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Indiciamento nos EUA: Trump será preso? Entenda o caso do ex-presidente

Ex-presidente americano Donald Trump - Eva Marie Uzcategui / AFP
Ex-presidente americano Donald Trump Imagem: Eva Marie Uzcategui / AFP

30/03/2023 19h20

O ex-presidente americano Donald Trump foi indiciado nesta terça-feira por supostamente comprar o silêncio de uma atriz pornô nas eleições de 2016 e esconder a natureza do pagamento. Entenda o caso.

A acusação

  • Trump teria pago suborno à atriz pornô Stormy Daniels, cujo nome verdadeiro é Stephanie Clifford, para que ela ficasse em silêncio sobre ter feito sexo com ele.
  • O pagamento secreto de US$ 130 mil (cerca de R$ 679 mil) foi feito pelo advogado particular de Trump na época, Michael Cohen, antes das eleições de 2016.
  • A Justiça de Nova York quer determinar se Trump é culpado de ter dado declarações falsas do pagamento feito (um delito menor) ou de descumprir as leis sobre financiamento de campanhas (um delito penal).
  • Michael Cohen, que efetuou o pagamento, já foi condenado a três anos de prisão, em 2018, e disse na época que pagou pelo silêncio por ordem do chefe e então candidato.
  • Trump diz que a investigação tem motivações políticas e nega envolvimento com Daniels.
  • Essa é a primeira vez na história do país que um ex-presidente dos Estados Unidos é acusado por um crime na Justiça.

"O principal candidato republicano e ex-presidente dos Estados Unidos da América será preso na terça-feira da próxima semana. Protestem, recuperem nossa nação!"
Donald Trump, em post na rede social Truth Social.

Os promotores quase nunca convidam o alvo da investigação a depor diante do grande júri a menos que tenham a intenção de acusá-lo"
Bennett Gershman, ex-promotor e professor de direito da Universidade Pace à AFP

Como seria a prisão

  • De imediato, não está claro como seria uma possível detenção --ou, mais provavelmente, sua entrega às autoridades-- porque, além de ser ex-presidente, Trump não responderia por nada de natureza violenta.
  • Não existem precedentes ou regras, explica Robert McDonald, ex-agente do Serviço Secreto americano e agora professor de justiça penal na Universidade de New Haven.
  • O Serviço Secreto deve coordenar com o escritório de Bragg para que Trump se apresente ao tribunal sem um "espetáculo", diz McDonald. Ou seja, não chegará algemado pela porta principal da corte.
  • É provável que o juiz não considere que há risco de fuga e estipule fiança. Então, Trump não ficaria preso.
  • Mas alguns acreditam que o ex-presidente pode se negar a se entregar, desafiando o promotor a detê-lo.

Alguém pode imaginar que Trump esteja querendo fazer isso. Isso é algo que o escritório de Bragg estaria temendo"
Shan Wu, ex-promotor

O que está em jogo

Trump quer se tornar o candidato republicano nas eleições de 2024 e, para alguns analistas, está usando o caso para testar sua própria popularidade.

É bem possível que Trump tenha que interromper a campanha outras vezes para responder a diversos processos em andamento. Mas, até agora, nenhum deles impede-o de concorrer novamente. Até preso ele tem o direito de disputar a Presidência.

Há quem acredite que esta acusação pode prejudicá-lo, mas também há quem alerte, inclusive democratas, para a chance de Trump conseguir promover o caos, como aconteceu no ataque ao Capitólio de 2021. A frase publicada por ele agora é parecida com a que usou no dia seis de janeiro de 2021.

Parte dos republicanos vê "perseguição" política contra o ex-presidente. O governador de New Hampshire, Chris Sununu, por exemplo, disse à CNN norte-americana que "isso está criando muita simpatia" por Trump e que pessoas que "não eram grandes apoiadores, sentiam que ele estava sendo atacado".

Nas redes sociais, alguns apoiadores já se movimentam pedindo greve geral e convocando todos a parar o país. Mas o serviço de inteligência disse ter detectado conversas nas quais apoiadores dele se mostraram desconfiados, com medo de que possam cair em algum tipo de armadilha ao atender ao chamado de Trump.

*Com informações da AFP, Deutsche Welle, Reuters e RFI