Na China, Lula provoca EUA e busca restabelecer influência de emergentes
Em discurso durante a posse de Dilma Rousseff no NBD (Novo Banco de Desenvolvimento) na madrugada de hoje, na China, o presidente Lula afagou os chineses —rivais americanos na Guerra Fria 2.0— e provocou os Estados Unidos ao criticar o dólar, instituições financeiras ocidentais e defender o protagonismo de países emergentes na economia global.
Como foi o discurso?
O presidente defendeu que países em desenvolvimento dispensem o dólar e utilizem suas próprias moedas no comércio internacional. Isso valeria especialmente aos membros do NBD, banco ligado ao Brics, o grupo de países emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Lula apresentou o NDB como alternativa ao FMI (Fundo Monetário Internacional). Ele disse que o fundo sequestra a política econômica dos países emergentes e os torna "reféns".
Lula sugeriu que mais países em desenvolvimento sejam aceitos pelo NDB.
Em afago aos chineses, o brasileiro sugeriu à Dilma que aprenda com a "paciência da China" para apressar as mudanças.
Além do alinhamento com o principal rival dos Estados Unidos, Lula usou a agenda para retomar a política internacional de seus primeiros mandatos, quando participou da criação do Brics e defendeu o estreitamento das relações entre países "do sul global".
O que Lula disse?
Por que não podemos fazer o nosso comércio lastreado na nossa moeda? Quem é que decidiu que era o dólar?
Por que o Brics não pode ter uma moeda que possa financiar a relação comercial entre Brasil e China, entre o Brasil e os outros países?
Nós precisamos ter uma moeda que transforme os países (...) porque hoje um país precisa correr atrás de dólar para exportar
Não cabe ficar asfixiando as economias como está fazendo agora com a Argentina o FMI
O FMI ou qualquer outro banco, quando empresta para um país do Terceiro Mundo, as pessoas se sentem no direito de mandar, de administrar a conta do país. Como se os países virassem reféns daquele que emprestou dinheiro
Que [o NBD] empreste dinheiro na perspectiva de ajudar os países e não de asfixiar os países em desenvolvimento
Dilma: "Banco do sul global"
Nova presidente do banco, Dilma classificou o NDB como "banco do sul global", uma expressão usada nos governos anteriores do PT.
Para ela, a instituição deve emprestar em moeda local também a países em desenvolvimento que não façam parte do Brics.
"Buscaremos financiar nossos projetos em moedas locais, privilegiando os mercados domésticos", disse ela.
Dilma lembrou que, juntos, os membros do Brics representam 40% da população mundial "e aproximadamente ¼ do PIB global".
O que Dilma afirmou?
Estima-se que a economia dos Brics já seja maior que a dos países do G7 [formado por EUA, Alemanha, França, Canadá, Itália, Japão e o Reino Unido].
Com uma população combinada de mais de 3 bilhões de pessoas e um PIB de mais de US$ 25 trilhões, o grupo possui uma posição única para liderar o caminho para o desenvolvimento de um mundo próspero e um desenvolvimento compartilhado por toda a humanidade
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