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Presidente do Sri Lanka deixa país em avião militar com destino às Maldivas após protestos

3.jan.2020 - O presidente do Sri Lanka, Gotabaya Rajapaksa, em seu primeiro discurso político no parlamento nacional. - Ishara S. KODIKARA/AFP
3.jan.2020 - O presidente do Sri Lanka, Gotabaya Rajapaksa, em seu primeiro discurso político no parlamento nacional. Imagem: Ishara S. KODIKARA/AFP

Da AFP

12/07/2022 19h51Atualizada em 12/07/2022 19h51

O presidente do Sri Lanka, Gotabaya Rajapaksa, deixou o país na madrugada desta quarta-feira (13, noite de sábado 12 no Brasil) em um avião militar com destino às Maldivas, um provável prelúdio de sua renúncia após meses de protestos generalizados sobre a pior crise econômica da história nacional.

Após milhares de manifestantes invadiram a residência oficial do presidente no último sábado, Rajapaksa prometeu que renunciaria e abriria o caminho para uma "transição pacífica" do poder.

Rajapaksa beneficia-se de imunidade presidencial e pode usá-la para buscar refúgio no exterior e não ser detido em seu país.

O presidente de 73 anos, sua esposa e um guarda-costas deixaram o país a bordo de um avião Antonov-32 que decolou do principal aeroporto internacional, disseram autoridades da imigração à AFP.

"Seus passaportes foram carimbados e eles embarcaram no voo especial da força aérea", disse um funcionário da imigração.

O avião ficou mais de uma hora na pista sem poder decolar após uma confusão sobre a permissão para pousar nas Maldivas, segundo autoridades do aeroporto. Este arquipélago encontra-se ao sudoeste do Sri Lanka, no Oceano Índico.

Poucas horas antes, Rajapaksa havia considerado a possibilidade de deixar o país em um barco de patrulha da marinha, já que no dia anterior não conseguiu pegar um avião para Dubai após uma briga com o serviço de imigração no aeroporto, segundo fontes oficiais.

No fim de semana, o presidente fugiu de sua residência sob pressão de milhares de manifestantes que finalmente invadiram o complexo presidencial.

Sala VIP

O chefe de Estado e sua esposa passaram a noite anterior à viagem que pretendiam fazer a Dubai em uma base militar, segundo fontes oficiais.

No aeroporto, porém, os funcionários do serviço de imigração negaram acesso à sala VIP para carimbar seu passaporte. Rajapaksa queria evitar o terminal público por medo da reação dos cingaleses.

Seu irmão Basil, que pediu demissão em abril do cargo de ministro das Finanças, também não conseguiu embarcar no avião com destino a Dubai.

"Alguns passageiros protestaram contra o embarque de Basil em seu voo", afirmou à AFP um funcionário do aeroporto.

"Foi uma situação tensa e ele decidiu abandonar o aeroporto de forma precipitada", acrescentou.

Dinheiro em espécie

Basil, que também tem nacionalidade americana, precisou obter um novo passaporte depois que deixou o seu na mansão presidencial quando a família foi obrigada a fugir antes da invasão da multidão furiosa, afirmou uma fonte diplomática.

De acordo com fontes oficiais, na residência foram encontradas uma mala repleta de documentos e 17,85 milhões de rupias (50.000 dólares), que foram entregues às autoridades.

Se Rajapaksa renunciar como prometeu, o primeiro-ministro Ranil Wickremesinghe o substituirá até que o Parlamento escolha um presidente interino para o restante de seu mandato, que termina em novembro de 2024.

Mas Wickremesinghe também não goza de legitimidade diante dos manifestantes, que estão acampados em frente à secretaria presidencial há mais de três meses para exigir a renúncia do presidente.

O primeiro-ministro anunciou sua disposição de renunciar se for alcançado um consenso para formar um governo de unidade.

Rajapaksa é acusado de péssima gestão da economia, o que levou o país a um cenário de caos e uma crise profunda por falta de divisas, o que torna impossível financiar as importações de produtos essenciais para a população de 22 milhões de habitantes.

O Sri Lanka declarou moratória da dívida de 51 bilhões de dólares em abril e está em negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para receber um empréstimo.

Além disso, o país quase esgotou suas reservas de combustível e o governo ordenou o fechamento das administrações não essenciais e das escolas para reduzir os deslocamentos.