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Míssil testado por Biden é recado de poder nuclear; veja do que ele é capaz

17/08/2022 09h54

O lançamento de um míssil balístico com alcance intercontinental, o Minuteman 3 (ICBM), da Força Aérea dos Estados Unidos, foi descrito pelo governo de Joe Biden como um teste de rotina sem ligação com eventos mundiais da atualidade. Mas o treinamento, realizado na madrugada desta terça-feira (16), soa como um recado: o país está pronto para o uso de armas nucleares.

Pelo menos essa é a tese que prevaleceu para a Rússia, aliada da China, que, segundo mostra reportagem da Folha de S. Paulo, acusou Washington de provocar deliberadamente o governo chinês. O teste já havia sido adiado para evitar tensões com o governo chinês após a visita de Nancy Pelosi a Taiwan.

Por outro lado, em comunicado oficial, a Força Aérea dos EUA afirmou que outros testes com mísseis desarmados já ocorreram centenas de vezes antes e servem para fornecer confiança na letalidade e eficácia da dissuasão nuclear do país.

"Este lançamento de teste faz parte das atividades rotineiras e periódicas destinadas a demonstrar que a dissuasão nuclear dos Estados Unidos é segura, confiável e eficaz para deter as ameaças do século 21 e tranquilizar nossos aliados", disse o comunicado estadunidense.

Mas, afinal, qual o real poder de fogo do míssil?

Disparado da Base da Força Espacial Vandenberg, na Califórnia, por volta da 0h49 desta terça-feira, o míssil percorreu quase sete mil quilômetros no oceano Pacífico até o Atol Kwajalein, nas Ilhas Marshall.

No entanto, no geral, um míssil Minuteman 3 tem poder de alcance de mais de 9,5 mil quilômetros, numa velocidade que pode chegar aos 24.000 km/h.

Os mísseis dessa classe possuem três motores, foguete de propulsão sólida e podem carregar até três ogivas nucleares capazes de atingir diferentes alvos ao mesmo tempo e a quilômetros de distância um do outro.

Ele é capaz de transportar até três cargas, mas leva uma única ogiva nuclear respeitando os acordos de controle de armas entre os Estados Unidos e a Rússia.

Possivelmente os mísseis estão equipados com um RV Mark 21 com auxiliares de penetração e ogiva de 300 a 475 quilotons nucleares (kT), que confere ao alvo um alto poder de destruição.

Conforme a AsapScience, quando uma bomba nuclear de 300 quilotons atinge seu alvo, as pessoas no centro da explosão (até 800 metros do local atingido pelo míssil) podem ser mortas imediatamente, enquanto outras podem sofrer queimaduras de até terceiro grau mesmo a quilômetros de distância.

Além do número incalculável de vidas em risco, ele é capaz de destruir cidades inteiras.

Intercontinental

Segundo dados oficiais da Força Aérea dos EUA, o Minuteman é um sistema de armas estratégicas que utiliza um míssil balístico de alcance intercontinental.

Esses mísseis ficam em silos reforçados para proteção contra ataques e estão conectados a um centro de controle de lançamento subterrâneo por meio de um sistema de cabos reforçados.

A equipe de lançamento é formada por dois militares e modernos sistemas de comunicação que possibilitam contato direto da equipe com o presidente e o secretário de Defesa dos EUA.

Assim, se a capacidade de comando for perdida entre o centro de controle de lançamento e as instalações remotas de lançamento de mísseis, aeronaves do centro de controle de lançamento aéreo especialmente treinadas para a missão assumem o comando e o controle do míssil sob a ordem presidencial.

Desde a primeira versão do Minuteman já se passaram quase 60 anos. Hoje, existem 400 unidades do Minuteman 3, distribuídas nas bases aéreas do país.

Sarmat, um concorrente à altura

O poder dos mísseis intercontinentais dos Estados Unidos encontram concorrência de peso no arsenal nuclear russo. Sabe-se que das quase 14 mil ogivas nucleares mundiais, ao menos 90% delas estão em poder dos EUA e da Rússia.

Em abril deste ano, em meio às tensões com o Ocidente decorrente da invasão à Ucrânia, a Rússia também anunciou testes com míssil balístico intercontinental com capacidade nuclear: o Sarmat.

Na ocasião, o míssil foi disparado do Cosmódromo de Plesetsk, uma base militar no noroeste do país. Segundo comunicado de Vladimir Putin, o míssil percorreu mais de 5,4 mil quilômetros até a península de Kamchatka, no extremo leste russo. A distância percorrida pelo míssil seria capaz de alcançar qualquer país na Europa Ocidental.

Ele pesa mais de 200 toneladas e pode levar de 10 a 15 ogivas nucleares. É superpoderoso também por ter um sistema autônomo de navegação, que permite um voo de 18 mil quilômetros.

Ou seja, essa máquina mortífera é capaz de atravessar continentes inteiros, sem que possa ser detida por qualquer escudo antimíssil existente.

"O Sarmat é o míssil mais poderoso com a maior distância do mundo para atingir alvos, o que aumentará significativamente o poder de combate das forças nucleares estratégicas do nosso país", disse o Ministério de Defesa da Rússia.