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Casal de brasileiros denuncia agressão e tortura em casa noturna de Lisboa

Colaboração para o UOL, em São Paulo

29/05/2023 18h55Atualizada em 29/05/2023 20h15

Um casal de brasileiros e uma familiar denunciam agressões e tortura na casa noturna Titanic Sur Mer, na região do Cais do Sodré, em Portugal.

O que aconteceu:

O advogado Luis Almeida e o empresário Jefferson Gomes Tenório, além da prima de Luis, Cinara Boti Bergamo, denunciaram que foram vítimas de espancamento. Segundo Luis, ele teria tentado ir atrás do namorado, Jefferson, no banheiro do estabelecimento, mas foi barrado por um segurança e, em seguida, agredido com um soco, na madrugada da última segunda-feira (22).

Jefferson e Cinara teriam reagido ao ver a agressão contra Luis. "Quando saí, me deparo com um dos seguranças dando um soco nele. Eu e a prima dele, assustados com tudo o que aconteceu, fomos tentar proteger ele, tirar os seguranças de cima, e nesse momento fomos agredidos também. Eu levei vários socos", disse Jefferson, acrescentando que arremessou uma pedra contra a vidraça da casa noturna para, em suas palavras, "desviar o foco das agressões que Luis sofria".

Realmente tirei o foco dele e foi tudo para mim. Tentei fugir, correr, mas eles me cercaram. [...] Eles me torturaram bastante antes dele chegar, me agrediram muito, quebraram meu nariz em três partes. Eu tava sentindo muita dor, tinha sido torturado na água. Foi muito traumático".
Jefferson Tenório, empresário

1 - Reprodução/ Arquivo pessoal - Reprodução/ Arquivo pessoal
Brasileiros precisaram ser atendidos em hospital de Lisboa; Jefferson (esquerda) fez cirurgia, e Luis recebeu pontos
Imagem: Reprodução/ Arquivo pessoal

O casal foi socorrido para o Hospital de São José, no Centro Hospitalar Universitário de Lisboa. Luis recebeu alguns pontos. Jefferson passou por uma cirurgia de três horas e ficou dois dias internado até receber alta.

A Polícia de Segurança Pública de Portugal foi contatada pelo UOL, mas não houve retorno. O espaço segue aberto e será atualizado se houver manifestação. Nas redes sociais, a Titanic disse que não compactua com violência e que disponibilizará as imagens das câmeras de segurança para que os responsáveis seja identificados.

Na madrugada de 21 para 22 de Maio deste ano e depois de encerrado o Titanic verificaram-se cenas de violência física no exterior do espaço, que acabaram com o apedrejamento e consequente destruição das portas de vidro da esplanada. O Titanic já comunicou a ocorrência à polícia, e vai envidar todos os esforços para que este tipo de situação, que consideramos ser de extrema gravidade, não se volte a verificar, e também para que os factos venham ao de cima. O Titanic tem as filmagens das câmaras dentro do espaço e na zona da esplanada onde ocorreram estes incidentes e vai fazer o seu papel para apurar responsáveis. Condenamos todo e qualquer tipo de violência.

O Titanic Sur Mer é um espaço de celebração, festa, unidade e pluralidade. Ao longo dos vários anos da sua actividade sempre promoveu a diversidade e a tolerância que a música e outras actividades artísticas, no seu melhor, permitem e enaltecem. Temos no nosso currículo variadíssimos eventos de artistas de toda a proveniência, incluindo anos com samba e forró a ocorrerem até hoje todas as semanas. Temos também várias festas na nossa história afectas a cultura e ao próprio movimento LGBTQI+, incluindo várias no nosso futuro. Trabalhamos com amor pela pessoa próxima e pela música, tratamos todos os que vêm por bem por igual. Assim continuará.
Titanic Sur Mer, em publicação no Instagram

'Queremos Justiça'

O casal denuncia a dificuldade de registrar a ocorrência, já que a polícia portuguesa teria ignorado o flagrante e exigia título de residência de ambos para prosseguir com a queixa. Jefferson, natural de Alagoas, vive em Portugal há seis anos, enquanto Luiz, natural do Ceará, faz mestrado de direito na Universidade de Lisboa desde o ano passado. Eles não souberam precisar a nacionalidade dos seguranças, mas afirmam que eles falavam português de Portugal.

Nas redes sociais, eles disseram que não querem pensar que passaram pelo episódio devido a orientação sexual deles, a cor da pele ou a nacionalidade brasileira. "Queremos Justiça! Eu não consigo dormir, tenho crises de pânico nas ruas. Nossa vida está parada".

Tudo isso foi bem traumático pra gente, não esperávamos passar por isso. Não vemos nenhum motivo para que isso tenha acontecido. Vamos até o fim atrás de justiça, quando chegamos em Portugal a gente esperava usufruir da segurança e do respeito".
Luis Almeida, advogado