Há mais de uma tipo de Tiranossauro? Debate causa rebuliço entre cientistas
"Rei" do mundo dos dinossauros, o Tiranossauro rex enfrenta uma "crise de identidade" depois que pesquisadores recomendaram uma nova divisão para os gigantes répteis, dividindo o gênero em três espécies.
A questão virou alvo de disputa na comunidade científica desde fevereiro, quando a proposta de reclassificação foi proposta na publicação Evolutionary Biology. Em vez de apenas um "rei lagarto", a pesquisa afirma que existia uma família de predadores gigantes, incluindo espécies diferentes que, hoje, são classificadas apenas como T. rex.
As outras duas espécies não reconhecidas seriam uma variação mais musculosa e antiga do T. rex, o T. imperator, e a "rainha" da família, com proporções mais modestas, T. regina.
Mas a proposta não agradou alguns setores da comunidade científica, em uma discussão que ganhou um novo capítulo na segunda-feira (25).
Sete paleontólogos publicaram uma pesquisa, em resposta a de fevereiro, afirmando que a primeira oferece evidências "insuficientes" de que existem três espécies de tiranossauros.
Os cientistas questionaram o método dos colegas, que se basearam em fósseis do dinossauro mais famoso do mundo para indicar a divisão, afirmando que eles utilizaram "métodos estatísticos impróprios, amostras comparativas limitadas e medições incorretas" para defender a suposta reclassificação.
O T. rex é a única espécie do gênero tiranossauro reconhecida pela ciência desde que o dinossauro foi descrito pela primeira vez, em 1905.
"As evidências precisam ser convincentes, e dividir de repente um animal tão icônico como o T. rex em diferentes espécies requer uma alta carga de provas. É verdade que há variação no tamanho e forma dos ossos do T. rex, mas em nosso novo estudo mostramos que essa variação é mínima", disse o paleontólogo da Universidade de Edimburgo Steve Brusatte, coautor do novo estudo publicado também na revista Evolutionary Biology.
Os pesquisadores responsáveis pela pesquisa que defendeu a divisão disseram que as novas espécies deveriam ser reconhecidas com base na variação de espessura do fêmur e no formato dos dentes inferiores em uma comparação feita entre fósseis de três dezenas de espécimes de tiranossauro.
Philip Currie, um paleontólogo que não está envolvido em nenhum dos dois estudos, apontou em entrevista ao The New York Times que o maior problema da teoria de uma nova divisão é que a amostragem de tiranossauros é pequena em comparação com a quantidade de indivíduos normalmente analisados em pesquisas do tipo.
Quando a análise é feita em populações que ainda existem, o espaço amostral é "gigantesco".
"O problema fundamental é que por mais que as 100 espécimes de Tiranossauros possam parecer muito, não é nem de perto o suficiente", explicou Currie, doutor pela Universidade de Alberta, no Canadá.
Essas limitações de dados, com paleontólogos trabalhando com "quebra-cabeças" em forma de fragmentos, já atingiram outras espécies de dinossauros. O gênero Triceratops foi dividido em duas espécies diferentes em 1996, após 16 espécies diferentes terem sido sugeridas desde 1889, quando o gênero foi estabelecido.
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