Rússia ocupa 20% da Ucrânia, diz Zelensky; drone kamikaze é derrubado
A Rússia ocupa atualmente cerca de 20% do território da Ucrânia, disse hoje o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, ao Parlamento de Luxemburgo em um discurso por vídeo.
"Temos que nos defender contra quase todo o Exército russo. Todas as formações militares russas preparadas para o combate estão envolvidas nesta agressão", disse ele, acrescentando que as linhas de frente de batalha se estendem por mais de 1.000 quilômetros.
Hoje, a invasão russa ao território ucraniano chegou ao 99º dia. No oeste da Ucrânia, a região de Lviv foi alvo de um ataque com mísseis já nas proximidades da fronteira com a Polônia. Segundo o governador Maksym Kozytskyi, a infraestrutura ferroviária foi atingida nas cidades de Stryj e Sambir. Esta última fica a cerca de 50 quilômetros do território polonês.
"Quatro mísseis de cruzeiro inimigos foram disparados. Eles foram lançados do Mar Negro", disse Kozytskyi hoje. Ao menos cinco pessoas ficaram feridas. "As instalações ferroviárias foram severamente danificadas. Muitos trens estão atrasados", completou o governador, dizendo que a empresa ferroviária tenta reparar os danos.
A Ucrânia também registrou ataques em Sumy, no nordeste do país, e em áreas do leste, como Dnipropetrovsk, Kharkiv e Lugansk. Segundo o serviço de emergências da Ucrânia, a situação na região de Lugansk está perto de ficar "crítica". "O exército russo está atirando em todas as direções ao mesmo tempo."
O Ministério da Defesa da Ucrânia disse, hoje, que um drone kamikaze do exército russo foi derrubado. "A 128ª Brigada neutralizou o mais recente drone kamikaze russo", informou em comunicado. Até o momento, a Rússia não se manifestou sobre ter perdido o drone.
O drone abatido foi desenvolvido pela empresa Kalashnikov. "Ele pode pairar no ar e atacar o alvo com um mergulho vertical", disse a Defesa ucraniana, citando que, "após o lançamento, [ele] não retorna ao operador", mas atinge alvos mergulhando ou explodindo.
Mercenários "destruídos" e em fuga
O Ministério da Defesa da Rússia, em relatório divulgado hoje, disse que, "desde o início de maio, o fluxo de mercenários estrangeiros para a Ucrânia para participar das hostilidades contra as forças armadas russas praticamente secou". Os russos estimam que o número tenha caído de 6,6 mil para 3,5 mil combatentes. A informação não pôde ser verificada com fontes independentes.
Segundo o ministério, "centenas de mercenários estrangeiros na Ucrânia foram destruídos por armas russas", dizendo ainda que a maioria deles "foi destruída na zona de combate devido ao baixo nível de treinamento e à falta de experiência real de combate".
A Defesa russa disse ainda que os mercenários que são capturados comentam "que foram sacrificados em primeiro lugar" em suposto esforço das forças ucranianas "para reduzir a perda de seus militares". Assim, "um número significativo de mercenários prefere deixar o território da Ucrânia o mais rápido possível", comentou o ministério russo, que também alegou que a Ucrânia estaria impedindo-os de irem para o exterior.
Ao mesmo tempo, porém, a Rússia disse que os ucranianos estariam buscando "garantir proteção legal aos mercenários", listando-os como militares de suas forças ou "emitindo novos passaportes de cidadãos da Ucrânia". Até o momento, o governo ucraniano não se pronunciou sobre a manifestação do ministério russo.
Rússia precisa de "pausa"
A inteligência do Ministério da Defesa do Reino Unido, em relatório divulgado hoje, que é "provável que a Rússia precise de pelo menos uma pequena pausa tática para redefinir as travessias de rios" para avançar para a região de Donetsk, "onde as forças armadas ucranianas prepararam posições defensivas".
Os britânicos, aliados dos ucranianos, lembram que "a Rússia assumiu o controle da maior parte de Sievierodonetsk", cidade da região de Lugansk, e que os russos continuam "a obter ganhos locais constantes, possibilitados por uma forte concentração de artilharia". "Isso não foi sem custo, e as forças russas sofreram perdas no processo."
Donetsk e Lugansk são pontos principais das ações russas neste momento da guerra. "Atravessar o rio Donets —que é uma barreira natural para seus eixos de avanço— é vital para as forças russas enquanto protegem a região de Luhansk e se preparam para mudar o foco para Donetsk", disse a inteligência da Defesa do Reino Unido.
Prisões e execução
Em Mariupol, cidade portuária no sudeste da Ucrânia que foi tomada pelos russos, voluntários e funcionários ucranianos estariam sendo presos ou até sendo executados. "Todos se recusaram a cooperar com os colaboradores e as autoridades de ocupação", disse o prefeito ucraniano da cidade, Vadym Boychenko.
"Pelo menos um funcionário público foi executado por fuzilamento. Dezenas de voluntários também estão detidos", completou o prefeito, também mencionando que haveria casos de tortura. "Em março e abril, eles ajudaram a evacuar os moradores de Mariupol e tentaram entregar comida e água para a cidade bloqueada."
As informações não puderam ser verificadas com fontes independentes.
Solidariedade de Merkel
A ex-chanceler alemã Angela Merkel expressou solidariedade à Ucrânia no que ela descreveu como uma "guerra bárbara" com a Rússia. A declaração ocorreu em um evento ontem, depois de meses de silêncio, segundo a agência Reuters. "Minha solidariedade vai para a Ucrânia", disse Merkel.
Falante de russo fluente depois de crescer na antiga Alemanha Oriental comunista, Merkel foi criticada pelos Estados Unidos e outros por apoiar o planejado gasoduto Nord Stream 2, projetado para entregar gás russo diretamente à Alemanha. O sucessor de Merkel, Olaf Scholz, engavetou o projeto. A ex-chanceler ficou no cargo entre 2005 e 2021.
(Com DW e Reuters)
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