Bombas perto de brasileiros em Gaza preocupam; Lula fala com Irã e Turquia
Do UOL, em Brasília e em São Paulo
17/10/2023 14h32Atualizada em 17/10/2023 17h00
O presidente Lula (PT) conversou hoje com os presidentes do Irã, Ebrahim Raisi, e da Turquia, Recep Erdogan, sobre a guerra entre Israel e Hamas. Os bombardeios na região de Gaza onde estão os brasileiros preocuparam o governo.
O que aconteceu
Um ataque de Israel matou mais de 80 pessoas nas cidades de Khan Yunes e Rafah, no sul de Gaza, onde estão 28 brasileiros que aguardam repatriação. Nesta manhã, o Itamaraty fez uma reunião de emergência para avaliar a situação.
O governo espera retirar os cidadãos desde o final de semana passado pelo Egito, mas ainda não teve sucesso. O Brasil defende ainda uma proposta no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), com a criação de um corredor humanitário de Gaza para a retirada de civis.
Desde domingo [15], nós tínhamos a expectativa de que as famílias de brasileiros e brasileiras pudessem sair. Alugamos uma casa, viabilizamos transporte. Estão esses nomes [dos brasileiros] com as autoridades no posto da fronteira. Essa expectativa acaba gerando uma tensão.
Paulo Pimenta, ministro da Secom, em entrevista hoje
Hoje, Lula recebeu uma ligação do presidente iraniano, que não mantém boas relações com Israel, e pediu a criação de um corredor humanitário e a liberação de todos os reféns. Raisi defendeu o fim dos bombardeios a Gaza e a liberação da região.
Lula conversou também com Erdogan, que afirmou que os ataques contra civis são inaceitáveis. Os dois trataram sobre o envio de ajuda humanitária a Gaza, de acordo com a nota divulgada pelo Palácio do Planalto.
Preocupação com brasileiros
Os brasileiros que estão na Faixa de Gaza ainda estão no aguardo da abertura da fronteira de Rafah para entrarem no Egito e, de lá, embarcarem em um voo da FAB (Força Aérea Brasileira) para serem repatriados ao Brasil, informou o Ministério das Relações Exteriores.
O posto permanece fechado e o Brasil tem feito negociações para que os brasileiros possam atravessar. Depois de passarem a fronteira, os brasileiros devem ser levados ao aeroporto de El Arish. De lá, eles embarcarão em um avião da FAB. Uma aeronave modelo VC-2 já foi disponibilizada pelo governo e aguarda autorização em Roma, na Itália, para poder viajar ao Egito.
Em entrevista, Pimenta reforçou que o governo segue empenhado pela abertura de um corredor humanitário e ressaltou as conversas de Lula com os presidentes de Israel, da Autoridade Palestina e do Egito, mas admitiu que a situação tem ficado mais crítica.
O presidente [Lula] tem repetido sempre que nós não podemos concordar que pessoas inocentes, crianças, idosos, hospitais sejam submetidos a uma situação de não ter água, energia elétrica, alimentação. Os inocentes não podem pagar o preço da insanidade daqueles que optaram por essa guerra e querem manter essa guerra.
Paulo Pimenta, ministro da Secom, hoje
Conversas com Irã e Turquia
A criação dos corredores humanitários foi a principal pauta defendida por Lula nos telefonemas hoje. Os líderes turco e iraniano costumam defender a causa da Palestina e condenar os ataques de Tel Aviv.
Com Raisi, Lula tratou falou sobre o grupo de brasileiros que aguarda o resgate em Gaza e demonstrou preocupação com mulheres e crianças afetados pela guerra.
O mais importante é termos a condição para que mulheres, crianças e idosos não sofram as consequências daqueles que querem guerra. Eu fico triste quando vejo a dificuldade do povo pobre de construir uma casa, um hospital. E como isso é facilmente destruído na guerra.
Lula
Erdogan se dispôs a "ajudar no que puder" no resgate dos brasileiros afetados pela guerra. O governante turco defende também o cessar-fogo e o recebimento de remédios e suprimentos.