Sri Lanka tem invasão de TV e de sede oficial após fuga de presidente; veja
O Sri Lanka, país insular ao sul da Índia, vive meses de protestos, que culminaram na invasão da sede do governo e do canal de TV estatal por manifestantes.
Hoje, o presidente Gotabaya Rajapaksa, fugiu para as Maldivas. O país declarou estado de emergência e o primeiro-ministro, Ranil Wickremsesinghe, foi nomeado presidente interino.
Veja o que está acontecendo no Sri Lanka:
Crise econômica
O Sri Lanka enfrenta uma das piores crises econômicas desde a sua independência, em 1948. Há escassez de alimentos e combustível, longos apagões e inflação crescente após o país ficar sem reserva de moedas estrangeiras para importações.
A tensão e o descontentamento aumentaram na ilha no final de março, quando as autoridades impuseram cortes de energia de mais de 13 horas, o que levou a população a sair às ruas para exigir a demissão do governo. Desde então, centenas de manifestantes se instalaram nas proximidades da sede do governo na capital Colombo, e protestos são constantes em todo o país.
Em maio, pela primeira vez na história, o Sri Lanka deixou de pagar sua dívida externa de US$ 51 bilhões e está em negociações de resgate com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
As autoridades também proibiram a venda de gasolina e diesel para consumidores privados, pedindo que a população de 22 milhões trabalhe remotamente. As escolas fecharam.
O governo atribui as dificuldades à pandemia, que freou o setor de turismo, um dos mais importantes da economia local. Entretanto, o país importa US$ 3 bilhões em produtos a mais por ano do que exporta, motivo pelo qual as reservas de moeda estrangeira teriam acabado.
Fuga do presidente
No último fim de semana, o presidente do país, Gotabaya Rajapaksa já havia prometido que renunciaria ao cargo, após milhares de pessoas invadirem a residência oficial na capital Colombo. Ele estava escondido desde então.
Nesta manhã, ele, a esposa e dois guarda-costas embarcaram em uma aeronave militar, e pousaram em Malé, capital das Maldivas.
Como ainda não renunciou ao cargo, ele tem imunidade. Acredita-se que ele queria ir para o exterior antes de deixar a função para evitar a possibilidade de ser preso por um novo governo. A família de Rajapaksa governava o Sri Lanka há décadas.
Festa popular na residência oficial
Rajapaksa deixou a residência oficial na última sexta-feira (9), após o anúncio de que haveria protestos no fim de semana.
Isso não impediu, porém, que os manifestantes marchassem rumo à casa do presidente para reivindicar que ele renunciasse. Imagens mostram milhares de pessoas cercando o local.
Depois que conseguiram entrar, os cingaleses fizeram a festa dentro da mansão da era colonial. Vídeos publicados nas redes sociais exibem pessoas nadando na piscina, tocando piano e até tomando banho no chuveiro e dormindo no sofá.
Invasão da TV estatal
Hoje, mais cingaleses insatisfeitos conseguiram entrar na sede do principal canal de televisão público do país e apareceram por alguns minutos no ar.
Um homem não identificado entrou no estúdio do canal Rupavahini durante uma transmissão ao vivo e afirmou que só deveriam ser exibidas notícias relacionadas com os protestos.
A transmissão foi interrompida e substituída por um programa gravado.
O que acontece agora
O presidente do Parlamento, Mahinda Yapa Abeywardena, disse em declaração por vídeo que conversou por telefone com o presidente nesta quarta-feira, e que Rajapaksa lhe garantiu que enviará uma carta de renúncia até o final do dia.
Nomeado presidente interino durante a ausência de Rajapaksa, o premiê Wickremesinghe também assume automaticamente o cargo em caso de renúncia do presidente, mas ele próprio anunciou sua disposição de renunciar se houver consenso sobre a formação de um governo de unidade.
O processo de sucessão pode levar entre três dias - o tempo mínimo necessário para o parlamento eleger um deputado para assumir o mandato de Rajapaksa, que termina em novembro de 2024 - e um máximo de 30 dias permitidos pelo estatuto.
É provável que o presidente do Parlamento assuma o comando do país até que um novo presidente seja eleito. A votação deve ocorrer no dia 20 de julho.
O líder do principal partido da oposição, Sajith Premadasa, que perdeu as eleições presidenciais de 2019 para Rajapaksa, disse que disputará o cargo. Alguns membros do atual partido no poder também sugeriram a ideia de Wickremesinghe concorrer oficialmente à presidência.
A ideia, porém, não agrada os manifestantes, que invadiram o gabinete do primeiro-ministro e pediram que ele renuncie também.
O primeiro-ministro Wickremesinghe, designado como presidente interino pelo Parlamento, pediu ao exército e à polícia que "façam o necessário para restabelecer a ordem", em um discurso exibido na TV. "Os manifestantes querem impedir que eu cumpra minhas responsabilidades como presidente interino. Não podemos permitir que os fascistas tomem o controle", disse.
*Com Deutsche Welle e AFP
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