Gripe aviária: Inglaterra investiga galinhas que viram canibais em lockdown
![Galinhas em fazendas do Reino Unido deverão permanecer confinadas durante surto; criadores alertam que restrição as tornam mais agressivas e as fazem adotar comportamento canibal - Getty Images/iStockphoto](https://conteudo.imguol.com.br/c/noticias/25/2016/06/16/galinhas-galinha-galo-galinheiro-criacao-de-galinha-fazenda-sitio-chacara-rural-vida-no-campo-1466081682096_900x506.jpg)
Os criadores de frango de uma fazenda em Cotswolds, no Reino Unido, alertaram que manter as aves em espaços confinados para controlar surtos de gripe aviária pode resultar em canibalismo. O governo inglês investiga o comportamento para decidir os próximos passos para a prevenção da doença.
A revelação surgiu depois que o governo britânico anunciou que todas as aves devem ser mantidas em cativeiro a partir de hoje, em razão de um aumento expressivo no número de casos detectados de gripe aviária em aves selvagens e naquelas criadas em fazendas, informou o jornal britânico The Telegraph.
De acordo com a vigilância sanitária, esse é o maior surto de gripe aviária de todos os tempos no país.
Diante da determinação, todos os criadores de aves são obrigados a manter os animais em ambientes fechados e implementar medidas rigorosas de biossegurança para ajudar a protegê-los da ameaça, independentemente do tipo ou tamanho dos animais.
Em entrevista à rádio BBC, o fazendeiro Anthony Allen, proprietário da Cotswolds Chickens, alertou que forçar as aves, especialmente as galinhas, a permanecerem em um espaço fechado pode afetar o comportamento delas, deixando-as mais agressivas.
"O regulamento estipula um tipo de lockdown, no qual galinhas devem ser mantidas dentro de um espaço confinado. Sem tentar ser muito detalhado e técnico sobre isso, forçá-las a viver nessa condição pode trazer todos os tipos de problemas, resultando em canibalismo. Portanto, não é o ideal, mas claramente temos um desafio e temos que fazer algo a respeito", declarou.
Allen também criticou o governo por não ter elaborado uma estratégia mais eficiente, apoiada na aplicação de vacinas para controlar o surto.
Christine Middlemiss, diretora do departamento de medicina veterinária do Reino Unido, esclareceu o motivo para as vacinas não serem a principal solução para a gripe aviária.
Segundo a especialista, anteriormente a vacinação só acontecia em "circunstâncias muito excepcionais" na Inglaterra para aves de zoológico, porque a vacina disponível no momento não é "eficaz contra esta cepa atual" do vírus.
Christine também apontou que há uma dificuldade para distinguir as aves que foram infectadas e aquelas que foram vacinadas. Esse procedimento é importante quando se trata de declarar se um país está livre de um vírus.
Ao reforçar que a vacina disponível não seria capaz de lidar com o surto de gripe aviária no momento, Christine insiste que manter as aves confinadas reduziria o risco de infecção de aves selvagens em duas vezes.
Ela explicou que o bloqueio total do contato entre as aves de fazenda e as selvagens também reduziria em 44 vezes o risco de infecção. De qualquer modo, também seriam necessárias medidas rígidas como o uso de roupas de proteção e controle de água e ração para manter o vírus longe das propriedades.
Os profissionais da vigilância sanitária estão realizando simulações de emergência para que estejam prontos para agir, caso o vírus da gripe aviária também se torne perigoso para humanos.
"Como esta é uma doença zoonótica, ela tem o potencial de infectar pessoas. Nós, do Departamento de Medicina Veterinária, estamos nos preparando, junto à Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido, para esse cenário", finalizou Christine Middlemiss.
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