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Kremlin diz não esperar mais cortes de gás para clientes europeus

Porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em São Petersburgo - Evgenia Novozhenina/Reuters
Porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em São Petersburgo Imagem: Evgenia Novozhenina/Reuters

Colaboração para o UOL*

09/06/2022 08h00Atualizada em 09/06/2022 08h00

O Kremlin disse hoje que não espera que a Gazprom, empresa de energia da Rússia, corte o fornecimento de gás a mais nenhum cliente europeu, acrescentando que o mecanismo para fazer com que os compradores paguem por seu gás em rublos estava funcionando como pretendido.

A Gazprom cortou o fornecimento para alguns países europeus que se recusaram a fazer pagamentos pelo gás russo em rublos sob um novo mecanismo que o Kremlin criou em resposta às sanções ocidentais impostas por causa da invasão da Ucrânia pela Rússia.

A economia da Rússia terá uma contração de 15% neste ano e de 3% em 2023, conforme o impacto das sanções ocidentais, um êxodo de empresas e o colapso nas exportações eliminam 15 anos de ganhos econômicos, disse o Instituto de Finanças Internacionais (IIF).

Em relatório sobre a economia russa após a invasão da Ucrânia por Moscou, em 24 de fevereiro, IIF disse que não espera um cessar-fogo na guerra e que é provável que as sanções sejam ampliadas e reforçadas nos próximos meses.

As medidas restritivas impostas pelo Ocidente após a invasão desencadearam a "desintegração total de 30 anos de investimento", disse Elina Ribakova, vice-economista-chefe do IIF, a repórteres durante uma entrevista coletiva nesta quarta-feira.

Enquanto a economia da Rússia desacelera acentuadamente e o poder de compra dos russos encolhe, um aumento nos preços do petróleo e do gás —principais produtos da pauta de exportação nacional— elevou o superávit em conta corrente do país para níveis recordes nos últimos meses.

Consequências do corte russo

Cada país da Europa tem um nível de dependência do gás russo, então quanto maior for a participação do item no consumo do país, maior será a ameaça de impacto econômico, diz Eduardo Mello, especialista em relações internacionais da FGV (Fundação Getúlio Vargas).

"Alguns desses países que são dependentes da importação de gás natural da Rússia investiram muito na infraestrutura para receber petróleo e gás. E uma parte relevante do parque industrial dessas economias depende diretamente dessa fonte de energia. Então, a redução ou mesmo o encarecimento do gás natural já vão atingir o PIB desses países", explica.

Caso os russos cortem todo o fornecimento do produto para o bloco europeu, a região ainda poderia sobreviver no próximo inverno, mas não seria de uma forma fácil ou barata, de acordo com o relatório da Bruegel, divulgado no dia 28 de fevereiro.