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Homem morre durante protesto na fronteira da Bolívia com o Brasil

Julio Pablo Taborga, 45, foi espancado até a morte durante protesto na fronteira da Bolívia com o Brasil - Reprodução/Redes Sociais
Julio Pablo Taborga, 45, foi espancado até a morte durante protesto na fronteira da Bolívia com o Brasil Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Colaboração para o UOL

22/10/2022 17h54

Um homem morreu na manhã de hoje na Bolívia, após ser agredido violentamente por um grupo que bloqueou a entrada do município de Puerto Quijarro, na fronteira com o Brasil, em meio a protestos contra o adiamento do Censo Demográfico para 2024.

Segundo a rede de televisão TeleSur, depois da notícia sobre o adiamento do censo por parte do governo, manifestantes decidiram fechar a fronteira com o Brasil. Autoridades bolivianas disseram que o conflito começou justamente no momento em que um grupo tentava fazer o bloqueio. Pessoas contrárias ao fechamento revidaram e a confusão se tornou uma briga generalizada. Testemunhas disseram à polícia que o grupo a favor do bloqueio lançou fogos de artifício contra os representantes do Comitê Cívico da Fronteira, contrário ao bloqueio, do qual Julio fazia parte. Ele foi ferido gravemente no meio da confusão e não resistiu.

Segundo a viúva de Julio Pablo Taborga, 45, grupos enviados pelo Comitê Cívico de Santa Cruz tentaram bloquear as estradas à força. "Falaram que iriam bloquear pacificamente, mas vieram com dinamites, vieram com bombas caseiras, com paus e em certo momento meu marido foi espancado com paus por várias pessoas", disse a viúva da vítima, em entrevista à TV Bolívia.

O comitê de Santa Cruz, formado por empresários, sindicatos e comunidades foi o principal opositor de Evo Morales em seus quase 14 anos de governo.

Julio Pablo Taborga, 45, era mecânico soldador e prestava serviços no município de Puerto Quijarro. Ele deixa quatro filhos. O corpo do homem será levado ao município de Santa Cruz para autópsia.

Os familiares exigem que as pessoas que agrediram o homem e que o espancaram até a morte sejam investigadas e identificadas. A viúva de Julio disse que irá registrar uma queixa formal na Força Especial de Combate ao Crime para que sua morte não fique impune.

"Era gente que nem era da cidade, gente de outro lugar, liderada pelo cívico. Não é a primeira vez, já foram várias vezes que nos intimidaram aqui na fronteira", disse a viúva.

Bloqueios e greves

Os grupos cívicos de Santa Cruz convocaram uma greve por tempo indeterminado. O governador de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho, recusou-se várias vezes a falar com o governo federal e decidiu continuar com a greve por tempo indeterminado.

Os manifestantes bloquearam a passagem da fronteira com sacos de areia e cavaletes. Pneus foram queimados. O caminho está aberto apenas para quem quiser atravessar a pé.

Os manifestantes exigem que o governo realize o censo populacional do país em 2023 e não em 2024. Eles alegam que dados sobre a população e a densidade demográfica são importantes para atualizar os repasses de recursos financeiros aos municípios, que estão defasados.