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'Nossa preocupação foi sempre humanitária', diz Vieira após derrota na ONU

Lucas Borges Teixeira e Carolina Nogueira

Do UOL, em Brasília, e colaboração para o UOL, em Brasília

18/10/2023 12h07Atualizada em 18/10/2023 16h24

O chanceler Mauro Vieira lamentou o veto dos Estados Unidos à proposta brasileira sobre a guerra Israel-Hamas no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) hoje e disse que a inspiração do Itamaraty sempre foi "humanitária"

O que aconteceu

O texto brasileiro somou 12 votos de apoio e duas abstenções (Rússia e Reino Unido), mas o poder de veto dos EUA é o suficiente para derrubar a proposta. O fracasso aprofunda a crise política e escancara a incapacidade das potências de chegar a um entendimento para frear o avanço das mortes no Oriente Médio.

Em coletiva no Itamaraty, Vieira defendeu a proposta brasileira e argumentou que ela foi formada após ouvir demandas de todos os membros do Conselho. "A nossa preocupação foi sempre humanitária nesse momento e, enfim, cada país terá tido sua inspiração própria", afirmou o chanceler.

"Infelizmente, não foi possível se aprovar [a proposta brasileira]. Ficou clara uma divisão de opiniões, mas acho que, do nosso ponto de vista e da nossa presidência, fizemos todo o esforço possível para que cessassem as hostilidades, parassem os sacrifícios humanos e pudéssemos dar assistência aos brasileiros que estavam em Gaza.
Chanceler Mauro Vieira, em coletiva

O Brasil já havia amenizado o texto apresentado na ONU para tentar evitar o veto norte-americano, segundo o colunista do UOL Jamil Chade. Entre outros aspectos, o Itamaraty propunha um "cessar-fogo humanitário", mas, desde segunda (16), a nova versão falava apenas em uma "pausa humanitária" e o acesso de ajuda ao território de Gaza.

O presidente Lula (PT) tem feito pressão pública por um cessar-fogo para a retirada de civis de áreas de conflito, o que se mostra mais distante após o veto dos EUA. O governo negocia há dias a saída de um grupo de brasileiros de Gaza pela fronteira com o Egito e enviou o avião presidencial, que aguarda no Cairo, para resgatá-los.

Apresentamos, depois de intensas e múltiplas consultas, um texto que foi aceito por 12 dos 15 membros. Teve voto positivo de 12 dos 15 membros. Esse texto focava, basicamente, na cessação das hostilidades, no aspecto humanitário, criando uma passagem humanitária e que também estabelecida a possibilidade de envio de ajuda humanitária.
Chanceler Mauro Vieira, em coletiva

Na resolução, o Brasil condenava ainda os "atos terrorista do Hamas", pedia a libertação dos reféns israelenses e cobra de ambos os lados a proteção à população civil.

Retirada dos brasileiros em Gaza

Os brasileiros que estão na Faixa de Gaza ainda estão no aguardo da abertura da fronteira de Rafah para entrarem no Egito. O avião que fará a repatriação já pousou o Aeroporto Internacional de Al-Arish, a cerca de 60 km do posto de fronteira, nesta manhã, após receber autorização para partir de Roma.

O Brasil enviou ainda 40 purificadores de água portáteis e dois kits de medicamentos e insumos aos brasileiros na fronteira. Segundo a FAB (Força Aérea Brasileira), cada kit tem 48 itens, incluindo antibióticos, anti-inflamatórios e ataduras.

Até então, o posto permanece fechado e o Brasil tem feito negociações para que os brasileiros possam atravessar. Segundo o Itamaraty, o avião presidencial já está no Cairo, capital egípcia, aguardando a liberação na fronteira.

Em Israel, o sétimo voo de repatriação pousou também nesta tarde (horário local) em Tel Aviv. Com esta operação, serão 1.137 brasileiros repatriados.

O Brasil já realizou seis voos saindo do país, com o transporte de quase mil brasileiros. Ao todo, o Itamaraty estima fazer mais um ou dois voos para cerca de 150 brasileiros interessados em sair do país. No último, deverá transportar ainda 15 estrangeiros, a pedido de países vizinhos: bolivianos, paraguaios, argentinos e uruguaios.

Lula criticou bombardeio

A escalada da violência e o bombardeio próximo aos brasileiros em Gaza têm preocupado o governo brasileiro. Hoje, o Lula classificou "injustificável" o ataque ao hospital Al-Ahly Arab, que deixou quase 500 mortos ontem (17).

Guerras não fazem nenhum sentido. Vidas perdidas para sempre. Hospitais, casas, escolas, construídas com tanto sacrifício destruídas em instantes. Os inocentes não podem pagar pela insanidade da guerra.
Lula, nas redes sociais

O governo tem feito apelo por uma intervenção humanitária internacional em Gaza. "Lancemos mão de todos os recursos para pôr fim à mais grave violação aos direitos humanos no conflito no Oriente Médio", publicou o presidente.

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