Topo

Eva Kaili: quem é ex-apresentadora detida, acusada de corrupção no Qatar

Eva Kalil é ex-apresentadora de TV - Reprodução/Instagram
Eva Kalil é ex-apresentadora de TV Imagem: Reprodução/Instagram

Gabriel Dias

Colaboração para o UOL

12/12/2022 12h11

A deputada grega Eva Kaili, vice-presidente do Parlamento Europeu, e três outras pessoas foram indiciadas e presas neste domingo (11), na Bélgica, no âmbito de uma investigação sobre corrupção relacionada ao Qatar. Kaili é uma ex-apresentadora de TV e figura controversa no Partido Socialista Grego.

A congressista de 44 anos foi destituída de suas funções como vice-presidente do parlamento no sábado, após a investigação aberta pela promotoria belga.

A eurodeputada, que está sob custódia da polícia, foi denunciada por "integração em organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção" envolvendo o Qatar. As autoridades encontraram "sacos de dinheiro" em sua casa durante uma busca realizada na noite de sexta-feira.

A Autoridade da Luta contra a Lavagem de Dinheiro da Grécia congelou os bens financeiros da grega Eva Kaili, uma das vice-presidentes do Parlamento Europeu, detida em Bruxelas por seu suposto envolvimento em um escândalo de corrupção.

Quem é Eva Kaili?

  • Nascida em Thessaloniki, a segunda maior cidade da Grécia
  • Entrou na política aos 20 anos, tornando-se vereadora da cidade em 1998.
  • Por um tempo, ela foi vista como uma estrela em ascensão do partido socialista Pasok-Kinal.
  • Estudou arquitetura, relações internacionais e europeias e jornalismo.
  • Entre 2004 e 2007, apresentou o noticiário para um dos principais canais privados do país, o Mega Channel.
  • Foi eleita para o Parlamento grego, tornando-se o membro mais jovem do Pasok, aos 29 anos
  • Em 2014, Kaili foi eleita deputada no Parlamento Europeu pelo grupo dos Socialistas e Democratas (S&D)
  • Se tornou uma das vice-presidentes da Casa em janeiro deste ano, quando também passou a integrar a equipe responsável pelas relações da União Europeia com a Península Arábica.

Relações com o Qatar

O escândalo acontece em plena Copa do Mundo no Qatar, que luta para refutar as acusações de desrespeito aos direitos humanos dos milhares de migrantes que trabalharam na construção dos estádios. Eva viajou ao país no início de novembro, onde elogiou, ao lado do ministro do Trabalho do Qatar, as reformas do emirado neste setor.

"Hoje, a Copa do Mundo no Catar é a prova concreta de como a diplomacia esportiva pode levar a uma transformação histórica de um país cujas reformas inspiraram o mundo árabe", declarou no Parlamento Europeu em 22 de novembro.

Distanciamento do partido

Na Grécia, Kaili tornou-se cada vez mais distante do Pasok. Quando a Grécia e a Macedônia concordaram em encerrar uma longa disputa sobre o nome do pequeno país balcânico, agora chamado de "Macedônia do Norte", ela tuitou: "Estou envergonhada. É um dano irreparável à história, à Macedônia e aos gregos", reverberando a opinião do partido conservador grego, que se opôs ao acordo.

Em 2019, ela ainda criticou a ajuda social implementada pelo partido radical de esquerda Syriza para fazer face à crise econômica, declarando que "a ajuda" era "para os preguiçosos".

O presidente do Partido Socialista Grego, Nikos Andrulakis, disse no sábado que "Kaili estava agindo como um cavalo de Tróia para a Nova Democracia", o partido de direita no poder.

No sábado à noite, a presidente da Eurocâmara, a maltesa Roberta Metsola, já havia decidido por uma primeira sanção contra Eva e a destituiu das funções que havia delegado, inclusive de representá-la na região do Oriente Médio.

Eurodeputados de esquerda pediram a renúncia de Eva, que foi removida na sexta-feira do partido socialista grego (Pasok-Kinal). A investigação também aponta para o companheiro de Kaili, o italiano Francesco Giorgi, ex-assessor parlamentar.