Caminhões com ajuda humanitária atravessam fronteira entre Gaza e Egito
Caminhões com alimentos, água e medicamentos enviados como ajuda humanitária para Gaza atravessaram a fronteira do Egito na manhã deste sábado (21). Apenas 20 dos cerca de 200 veículos foram autorizados a ultrapassar a passagem de Rafah.
O que aconteceu
A Embaixada dos Estados Unidos em Israel havia informado que a fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito seria aberta por volta das 10h de hoje (horário local). Cerca de meia hora depois, a TV estatal egípcia mostrou imagens dos caminhões atravessando o portão.
Uma fila com cerca de 200 caminhões de ajuda à Gaza estava aguardando a liberação havia alguns dias. Ao todo, os veículos carregam mais de 4.000 toneladas de itens, segundo a ABC News.
Essa foi a primeira vez que a fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito foi aberta desde o começo a guerra entre Israel e o grupo extremista Hamas, iniciada no dia 7 de outubro.
Inspeção dos veículos seria um dos pontos de conflito. Um representante das forças de segurança do Egito relatou à ABC News que os israelenses querem examinar tudo que está sendo enviado à Gaza. O objetivo seria garantir que não haja nada que possa ajudar o Hamas. Paralelamente, Israel continua com bombardeios próximos dali, o que também impede a passagem dos caminhões
ONU diz que Gaza precisa de "muito mais"
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, alertou que a região está "a um passo do precipício". Em seu discurso durante a cúpula no Cairo, neste sábado ele deixou claro que a ajuda é ainda insuficiente. Ele destacou como um comboio de 20 caminhões está se deslocando hoje. "Mas o povo de Gaza precisa de um compromisso muito, muito maior - uma entrega contínua de ajuda a Gaza na escala necessária", disse.
Caminhões cheios, estômagos vazios. "Ontem fui ao posto de fronteira de Rafah", afirmou o chefe da ONU. "Lá, vi um paradoxo: uma catástrofe humanitária acontecendo em tempo real. Por um lado, vi centenas de caminhões repletos de alimentos e outros suprimentos essenciais. Por outro lado, sabemos que, do outro lado da fronteira, há dois milhões de pessoas sem água, comida, combustível, eletricidade e medicamentos", disse. "Caminhões cheios de um lado, estômagos vazios do outro", lamentou.
Martin Griffiths, subsecretário-geral para Assuntos Humanitários e Coordenador de Ajuda de Emergência da ONU, comemorou a abertura da fronteira. Mas insiste que o volume de produtos e materiais precisa aumentar de forma exponencial.
"O comboio de 20 caminhões inclui suprimentos que salvam vidas, fornecidos pelo Crescente Vermelho Egípcio e pelas Nações Unidas, que foram aprovados para atravessar e ser recebidos pelo Crescente Vermelho Palestino, com o apoio das Nações Unidas", disse.
O UOL apurou que as negociações ocorrem em torno das condições impostas por Israel, que quer verificar cada um dos caminhões. Algunas estimativas da ONU apontam que seriam necessários 100 caminhões por dia e por algumas semanas para que as necessidades possam ser atendidas.
Griffiths confirmou que a entrega ocorre após dias de negociações "profundas e intensas com todos os lados relevantes para garantir que a operação de ajuda em Gaza seja retomada o mais rápido possível e com as condições certas".
"Estou confiante de que essa entrega será o início de um esforço sustentável para fornecer suprimentos essenciais - incluindo alimentos, água, medicamentos e combustível - para a população de Gaza, de forma segura, confiável, incondicional e desimpedida", insistiu.
O representante da ONU afirma que, duas semanas após o início das hostilidades, a situação humanitária em Gaza atingiu "níveis catastróficos". "É fundamental que a ajuda chegue às pessoas necessitadas onde quer que elas estejam em Gaza, e na escala certa. O povo de Gaza tem suportado décadas de sofrimento. A comunidade internacional não pode continuar a falhar com eles", completou.
A cúpula tentará fechar um acordo para permitir que haja um deslocamento constante de ajuda para os 2,2 milhões de palestinos na região. Mas o encontro não conta com a presença de Israel.
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Já a OMS (Organização Mundial da Saúde) explicou que quatro caminhões com suprimentos de saúde começaram a se deslocar em direção a caminho de Gaza. "Os suprimentos incluem medicamentos e suprimentos para trauma para 1.200 pessoas e 235 bolsas portáteis para trauma para estabilização de pacientes feridos no local", explicou a entidade. Eles também incluem medicamentos para o tratamento de doenças crônicas para 1.500 pessoas, além de medicamentos essenciais básicos e suprimentos de saúde para 300.000 pessoas por três meses.
Na avaliação da OMS, os hospitais de Gaza "já chegaram ao ponto de ruptura" devido à escassez e ao esgotamento de medicamentos e suprimentos médicos. "Esses suprimentos são a salvação para pessoas gravemente feridas ou que lutam contra doenças crônicas e outras doenças, que passaram por duas semanas angustiantes de acesso limitado a cuidados e grave escassez de medicamentos e suprimentos médicos", disse.
A entidade, porém, insiste que não será suficiente apenas a abertura da fronteira. A OMS pede a proteção dos comboios de ajuda e das equipes humanitárias em Gaza. Em duas semanas de conflitos, centros de saúde já foram atingidos em mais de 110 ocasiões por ataques.
A OMS também alerta que muito mais será necessário para atender aos palestinos. "Os suprimentos que estão sendo enviados para Gaza mal darão conta de atender às crescentes necessidades de saúde, já que as hostilidades continuam aumentando. Uma operação de ajuda ampliada e protegida é extremamente necessária", disse.
Um segundo avião aterrissou em Al-Arish, vindo dos Emirados Árabes Unidos, ontem, levando suprimentos humanitários doados pela OIM, Unicef, Crescente Vermelho dos Emirados e OMS.
Outro avião com suprimentos da OMS deve aterrissar em Al-Arish ainda esta manhã, com instrumentos cirúrgicos, infusões, desinfetantes, antibióticos, tanques de água e tendas. O pedido, agora, é para que operação humanitária seja ampliada.
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