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Fim da raça humana? Quais países podem desencadear uma guerra nuclear?

O risco de uma guerra nuclear existe, mas é considerado baixo - Getty Images/iStockphoto
O risco de uma guerra nuclear existe, mas é considerado baixo Imagem: Getty Images/iStockphoto

Colaboração para o UOL

18/09/2022 04h00

Muitos meses já se passaram desde o início da guerra na Ucrânia, e os países aliados do presidente Volodymyr Zelenski, como os Estados Unidos, continuam enviando dinheiro e armamento para o Leste Europeu, na tentativa de conter a invasão russa. Ao mesmo tempo, testes com armas nucleares, para exibir poderia militar de alta destruição, já foram feitos pelo governo Biden, pelo governo Putin, pela Coreia do Norte e pela China.

O medo de uma guerra nuclear não é algo novo e remonta à Guerra Fria, período pós-Segunda Guerra Mundial em que os EUA e a antiga União Soviética disputavam o controle econômico e armamentista mundial. Em diversos momentos, como na Crise dos Mísseis em Cuba e na Turquia, na década de 1960, a deflagração quase ocorreu.

EUA e a Rússia possuem bombas atômicas que podem ser acionadas a qualquer momento, mas não estão sozinhos. Atualmente, nove países no mundo têm esse tipo de arma de destruição total. São eles:

  • EUA
  • Rússia
  • Reino Unido
  • França
  • China
  • Índia
  • Paquistão
  • Coreia do Norte
  • Israel

Apenas os cinco primeiros podem oficialmente ter esse armamento. Isso foi definido em 1968, com a assinatura do TNP (Tratado de Não-Proliferação Nuclear). Os cinco países em questão foram os vencedores da Segunda Guerra Mundial e são membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).

Bombas atômicas nas mãos de EUA e Rússia

Um levantamento feito em fevereiro deste ano e divulgado pelo UOL mostrou que EUA e Rússia possuem 11.527 ogivas nucleares. São 5.977 no lado russo e 5.550 no lado norte-americano.

Juntos, os dois países controlam mais de 90% do total de bombas atômicas existentes no mundo.

"Isso é o suficiente para destruir toda a vida na Terra várias vezes", resumiu o pesquisador de rejeitos radioativos Júlio Oliveira, ao UOL News.

Os governos não divulgam os locais onde estão escondidas as ogivas nucleares. No entanto, segundo especialistas, a maior parte está instalada em submarinos, o que dificulta a sua localização.

Bombas espalhadas pelo mundo

Apesar de a Rússia ter, em tese, mais ogivas, os EUA mantêm o arsenal mais bem distribuído ao redor do mundo. De acordo com a FAS (Federação de Cientistas Americanos) e o Centro de Controle de Não Proliferação de Armas, os EUA têm cem bombas atômicas espalhadas pela Europa.

  • 15 bombas em Kleine Brogel, na Bélgica
  • 15 bombas em Büchel, na Alemanha
  • 20 bombas em Aviano, na Itália
  • 15 bombas em Ghedi, na Itália
  • 15 bombas em Volkel, na Holanda
  • 20 bombas em Incirlik, na Turquia

Inclusive, esse tema já foi abordado pelo governo russo durante a guerra na Ucrânia. Em março, em discurso na Conferência de Desarmamento das Nações Unidas, o chanceler Sergey Lavrov disse que a presença de armas nucleares norte-americanas em solo europeu é "inaceitável". E que chegou "a hora de serem retiradas".

Já o lado norte-americano sustenta que o posicionamento das armas é estratégico para a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e que se trata de uma "defesa coletiva" para os países que integram a aliança militar.

"Para garantir a segurança de seus aliados, os EUA espalharam um número limitado de armas B61 em determinados locais da Europa; as armas estão sob custódia e controle dos EUA em total conformidade com o NPT (Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, na sigla em inglês)", diz trecho do comunicado divulgado pela Otan.

Guerra improvável

Mesmo com tantas ogivas sob controle de cada país, uma guerra nuclear é considerada improvável.

"Uma guerra nuclear é altamente improvável. Isso não significa, no entanto, que um conflito armado convencional entre Estados específicos não venha a acontecer. Se de fato houver o uso da força, é provável que seja por meio não atômico", afirma o professor Vitelio Brustolin, pesquisador da Universidade Harvard e professor do Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense.

O professor explica que não é interessante para os países aumentarem a produção de armas nucleares. "Depois de um certo ponto, o aumento da quantidade implica em redundância, pois o arsenal conhecido atualmente já seria capaz de destruir o planeta", ressalta Brustolin.