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Confrontos com o Azerbaijão matam 49 soldados da Armênia

13.set.2022 - O primeiro-ministro armênio Nikol Pashinyan discursa no parlamento após uma escalada nas hostilidades na região de Nagorno-Karabakh ao longo da fronteira da Armênia com o Azerbaijão - Tigran Mehrabyan/PAN Photo via REUTERS
13.set.2022 - O primeiro-ministro armênio Nikol Pashinyan discursa no parlamento após uma escalada nas hostilidades na região de Nagorno-Karabakh ao longo da fronteira da Armênia com o Azerbaijão Imagem: Tigran Mehrabyan/PAN Photo via REUTERS

Colaboração para o UOL*

13/09/2022 08h38Atualizada em 13/09/2022 13h33

A Armênia anunciou nesta terça-feira (13) a morte de pelo menos 49 soldados em confrontos na fronteira com o Azerbaijão, os combates mais violentos entre os países rivais desde a guerra de 2020 pela disputada região de Nagorno-Karabakh.

A Rússia, que reivindica o papel de árbitro no Cáucaso e que mantém tropas de manutenção da paz mobilizadas na região, afirmou que negociou um cessar-fogo entre os dois países, que entrou em vigor às 6H00 GMT (3H00 de Brasília), mas a informação não foi confirmada até o momento por Baku ou Yerevan.

"No momento, temos 49 mortos e, lamentavelmente, não é o número definitivo", disse o primeiro-ministro armênio Nikol Pashinyan ao Parlamento.

Armênia e Azerbaijão, duas ex-repúblicas soviéticas rivais do Cáucaso, travaram duas guerras nas últimas três décadas pelo controle da região de Nagorno-Karabakh, a última delas em 2020.

Os novos combates, que explodiram na segunda-feira à noite, demonstram como a situação é volátil e ameaçam acabar com o frágil processo de paz mediado pela União Europeia.

O Azerbaijão reconheceu "baixas" nos confrontos, mas não divulgou um balanço.

Pashinian denunciou uma "agressão" do Azerbaijão e, em conversas telefônicas durante a noite, pediu uma reação do presidente russo Vladimir Putin, do presidente francês Emmanuel Macron e do chefe da diplomacia americana Antony Blinken.

Nas ligações, Pashinian disse que espera "uma resposta apropriada da comunidade internacional", afirmou um comunicado do governo armênio.

"Com esta escalada, o Azerbaijão está minando o processo de paz" em curso entre Yerevan com a mediação da União Europeia, disse o primeiro-ministro armênio.

Ele acrescentou que a intensidade das hostilidades, que começaram pouco depois da meia-noite, "diminuiu durante a manhã".

Preocupação internacional

A diplomacia russa afirmou que um cessar-fogo está em vigor desde 6H00 GMT (3H00 de Brasília) e pediu que as duas partes "respeitem" o acordo.

A Rússia está "extremamente preocupada" com a retomada dos combates, acrescentou.

Pouco antes do anúncio da morte dos soldados, o ministério armênio da Defesa afirmou que o exército do Azerbaijão, apoiado por artilharia e drones, tentava entrar em seu território.

"As forças do Azerbaijão continuam usando artilharia, morteiros, drones e fuzis de grande calibre", indicou o ministério, que acusou o Azerbaijão de atacar "infraestruturas militares e civis".

O Azerbaijão acusou a Armênia de "atos subversivos em larga escala" e afirmou que os ataques das tropas de Yerevan provocaram "baixas" em suas fileiras.

A Armênia denunciou um "bombardeio intensivo" de suas posições pouco depois da meia-noite em várias localidades, incluindo Goris e Sotk.

O governo dos Estados Unidos expressou grande preocupação com a situação e pediu o fim imediato dos confrontos.

A França disse que levará o tema do conflito entre Armênia e Azerbaijão ao Conselho de Segurança da ONU.

Os países vizinhos travaram duas guerras, uma na década de 1990 e outra em 2020, ao redor do enclave azerbaijano com população armênia.

As seis semanas de combates em 2020 deixaram mais de 6.500 mortos e terminaram com um cessar-fogo mediado pela Rússia.

Sob o acordo, a Armênia cedeu partes do território que controlou durante décadas e Moscou enviou quase 2.000 soldados para supervisionar a frágil trégua.

*Com informações da AFP