Interpol prende megacontrabandista que abastecia com armas PCC e CV

A Interpol prendeu ontem na Argentina um dos traficantes de armas mais procurados da América Latina, o argentino Diego Hernán Dirisio, investigado no Brasil por abastecer o PCC e o Comando Vermelho.

O que aconteceu

Dirisio foi preso em Córdoba com sua companheira, a ex-modelo Julieta Nardi. Os agentes da Interpol os capturaram em Cerro Las Rosas, bairro da zona noroeste da cidade, a 696 km de Buenos Aires.

Investigação começou na Bahia. Após a prisão, a Interpol comunicou a captura à Polícia Federal baiana, responsável por descobrir o tráfico internacional que abastecia com armas as organizações criminosas brasileiras.

A Polícia Federal brasileira confirmou a prisão ao UOL. "A PF foi consultada e confirmou ser ele um procurado de alta sensibilidade", diz em nota. "Todo o trabalho investigativo e a prisão do foragido foram realizados pela polícia argentina."

Dirisio e a mulher fugiram do Paraguai em novembro de 2023. O traficante já suspeitava de que a Polícia Federal brasileira estava em seu encalço e, por isso, se estabeleceu em Córdoba até a prisão de ontem. A expectativa é de que a Justiça argentina decida se ele será extraditado para o Brasil, "procedimento que pode demorar", segundo o jornal argentino La Nación.

Mais de R$ 1 bilhão em armas

O traficante importou 230 milhões de dólares em armas, ou R$ 1,1 bilhão em valores de hoje. A Interpol estima em mais de 43 mil as pistolas e fuzis importados da Turquia, Sérvia, República Checa e Eslovênia. Para isso, o traficante usaria a empresa Internactional Auto Supplly S.A, diz o jornal.

Dirisio era investigado no Brasil por fornecer armas a facções criminosas brasileiras
Dirisio era investigado no Brasil por fornecer armas a facções criminosas brasileiras Imagem: Interpol

Dirisio subornava militares. Ele é suspeito de pagar subornos milionários a militares da Diretoria de Material de Guerra, responsável pelo controle de armas no Paraguai.

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Após chegar ao país vizinho, o armamento chegava ao Brasil. As armas tinham seus números de origem alterados em Ciudad del Este, na fronteira com o Paraná, e desviadas para o PCC e Comando Vermelho.

O negócio não era o fornecimento de armas ao mercado legal em nível local. O destino final das armas era os grupos criminosos brasileiros.
Fabiola Molas, promotora no Paraguai para La Nación

PCC dominou o Paraguai

O PCC "tomou conta do Paraguai", diz o jornal. Nos últimos anos, a organização criminosa se estabeleceu também no país vizinho para se aproveitar da hidrovia Paraná-Paraguai, um centro de distribuição da cocaína produzida no Peru e na Bolívia.

Dirisio se aproveitava de contatos políticos. Além da ligação com a cúpula das Forças Armadas, ele é suspeito de manter vínculo com o ex-vice-presidente Hugo Velázquez, que renunciou ao cargo em agosto de 2022 após se envolver em um escândalo de corrupção que obrigou os Estados Unidos a proibi-lo de entrar no país.

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