Pai de crianças salvas diz sofrer ameaças de dissidentes das Farc: 'Alvo'
Manuel Miller Ranoque, pai das quatro crianças resgatadas na selva colombiana, afirmou ser ameaçado pela Frente Carolina Ramírez, um grupo dissidente das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
O que aconteceu:
O genitor das crianças comentou ontem que é alvo dos dissidentes por ter conhecimento da área onde eles atuam.
A Frente Carolina Ramírez foi identificada pelas autoridades colombianas em 2018. O grupo é suspeito de fazer tráfico de drogas, conta com pistoleiro, e recruta indígenas de modo forçado para trabalhar para eles, segundo a TV Globo. Manuel disse que gostaria de tirar a família do local em razão dessas questões.
O homem afirmou não saber se essas dissidências teriam relação com o desaparecimento das crianças após a queda do avião em Guaviare, ao ser questionado sobre a possibilidade, segundo o El País Colômbia.
Manuel comentou ainda que a única coisa que os dissidentes desejam são as vantagens econômicas e que são inimigos quem não não aceita o que eles dizem.
O pai das crianças relatou ter áudios em que os dissidentes afirmariam que vão enviar pessoas para procurá-lo em Bogotá para matá-lo. "Eles vão me procurar e vão mandar uma pessoa para cá. Ouvi isso da boca do dono da empresa Freddy Ladino, tenho alguns áudios, tenho algo para mostrar. Querem inviabilizar minha vida."
Com medo, o homem pediu "moradia digna" para ele e os filhos, já que precisa garantir os estudos e segurança das crianças. O homem comentou que ainda não conseguiu conversar muito com os filhos em razão deles estarem muito debilitados.
Acho que vou morar em Bogotá porque tenho problemas com a Frente Carolina Ramírez, que está me procurando para me matar, tenho ameaças. Eu sou um alvo porque eu conheço toda aquela área. Isso é o que mais temo porque sei que estes sem-vergonha podem começar a pressionar-me com os meus filhos e nunca vou permitir. Temo pela vida dos meus filhos porque estão aqui comigo."
Manuel Miller Ranoque, pai das quatro crianças resgatadas
O que mais se sabe sobre o resgate
Magdalena Mucutuy, mãe das quatro crianças resgatadas, permaneceu viva por quatro dias após o acidente de avião em 1º de maio, revelou seu marido no domingo (11). A mulher teria pedido para as crianças deixassem o local da queda. Além da mãe das crianças, o piloto e um líder indígena morreram — os militares não explicaram onde estavam seus corpos.
O líder indígena Giovanni Yule disse à TV Globo que Lesly Mucutuy, de 13 anos, foi "uma heroína" por cuidar e proteger os irmãos mais novos.
O cachorro Wilson, que ajudou nas buscas das crianças, está desaparecido na selva. As Forças Militares da Colômbia continuam as buscas para achar o animal. As crianças disseram ao general Pedro Sánchez que Wilson ficou com elas por três ou quatro dias e estava magro.
Wilson é um comando, faz parte da nossa família e não deixamos um comando para trás. Neste momento continuam cem bravos soldados da nossa força militar, do nosso exército nacional, tentando encontrar o Wilson. Essa é a garantia que temos. Um compromisso de honra com o Wilson porque em algumas ocasiões, ele também salvou as nossas vidas."
Pedro Sánchez, general
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