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Reino Unido: Liz Truss é escolhida nova 1ª ministra e quer cortar impostos

Do UOL*, em São Paulo

05/09/2022 08h38Atualizada em 05/09/2022 11h35

Liz Truss foi escolhida como líder do Partido Conservador e será a nova primeira-ministra do Reino Unido. Com isso, Truss irá substituir Boris Johnson, que renunciou no início de julho.

O cargo foi disputado na reta final entre Truss, atual secretária de Relações Exteriores, e o ex-ministro das Finanças Rishi Sunak. A votação foi feita entre 170 mil integrantes do Partido Conservador em todo o Reino Unido, e o resultado foi anunciado hoje.

Liz Truss obteve 81.326 votos, enquanto Sunak conseguiu 60.399.

Truss deve assumir oficialmente como premiê apenas amanhã, após viajar a Balmoral, na Escócia, para encontrar-se com a rainha Elizabeth 2ª e, junto a Boris Johnson, realizar formalmente a transferência do cargo.

Depois, o principal desafio da quarta primeira-ministra dos Conservadores desde 2015 será enfrentar a crise econômica que atinge o Reino Unido, com inflação de 10% — algo inédito nos últimos 40 anos.

Liz Truss agradece a Boris Johson e diz que irá enfrentar aumento no custo de vida. Em seu discurso, a nova líder do Partido Conservador agradeceu ao seu antecessor por conseguir concluir o Brexit — processo de saída do Reino Unido da União Europeia —, por conduzir os britânicos pela pandemia de covid-19 e por "enfrentar Vladimir Putin" — o premiê se colocou como um forte crítico do presidente russo em relação à guerra na Ucrânia.

A futura premiê também prometeu combater a crise energética, causada tanto pelo aumento dos preços como pela insegurança em relação ao fornecimento no inverno, já que houve redução do gás natural proveniente da Rússia.

Liz Truss também fez elogios aos Conservadores, prometeu entregar resultados que convertam em votos para o partido nas eleições parlamentares de 2023 e alfinetou Jeremy Corbyn, ex-líder do Partido Trabalhista.

Em uma publicação no Twitter, Liz Truss se diz "honrada" com a votação e prometeu ao eleitorado ações incisivas para "conduzir todos nós por esses tempos difíceis, fazer nossa economia crescer e libertar o potencial do Reino Unido".

Johnson, ex-premiers e Sunak cumprimentam Liz Truss. Nas redes sociais, ex-ocupantes do cargo que Truss irá assumir lhe deram os parabéns pela vitória.

O candidato derrotado Rishi Sunak agradeceu de forma sucinta ao apoio dos que votaram por ele nas eleições e conclamou que todos se unam a Truss, discurso que tem sido comum entre os Conservadores após os últimos escândalos de Boris Johnson.

Eu disse ao longo da campanha que os conservadores são uma família. É certo que agora nos unimos em torno da nova premiê, Liz Truss, enquanto ela conduz o país em tempos difíceis. Rishi Sunak, derrotado na campanha para se tornar primeiro-ministro

Boris Johnson começou a publicação com uma espécie de despedida do cargo, agradecendo pelos três anos em que esteve à frente do governo britânico e destacando feitos também citados por Truss, como o Brexit e o apoio à Ucrânia na guerra contra a Rússia. Depois, pediu que o partido apoie a nova líder "100%".

Eu sei que ela [Liz Truss] tem o plano certo para enfrentar a crise do custo de vida, unir nosso partido e continuar o grande trabalho de unir e impulsionar nosso país. Boris Johnson, primeiro-ministro que será substituído por Truss

Parabéns, Liz Truss. Nós, Conservadores, devemos agora trabalhar juntos para encarar os desafios que nosso país enfrenta. Lidar com o custo de vida, entregar para os necessitados e gerir as finanças públicas de forma responsável. Espero apoiar o governo nessa tarefa Theresa May, ex-primeira-ministra

Muitos parabéns à nova primeira-ministra Liz Truss. Neste momento de desafio e incerteza global, desejo boa sorte ao novo governo. Nunca esqueço o apoio que tive de todos os ex-líderes conservadores quando ganhei a votação em 2005 e espero que todos os conservadores se unam em torno da nova primeira-ministra. David Cameron, ex-primeiro-ministro

Truss é conhecida por ser voz crítica a políticas identitárias. Sem meias palavras e muito crítica aos movimentos de protestos sobre questões identitárias, a ministra das Relações Exteriores, de 47 anos, tornou-se muito popular nas bases do Partido Conservador.

Foi nomeada chefe da diplomacia como recompensa por seu trabalho como ministra do Comércio Internacional durante o Brexit, que resultou na saída do Reino Unido da União Europeia. Ela foi a segunda mulher a ocupar a secretaria de Relações Exteriores no Reino Unido.

Boris Johnson enfrentou escândalos até deixar o cargo. O então primeiro-ministro britânico anunciou sua renúncia após uma intensa crise no governo que fez com que mais de 50 membros, entre ministros, secretários e auxiliares, deixassem seus postos alegando "falta de confiança" em sua gestão.

A crise foi desencadeada após Boris admitir que cometeu um "erro" ao ter nomeado Chris Pincher para um cargo parlamentar importante. O político conservador foi acusado de assédio sexual e renunciou após admitir ter apalpado, quando estava embriagado, dois homens, incluindo um deputado, em um clube privado do centro de Londres.

Boris chegou a sobreviver ao voto de desconfiança movido pelo partido em junho, em decorrência do processo do chamado "partygate", que escandalizou o Reino Unido por de festas promovidas em Downing Street, sede do poder britânico, durante o lockdown nacional pela covid-19. Por isso, Boris Johnson estava imune a um novo voto de desconfiança por mais um ano. Mas essa garantia não foi o suficiente e o escândalo envolvendo Pincher levou o premiê a renunciar.

* Com informações de AFP e Reuters

Errata: este conteúdo foi atualizado
Uma versão anterior deste texto dizia que Jeremy Corbyn era o líder do Partido Trabalhista inglês, mas ele foi sucedido em abril de 2020 por Keir Starmer. O erro foi corrigido.