Presidente da Câmara dos EUA deve ir a Taiwan, mesmo após ameaça da China
A presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, irá incluir Taiwan no itinerário de sua viagem à Ásia, afirmaram fontes do governo de Joe Biden à CNN e ao jornal The New York Times — uma decisão que pode inflar tensões entre os EUA e a China, que considera a ilha parte de seu território.
Nos planos públicos de Pelosi, está confirmada sua passagem por Singapura, Malásia, Coreia do Sul e Japão. Autoridades dos EUA relataram que a passagem por Taiwan não está detalhada na agenda por questões de segurança, já que Nancy Pelosi é a terceira na linha sucessória presidencial dos EUA.
O presidente americano, Joe Biden, se opôs à visita de Pelosi a Taiwan devido aos recentes avisos de que o país de Xi Jinping não veria a visita com bons olhos. No entanto, fontes do governo americano disseram ser "improvável" que ela mude de ideia em relação à visita à ilha. Se a parada se concretizar, ela será a primeira presidente da Câmara dos EUA a visitar o local em 25 anos.
Hoje, o ministério chinês das Relações Exteriores advertiu, durante sua coletiva diária, que a presença da democrata "ameaçaria seriamente a paz e a estabilidade" da região.
"Se a presidente da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, visitar Taiwan, a China adotará contramedidas firmes e decididas para defender sua soberania e integridade territorial", disse o porta-voz do ministério, Zhao Lijian, sem detalhar os planos.
O gabinete de Pelosi só confirmou a viagem ao continente asiático depois que a líder democrata já havia decolado, após dias de especulações e recusas a confirmar o itinerário.
"A viagem se concentrará na segurança mútua, associação econômica e na governança democrática na região do Indo-Pacífico", afirmou o gabinete em um comunicado.
"Nossa delegação terá reuniões de alto nível para discutir como podemos seguir avançando em nossos interesses e valores compartilhados, incluindo a paz e a segurança, o crescimento econômico e o comércio, a pandemia de covid-19, a crise climática, os direitos humanos e a governança democrática", destacou Pelosi no texto.
A China considera Taiwan uma de suas províncias que ainda não conseguiu ser reunificada ao restante do seu território desde o fim da guerra civil chinesa. Pequim cita reiteradamente a possibilidade de recuperar o território, inclusive pela força se considerar necessário.
O governo chinês se opõe a qualquer iniciativa que conceda legitimidade internacional às autoridades taiwanesas e a qualquer contato oficial entre Taiwan e outros países.
"Não brinquem com fogo"
O governo dos Estados Unidos mantém uma "ambiguidade estratégica" sobre se as tropas do país atuariam em um conflito. No plano diplomático, Washington reconhece Pequim e não Taipé, mas respalda o governo democrático de Taiwan e se opõe a uma mudança à força no status da ilha.
Na quinta-feira, os presidentes da China e dos Estados Unidos tiveram uma conversa telefônica tensa, durante a qual Xi Jinping disse a Joe Biden que o governo americano não deveria "brincar com fogo" no que diz respeito a Taiwan.
Segundo a Casa Branca, Biden afirmou que mantém sua política para Taiwan — ou seja, o respeito formal à ideia de "uma só China" que norteia as relações entre os países, mas também o apoio a Taipé. O governo de Biden afirmou também rejeitar "iniciativas unilaterais" que desestabilizem a região, o que serve tanto para Xi quanto para Pelosi.
A democrata tem um histórico de críticas contra o governo chinês e apoiou os manifestantes pró-democracia em Hong Kong nos anos recentes. Em 1991, ela esteve na Praça da Paz Celestial, local do massacre de 1989 em Pequim, com um pequeno cartaz que homenageava "aqueles que morreram pela democracia", dizia o texto.
O governo de Taiwan não se pronunciou até o momento, e a possibilidade de uma visita de Pelosi teve cobertura mínima na imprensa local.
*Com informações da AFP
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