Raríssimo e vale milhões: o que é o ovo Fabergé apreendido em iate russo
Um ovo Fabergé foi encontrado por autoridades norte-americanas em um iate de um oligarca russo em Fiji. Informações da imprensa internacional dizem que o veículo apreendido pertencia a Suleiman Kerimov, que sofreu sanções ocidentais depois do começo do conflito entre Rússia e Ucrânia.
Por conta disso, sua embarcação de US$ 300 milhões (cerca de R$ 1,6 bilhão na cotação atual) foi confiscada e levada para San Diego, Estados Unidos, no fim de junho. O possível objeto de luxo estava dentro da lancha de grande porte.
De acordo com o jornal norte-americano The Daily Beast, a procuradora-geral adjunta dos EUA, Lisa Monaco, comentou que a parte mais curiosa dessa apreensão foi terem encontrado um possível ovo Fabergé na embarcação, um dos poucos remanescentes no mundo.
Lisa também disse que os EUA estão buscando, junto a autoridades de todo o mundo, procurar e apreender iates, e que o Departamento de Justiça pediu ao Congresso que todo o valor dos produtos encontrados seja repassado à Ucrânia.
Se autenticado, o ovo seria um colecionável inestimável e um dos últimos exemplos sobreviventes conhecidos desses objetos de arte icônicos produzidos na Rússia entre 1885 e 1917.
Itens que envolvem tradição, luxo e história
Os ovos Fabergé são criações de luxo produzidas entre os séculos 19 e 20 pelo joalheiro Peter Carl Fabergé, de origem germano-báltica, e seus assistentes. O papel deles na cultura e na história da Rússia é complexo. Eles foram concebidos como presentes para a família imperial, e, como tal, tiveram que ser feitos com os melhores materiais, em detalhes exatos, e com arte que agradaria até mesmo o olhar mais perspicaz.
Os objetos têm sido sinônimo de riqueza e luxo desde que começaram a ser feitos para o czar Alexandre III, em 1885. O objetivo principal era presentear sua esposa, Maria, e isso acabou se tornando tradição durante trinta anos, sendo produzidos apenas 56 exemplares para a família imperial. Atualmente, não se sabe quantos sobreviveram ao tempo e nem o paradeiro de casa.
Inspirado na Europa renascentista, Fabergé foi contra modas tradicionais do período, apresentando fantasias delicadas para atrair o czar e a família dele. Sob esse patrocínio, o pintor e a sua empresa, a Casa de Fabergé, se tornaram um dos impérios de joalheria mais poderosos do mundo.
O catalisador para essa expansão econômica do local foi essa série de presentes de Páscoa em forma de ovo para as matriarcas Romanov.
Encomendado primeiro pelo czar Alexandre, o presente pascoal em forma de ovo com um elemento surpresa em seu interior, como um relógio ou uma miniatura, foi criado sem preocupação de preço. A beleza e o mistério destes presentes capturaram não apenas o interesse do palácio real, mas também o fascínio do mundo.
Embora criados apenas para uso da família Imperial, com o passar do tempo muitos começaram a ser vendidos por seus criadores devido a dificuldades financeiras. Hoje, estas obras-primas são cobiçadas por colecionadores em todo o mundo.
Localização e preços dos objetos mágicos ao redor do mundo
Os preços dos ovos Fabergé aumentaram ao longo das décadas e agora alcançam grandes somas em leilão. Em 2002, o "Winter Egg" foi vendido a um licitante por telefone anônimo por US$ 9,6 milhões (R$ 52.793.280 na cotação atual) na Christie's, uma das empresas de arte mais importantes do mundo, localizada em Nova York.
Cinco anos depois, um ovo de esmalte e ouro com um galo cravejado de diamantes foi vendido por um recorde de 9 milhões de libras (na época, US$ 18,5 milhões, ou seja, R$ 101.737.064,13 na cotação atual) na mesma casa de leilões em Londres.
Para diferenciar um ovo Fabergé de uma réplica, é necessário ressaltar que cada um dos designs únicos dos verdadeiros ovos apresentava camadas ricamente pigmentadas de esmalte de vidro, folha de ouro e metal trabalhado. Os itens feitos por Fabergé variam em tamanho, de três a cinco polegadas de altura, e levaram de um a dois anos para serem concluídos.
Esses objetos raramente aparecem em leilão e hoje a maioria deles pode ser encontrada em museus e instituições públicas, de Moscou a Cleveland. As maiores coleções são mantidas pelo Arsenal do Kremlin e pelo Museu Fabergé em São Petersburgo, que abrigam 10 unidades, cada.
Os itens desaparecidos continuam a ser uma fonte de intriga contínua. Em 2015, um ovo Fabergé de ouro ressurgiu quando um negociante de sucata o encontrou em um mercado de pulgas no meio-oeste americano. Dentro havia um intrincado relógio de ouro. Tendo comprado o objeto por US$ 14.000 (R$ 76.987,40 na cotação atual) o homem foi inicialmente informado de que o ouro valia menos do que ele havia pago.
Até que ele pesquisou o nome na parte de trás do relógio - Vacheron Constantin - e ele descobriu que tinha posse do Terceiro Ovo de Páscoa Imperial, projetado pela Casa de Fabergé para o czar Alexandre III em 1887 e que vale preço estimado em US$ 33 milhões.
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