Agentes da Interpol disfarçados de sem-tetos prendem brasileiros em Lisboa
Agentes do SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras) de Portugal prenderam brasileiros suspeitos de integrar uma organização criminosa transnacional sediada em Lisboa e que aplicava golpes no Brasil. O caso era investigado havia cerca de um ano pela Polícia Civil do Distrito Federal.
Os agentes portugueses se disfarçaram de pessoas em situação de rua para prender Eduardo Rodrigues, 29, Victoria Miranda, 24, e Alan Cordeiro, 42, segundo mostrou a TV Globo. O UOL tenta contato com as defesas dos presos.
Como era o esquema?
- A investigação mapeou pelo menos 945 pessoas envolvidas no esquema fraudulento. Há pessoas que chegaram a perder R$ 1,5 milhão. Todas as vítimas estariam no Brasil.
- De acordo com as investigações, as ações aconteciam havia pelo menos quatro anos. Milhões de reais saíram do Brasil por meio de um "esquema bem estruturado de criptomoedas", segundo a polícia.
- Os detidos trabalhavam em uma empresa de publicidade de fachada, que na verdade era focada em vender falsos investimentos na bolsa de valores.
- Ainda conforme a investigação, a empresa era de um homem da República Tcheca que contratou centenas de brasileiros, sendo a maioria imigrantes ilegais.
- Todo o dinheiro depositado nas contas das supostas empresas era desviado para contas pessoais dos criminosos, simulando uma perda na bolsa de valores.
- O grupo, segundo a polícia, também possui escritórios em locais como Praga, Tel Aviv, Dubai, Londres e Madrid para executar o mesmo esquema.
- Na manhã de hoje, foram cumpridos seis mandados de prisão preventiva, bloqueio de contas bancárias, sequestro de criptoativos e derrubada de websites
- Foram presos três brasileiros e uma portuguesa, procurados pelos crimes de peculato, fraude eletrônica e comercial, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Na Alemanha, a polícia prendeu um homem da República Tcheca que tentava fugir em um aeroporto.
- Os presos serão extraditados para o Brasil e "submetidos aos procedimentos legais na esfera policial e justiça brasileiras", explicou a polícia.
Para ajudar a convencer as vítimas de que os investimentos eram seguros e reais, os criminosos montaram diversas páginas de empresas fictícias, identificadas como Paxton Trade, Ipromarkets, Ventus Inc, Glastrox, Fgmarkets, 555 Markets, ZetaTraders.
Tomados pelo desespero das perdas, eram incentivados a fazer novos investimentos com esperança de reverter o prejuízo. Ocorre que os novos investimentos também geravam outras perdas, alimentando uma bola de neve. Depois de perderem todas suas economias e se endividarem ainda mais em bancos, quando as vítimas não tinham mais um centavo para aplicar, os criminosos cortavam os contatos telefônicos e elas ficavam sem a quem recorrer
Delegado Eric Sallum
Apesar de ter sede na Europa, a ação foi estruturada e propositalmente direcionada a atacar vítimas no Brasil, porque os criminosos sabiam que, caso atuassem contra cidadãos portugueses, de outros países da União Europeia ou dos Estados Unidos, a operação teria sido desarticulada com maior facilidade.
Desse modo, as autoridades portuguesas ficavam de mãos atadas, pois sem vítimas para comprovar as alegações, a investigação ficava obstaculizada. A opção por assediar vítimas somente no Brasil também se fundava na expectativa de que a Polícia brasileira jamais conseguiria alcançá-los
Delegado Eric Sallum
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