Conteúdo publicado há 6 meses

Sakamoto: Milei quer atropelar o Congresso e pode acabar atropelado por ele

O presidente da Argentina, Javier Milei, tenta atropelar o Congresso com decretos e um possível plebiscito, mas isso pode se voltar contra ele, disse o colunista do UOL Leonardo Sakamoto durante o UOL News da tarde desta quarta-feira (27).

Centrais sindicais e movimentos sociais fazem hoje um protesto contra medidas anunciadas pelo presidente Javier Milei.

Javier Milei pode ser a favor de reduzir o Estado, mas ele tem que fazer todas as mudanças que está propondo dentro de uma estrutura republicana que considere os três Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Ele pode achar maravilhoso um Estado imperial onde o Executivo tem poderes totalitários, mas não é isso que vive a Argentina.

O que estamos vendo é uma tentativa de reduzir a presença do Estado. O Estado argentino é inchado em vários sentidos? Claro. Mas ele está jogando as contas nas costas dos trabalhadores e trabalhadoras [...] A situação não está fácil.

Ele vai ter que passar esses pacotões que abrem caminho para privatizações de empresas públicas, que reduzem subsídios, que criam entraves para programas sociais, que tenta fazer uma reforma trabalhista, que tenta mudar valores de aposentadoria e que tenta mudar estrutura de Estado, por meio de decreto.

Mesmo com parlamentares concordando com as medidas de Milei, a insatisfação se dá porque o presidente está "atropelando" o Congresso, diz Sakamoto.

O ponto é que grande parte do Congresso está insatisfeito. Tem gente que concorda com as medidas, mas estão insatisfeitos porque Milei está atropelando a estrutura do Congresso e devem barrar.

Milei está tentando vender a ideia de que a Argentina está a um passo da maior catástrofe do mundo, com zumbis de 'The Walking Dead' andando pelas ruas de Buenos Aires, Córdoba e Rosário.

Ele está comprando uma briga que vai se voltar contra ele. Na atual conjuntura, do jeito que ele está batendo no Congresso, há uma chance muito grande do Congresso argentino dizer 'não' para ele.

Continua após a publicidade

O que aconteceu

A manifestação é contra o megadecreto que flexibiliza o vínculo empregatício e enfraquece o poder dos sindicatos. O objetivo é pressionar a Justiça a declarar as medidas inconstitucionais. A concentração ocorre em frente ao Palácio da Justiça, no centro de Buenos Aires.

A concentração foi convocada pela CGT, principal central sindical da Argentina, ligada ao peronismo. "O Decreto de Necessidade e Urgência (DNU) ditado pelo presidente Javier Milei subverte a ordem constitucional ao pretender legislar, atribuindo-se a soma do poder público e, assim como no seu discurso de posse, dar as costas ao Congresso", acusou a CGT em nota.

O protesto é o terceiro sob a vigilância do protocolo antibloqueios. Esse conjunto de dez novas regras que permitem as manifestações em calçadas e praças, mas não o bloqueio de avenidas e estradas.

Os 62 sindicatos da CGT devem definir um "plano de luta" que pode incluir uma greve geral. Seria a primeira paralisação geral desde 29 de maio de 2019.

Milei diz que terceira manifestação em 16 dias de mandato significa que "não aceitam que perderam e que a população escolheu um governo com outras ideias". O presidente acusou os legisladores de defenderem o debate parlamentar apenas para negociarem o voto em troca de subornos e avisou que, se o decreto for anulado, o governo vai promover um plebiscito popular.

Continua após a publicidade

O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em duas edições: às 10h com apresentação de Fabíola Cidral e às 17h com Diego Sarza. O programa é sempre ao vivo.

Quando: De segunda a sexta, às 10h e 17h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja a íntegra do programa:

Deixe seu comentário

Só para assinantes