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Quem foi Baba Vanga, que teria previsto 11/09, Chernobyl e pandemia em 2022

Baba Vanga é conhecida por visões relacionadas a fatos históricos - Picture Alliance/EPA/V. Gilotay
Baba Vanga é conhecida por visões relacionadas a fatos históricos Imagem: Picture Alliance/EPA/V. Gilotay

Fabiana Uchinaka

Do UOL, em São Paulo

19/11/2022 04h00

Baba Vanga (ou "Vó Wanga") era uma vidente búlgara de origem pobre que dizia ter começado a ter visões na adolescência. Ela ficou mundialmente famosa depois que suas supostas premonições começaram a virar realidade. Ela já havia antecipado a Segunda Guerra, a queda da União Soviética e o 11 de Setembro.

Nascida em Strumica, na atual Macedônia, em 1911, ela ficou gravemente ferida aos 13 anos, após a passagem de um furacão que a jogou num areal —ela só foi encontrada dias depois. A cegueira, aos 16, foi um efeito tardio dos ferimentos.

Mas Vanga passou a "enxergar" de outra forma, como dizia —e deixou previsões até o ano de 5.079, sempre marcadas por imagens e pela mística ortodoxa cristã.

Em 1940, pouco depois do início da Segunda Guerra Mundial, Vanga descreveu um cavaleiro de aço que tinha lhe aparecido como prenúncio de "coisas terríveis". Poucos dias depois, as forças armadas alemãs invadiram o então Reino da Iugoslávia, e a guerra chegou aos Bálcãs.

Soldados búlgaros de passagem e os agricultores locais eram os que mais frequentavam a casa de Vanga. E ela se casou com um desses soldados, Dimitar Gushterov, e se mudou com ele para Petrich, a 50 km de sua cidade natal, onde ficou até sua morte em 1996.

A chegada do comunismo quis eliminar a mística cristã obscura. Tanto o Partido Comunista quanto o aparato de segurança nacional proibiram o trabalho de Vanga. Sua casa era vigiada, os visitantes contados.

A pressão do regime sobre essa "inimiga" incomum só foi afrouxada nos anos 1960, na mesma época que seu marido morreu.

Vanga encontrou, então, uma protetora inesperada e surpreendente: Lyudmila Jivkova, filha do chefe de governo e do secretário-geral do Partido Comunista búlgaro, Todor Jivkov, que se tornou a fã número um da vidente.

Jivkova, conhecida tanto pela tendência ao esoterismo quanto pela sua predileção por luxo, era obcecada por "Baba Vanga".

Alçada a ministra, ela ordenou a criação de um "Instituto de Sugestionamento" em Sófia, que documentou as premonições de Vanga. Administrado pelo famoso sociólogo Georgi Lozanov, o órgão queria descobrir quantas das visões de Vanga eram corretas e sob que condições ela acertava mais as previsões.

Segundo Lozanov, até 80% das pessoas que consultaram Vanga indicaram que a vidente tinha, de fato, previsto seu futuro.

Ela chegou a atender 50 pessoas por dia, e costumava explicar que vozes de criaturas invisíveis contavam coisas para ela.

As previsões

As palavras de Vanga não costumam narrar fatos com precisão, mas há muitos casos em que é possível relacioná-las a episódios específicos da história da humanidade.

Ao relatar uma premonição em 1989, a búlgara disse: "Horror, horror. Os irmãos americanos vão cair após um ataque com aves de aço. Sangue inocente será derramado", disse, numa declaração que, posteriormente, foi interpretada como previsão dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 às Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova York.

Quando Mikhail Gorbatchóv se tornou secretário-geral do Partido Comunista soviético, em 1985, a vidente falou na queda da União Soviética, e também teria "visto" um presidente americano negro.

Há ainda uma profecia aparentemente ligada à invasão russa na Ucrânia. Ela teria dito em 1979, em entrevista ao escritor russo Valentin Sidorov, estudioso de temas místicos, que a Rússia viveria um momento de glória, enquanto um homem chamado Vladimir se tornaria o 'senhor do mundo'.

"Muito será trazido a uma vítima. Tudo vai derreter, como gelo, apenas algo permanece intocado: a glória de Vladimir, a glória da Rússia", diz um trecho da profecia, segundo o jormal Metro. "Tudo será removido do caminho por ela e não apenas será mantido, mas também se tornará o senhor do mundo."

Embora seja cada vez mais difícil saber o que realmente afirmou, diz a lenda que ela antecipou o desastre de Chernobyl, o dia da morte de Stalin e da princesa Diana, o tsunami de 2004 na Ásia, a saída do Reino Unido da União Europeia e os conflitos na Síria, no Líbano, na Nicarágua e no Chipre.

Antes de morrer, disse que haveria uma pandemia em 2022, causada por vírus da Sibéria.

Ela, é claro, teria previsto a data de sua morte: em 1996. (Com DW).