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Como ficam os mapas de Rússia e Ucrânia um ano após o início da guerra

21.mar.2022 - Cratera formada por bombardeio em Sievierodonetsk, na região de Lugansk - REUTERS/Oleksii Kovalov
21.mar.2022 - Cratera formada por bombardeio em Sievierodonetsk, na região de Lugansk Imagem: REUTERS/Oleksii Kovalov

Eduardo Baszczyn

Colaboração para o UOL, em São Paulo

24/02/2023 04h00

O mapa da guerra entre Rússia e Ucrânia permanece em constante mudança, desde o início do conflito. Hoje, faz um ano que a Rússia invadiu a Ucrânia e começou a guerra.

A divisão territorial é clara: o oeste e o centro da Ucrânia estão sob controle do governo; nas regiões sul e leste do país, separatistas pró-russos têm maior influência.

Os grupos russos ocupam várias áreas da região da bacia do Donbass, onde estão localizadas as repúblicas de Donetsk e Luhansk. A independência desses territórios foi reconhecida por Vladimir Putin três dias antes de o presidente russo anunciar a invasão, em 24 de fevereiro de 2022, com o objetivo de "desmilitarizar" e "desnazificar" o país vizinho.

A Ucrânia tem conseguido manter o controle de áreas importantes, como:

  • toda a região da capital, Kiev, libertada em abril do ano passado;
  • a área de Kherson, a primeira cidade tomada pelas forças russas, após a invasão. Sua retomada foi considerada "um dia histórico" pelo presidente Volodymyr Zelensky e uma de suas principais vitórias, desde o início do conflito.

Militarmente mais poderosa, a Rússia acreditava em uma vitória rápida, com a instalação de um governo pró-Moscou em Kiev, mas não contava com uma resistência consistente por parte do adversário. A avaliação é do professor de Direito Internacional da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo) Alberto do Amaral Júnior.

Até agora, as conquistas militares russas estão longe do que foi inicialmente planejado. A inesperada resistência ucraniana e a ajuda econômica e militar do Ocidente, em particular da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), contribuíram para diminuir, mas não para eliminar a desigualdade de poder entre os dois países."
Alberto do Amaral Júnior, professor da USP

"Problemas táticos e logísticos do exército russo constituem um ingrediente adicional", acrescentou.

As forças ucranianas obtiveram ganhos significativos nas linhas de frente, desde setembro do ano passado, graças a contraofensivas que levaram Putin a ordenar a mobilização de centenas de milhares de reservistas. Em algumas regiões, ganhos territoriais foram triplicados pela Ucrânia em pouco mais de 48 horas —caso da área de Kharkiv.

O professor da USP destaca que a guerra não afetou o território russo por se tratar de um ato unilateral (nenhum país decidiu invadir a Rússia). Mas o mapa do conflito ainda pode mudar, com o risco de inclusão de outros países.

"A Rússia vem reagrupando suas tropas e, tudo indica, prepara uma grande ofensiva por via terrestre, aérea e marítima. O risco é o transbordamento do conflito para outros países europeus, Geórgia e Moldávia, com a eventual participação da Otan", alerta.

Uma aliança entre Moscou e Pequim pode ativar um confronto multipolar de grandes proporções. O certo é que a guerra entre Rússia e Ucrânia é um evento estrutural, que produzirá consequências de longo prazo para as relações internacionais"

"Tudo começou na Crimeia e terminará na Crimeia"

Uma das ambições do presidente Zelensky é recuperar a Crimeia, anexada pela Rússia em 2014 sem o reconhecimento da comunidade internacional.

A península pertenceu à Ucrânia até a realização de um plebiscito, organizado pela população local, que decidiu —por 97,47% contra 2,53% — que o território deveria fazer parte da Rússia.

Zelensky tem prometido recuperar a área a qualquer custo. Ele diz que "tudo começou na Crimeia e terminará na Crimeia" e acredita que a volta de seu domínio na região ajudaria a restabelecer a lei e a ordem mundiais e seria o "maior passo antiguerra" a ser dado.