Terror em bunker: como foram momentos antes da morte de filha de brasileira
Colaboração para o UOL
17/10/2023 12h22
Filha de brasileira, a israelense Celeste Fishbein, de 18 anos, teve a morte confirmada hoje (17). A jovem era refém do grupo extremista Hamas e foi morta em Israel a caminho da Faixa de Gaza, informou seu tio, Mario Fishbein.
Durante as buscas por Celeste, foi Mario o interlocutor da família com a imprensa. Nesse período, ele contou um pouco sobre quem era sua sobrinha e também relatou momentos que ela viveu antes de ser sequestrada pelo Hamas e interromper a comunicação com a família e amigos..
Confira a seguir o que sabemos sobre Celeste Fishbein.
Ataque contra bunker e silêncio no celular
Visita à família. Ao canal CNN, Mario relatou como aconteceu o desaparecimento da sobrinha. A garota, que era babá em um kibutz, foi passar o final de semana na casa da avó em uma comunidade nas proximidades da Faixa de Gaza e dormiu na casa do namorado no sábado. Cerca de 90 terroristas invadiram a local e, então, os moradores se abrigam em bunkers. Celeste trocou mensagens com os familiares até as 11h20 do sábado retrasado (7), quando parou de responder.
Pensamos que a bateria no telefone tinha acabado, mas não é possível que o namorado dela também não se comunique. Os dois estão desaparecidos há mais de dois dias, sem nenhuma notícia. Somos brasileiros, mas a menina nasceu aqui [em Israel]. São dois jovens inocentes estavam em casa, não estavam em nenhuma festa por fora, em nenhum perigo. Parece que o Hamas conseguiu entrar no bunker. Não sabemos se eles estão vivos ou se estão em Gaza.
Celular em Gaza. Depois do desaparecimento, o último sinal do celular de Celeste foi localizado em Gaza - o aparelho, no entanto, até hoje não foi encontrado. "Tinham no kibutz uma rede interna de comunicação, e eles estavam recebendo informações do que estava acontecendo fora dos bunkers", disse também.
"Era uma pessoa contra guerras"
Jovem não tinha interesse pelo exército israelense. Também em entrevista à CNN, o tio de Celeste afirmou que ela não pretendia se alistar nas forças armadas do país.
Sempre soube dar amor e carinho a todo mundo, completamente inofensiva e carinhosa. Ela não tinha nenhuma intenção de ir para o Exército [israelense], era uma pessoa pacífica e contra guerras.
Esse não foi o primeiro ataque presenciado pela jovem. Ainda no relato feito ao canal, o tio de Celeste contou que ela já havia vivido outra situação relacionada ao conflito entre palestinos e israelenses. "Quando ela tinha seis anos, um míssil caiu a uma distância muito próxima a ela e minha irmã [mãe da jovem]. Até hoje, ela [Celeste] tem estilhaços desse míssil em seu corpo", disse.
'Não sabíamos se ela estava viva ou morta'
Sem contato. Desde o primeiro dia dos ataques do Hamas contra Israel, iniciados em 7 de outubro, até hoje, a família de Celeste não sabia se a jovem estava viva ou morta. Antes de a morte ser confirmada, Mario Fishbein falou em entrevista ao UOL News:
Muitos países têm reféns, não só israelenses. Não sabemos se Celeste estará viva ou morta. Ninguém sabe isso. Pode ser que tenham assassinado ela e levado o corpo dela para algum lugar. Não sabemos porque ninguém pode entrar em Gaza. [?] Não temos nenhuma referência ou indicação como ela está ou como todos os reféns estão. Eles não passam nenhuma informação sobre ninguém.
Falta de informações. Ainda em relato ao UOL, Mario reforçou que nem mesmo o governo israelense tinha informações detalhadas sobre os reféns feitos pelo Hamas: "Eles não cedem nenhuma informação, absolutamente nada. Nem quantas pessoas estão lá, nem a situação delas, seja bebês, crianças ou adultos. Nem o governo de Israel tem a menor ideia de onde estão localizados ou a situação deles, vivos ou mortos".
Postura do primeiro-ministro. Quando questionado sobre a postura de Benjamin Netanyahu, ele disse não acreditar nas palavras do primeiro-ministro de Israel.
Eu não acredito em nenhuma palavra do que essa pessoa fala. Eu sou residente de Israel há 50 anos e essa é a realidade, não sei se posso confiar nas palavras dele.