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Governo quis 'cortar minha cabeça' por atuação na ditadura, diz papa

Francisco disse que foi interrogado sobre a relação com dois colegas sequestrados por militares - Guglielmo Mangiapane/REUTERS
Francisco disse que foi interrogado sobre a relação com dois colegas sequestrados por militares Imagem: Guglielmo Mangiapane/REUTERS

Do UOL, em São Paulo

10/05/2023 11h10

O papa Francisco afirmou que o governo da Argentina quis "cortar a cabeça" dele pela atuação que teve durante a ditadura no país.

O que aconteceu?

Francisco disse que foi interrogado por integrantes da gestão de Cristina Kirchner sobre a relação dele com dois colegas sequestrados por militares. "Os padres Ferenc Jálics e Orlando Yorio trabalhavam em um bairro popular. Jálics foi meu líder espiritual durante meus primeiros dois anos de teologia. Tinha uma célula de guerrilha no bairro onde ele trabalhava, mas nenhum dos dois tinha nada a ver com eles. Eles eram pastores, e não políticos."

Segundo o papa, esse interrogatório durou mais de quatro horas. "Não encontraram nada para acusá-los, mas eles ficaram nove meses na prisão, sofrendo ameaças e tortura. Eles foram liberados, mas essas coisas deixam ferimentos profundos."

Após a liberação do colega, surgiram rumores de que foi Francisco quem entregou Jálics aos militares. "Jálics veio até mim imediatamente e conversamos. Eu o aconselhei a ir para a casa de sua mãe nos Estados Unidos. A situação era muito confusa e incerta. Então surgiu a lenda de que seria eu que o entreguei para ser preso."

As declarações foram dadas pelo papa em entrevista à revista jesuíta La Civiltà Cattolica.