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Tubarão do Ártico que vive 400 anos intriga cientistas ao surgir em Belize

O tubarão da Groenlândia descoberto em Belize - Devanshi Kasana
O tubarão da Groenlândia descoberto em Belize Imagem: Devanshi Kasana

Colaboração para o UOL, de Santo André (SP)

28/07/2022 04h00

Um grande mistério intrigou os cientistas na última semana: um tubarão que pouco enxerga e pode viver 400 anos, raramente flagrado por humanos, foi encontrado a milhares de quilômetros de distância de onde vive. Afinal, o que esse predador associado ao Ártico estava fazendo em Belize, na América Central?

Enquanto pesquisavam na costa de Belize, Devanshi Kasana, Ph.D. candidato no laboratório de Ecologia e Conservação de Predadores da Universidade Internacional da Flórida, estava trabalhando com pescadores locais de Belize para pesquisar tubarões-tigre quando a descoberta foi feita, segundo o DailyStar.

Ele e sua equipe de pescadores viram o animal, que deve ter partido da Groenlândia e vagado por águas quentes. Essa foi a primeira vez que essa espécie é encontrada nas águas ocidentais do Caribe, na segunda maior barreira de corais do mundo.

Segundo o portal de ciências Phys.org, eles haviam passado por longa noite de pesca. Ao amanhecer, o tempo piorou. Tempestades se acumulavam no horizonte e a equipe fez uma última verificação de suas linhas marítimas. Embora não tivessem encontrado o tubarão-tigre que estavam procurando, avistaram uma criatura que definiram como "preguiçosa".

Parecia um animal velho, similar a uma pedra alongada e lisa, que se mexeu diante deles. O tubarão em questão tem um focinho achatado e pequenos olhos de cor azulada pálida. Juntas, essas pistas levaram os cientistas a pensar que era um membro da família de tubarões "dorminhocos" (Somniosus pacificus).

Como ele foi parar tão longe?

Kasana ressalta que não esperava achar esse tipo de predador em meio à pesca. "No começo, eu tinha certeza de que era outra coisa, como um tubarão de seis guelras que é bem conhecido das águas profundas dos recifes de coral", confessa.

Kasana levou suas descobertas a vários especialistas em tubarões da Groenlândia (Somniosus microcephalus) que concordaram que era mais provável que fosse um animal de lá ou até um híbrido entre o tubarão da Groenlândia e o tubarão do Pacífico. O mais difícil de entender é como o ele viajou tanto para sair de onde normalmente viveria, no Ártico, o que segue um mistério para eles.

Os tubarões da Groenlândia são extremamente raros e, devido à natureza extrema de seus ambientes, os cientistas ainda não conseguiram estudá-los com muita profundidade.

Mesmo sendo um enigma para a ciência o que se sabe sobre eles é que são uma espécie com movimento lento também e de crescimento desacelerado: estima-se que eles vivam mais de 400 anos, alimentando-se de carcaças — muitas vezes de ursos polares. Sua longevidade os torna os vertebrados de vida mais longa conhecidos pela ciência.

Outro detalhe é que, por costumarem habitar águas profundas, eles têm a visão muito pouco eficiente, sendo quase cegos.