los para destruí-los", define.
Leste ucraniano é importante para a Rússia
A região de Donbas é o centro industrial da Ucrânia, e onde estão as regiões separatistas Luhansk e Donetsk. A persistência de Vladimir Putin, presidente russo, é para dominar toda a extensão, desde a área próxima a Mariupol até a fronteira norte entre Ucrânia e Rússia.
Para Putin, a Ucrânia promove um genocídio na região leste — onde está Donbas —, que precisa ser libertada. Durante os mais de 50 dias de guerra até aqui, foram registrados ataques a cidades ainda controladas pela Ucrânia na região leste.
A conquista de Donbas significa uma vitória na guerra, que poderia resultar em um novo território anexado à Rússia, a exemplo da Crimeia, em 2014. Perdê-la indicaria um grande fracasso para a Ucrânia.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia avalia que uma enorme batalha pode acontecer em Donbas durante a guerra atual.
Zelensky acredita em apoio com ações
Na entrevista à CNN, Zelensky se mostrou descrente com o apoio de outros países à Ucrânia durante a guerra.
"A única crença que existe é acreditar em nós mesmos, em nosso povo, acreditar em nossas Forças Armadas e acreditar que os países vão nos apoiar não apenas com suas palavras, mas com suas ações", afirmou o presidente ucraniano.
Ele aproveitou para refazer um pedido que tem feito desde o início da guerra, por mais equipamentos militares. Zelensky rechaçou a ideia de que os militares ucranianos não saberiam usá-los.
"Estamos preparados para usar qualquer tipo de equipamento, mas ele precisa ser entregue com muita rapidez. E temos a capacidade de aprender a usar novos equipamentos. Mas precisa vir rápido", disse.
Em relação a uma conversa diplomática com a Rússia, Zelensky não descarta, mas questiona quais seriam as condições para o diálogo.
"Se houver uma oportunidade de falar, falaremos. Mas falar apenas sob um ultimato russo? Então se torna uma questão de atitude em relação a nós, não se dialogar é bom ou não", disse.
Rússia exige rendição em Mariupol
A Rússia exigiu a rendição dos soldados ucranianos que resistem em Mariupol, se comprometendo a poupar as vidas daqueles que abaixarem as armas. Mesmo após o horário limite para o ultimato, o primeiro-ministro da Ucrânia afirma que as forças armadas 'lutarão até o fim'.
O premiê Denys Shmygal, em entrevista transmitida pela televisão americana ABC neste domingo (17), negou que os russos tenham dominado a cidade: "Nossas forças militares, nossos soldados ainda estão lá. Eles vão lutar até o fim", disse.
Shmygal rejeitou as alegações de Vladimir Putin, presidente da Rússia, de que os russos estão vencendo a guerra.
"Nenhuma grande cidade caiu. Apenas [a cidade de] Kherson está sob o controle das forças russas, mas todas as outras cidades estão sob o controle da Ucrânia", insistiu Shmygal, especificando que mais de 900 municípios, incluindo a capital Kiev, permanecem livre da ocupação russa.
O chefe do Centro de Controle de Defesa russo, coronel general Mikhail Mizintsev, disse que "a todos aqueles [ucranianos] que depuserem as armas é garantido que suas vidas serão poupadas". De acordo com Mizintsev, combatentes ucranianos estão "numa situação desesperadora, praticamente sem comida e água".
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