Lula condenou atos terroristas do Hamas 'diversas vezes', diz governo
Do UOL, em São Paulo
18/02/2024 20h32Atualizada em 19/02/2024 20h04
A Secom emitiu nota após as reações à fala do presidente Lula comparando as mortes causadas por Israel na Faixa de Gaza com o Holocausto.
O que aconteceu
"Sempre condenou atos terroristas do Hamas". Segundo a Secretaria de Comunicação Social do governo federal, Lula se opôs "diversas vezes" ao ataque do grupo extremista.
O ministro Paulo Pimenta saiu em defesa de Lula nas redes sociais. O chefe da Secom disse que "a comunidade internacional não pode calar diante do massacre de um povo que não pode sofrer um extermínio pelos crimes cometidos por um grupo que deve ser punido pelo que fez."
O presidente Lula condenou desde o dia 7 de outubro os atos terroristas do Hamas. O fez diversas vezes. E se opõe a uma reação desproporcional e ao sofrimento de mulheres e crianças na Faixa de Gaza.
Secretaria de Comunicação Social, em nota
Nossa solidariedade é com a população civil de Gaza, que está sofrendo por atos que não cometeram. (...) As palavras do presidente Lula sempre foram pela paz e para fortalecer o sentimento de solidariedade entre os povos.
Paulo Pimenta, ministro da Secretaria de Comunicação Social
O que disse Lula
Lula deu declaração sobre Israel após comentar outra fala anunciando doações para a agência de refugiados palestinos da ONU. A primeira declaração também gerou polêmica e fez com que o partido Novo abrisse uma queixa-crime contra o presidente na PGR.
O presidente está em viagem e deve chegar ao Brasil na noite de domingo (18).
O que está acontecendo na Faixa de Gaza, com o povo palestino, não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler decidiu matar os judeus.
Presidente Lula
Fala gerou reações
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que Lula "ultrapassou uma linha vermelha". O governo de Israel ainda anunciou que irá convocar o embaixador do Brasil em Tel Aviv para se explicar e para uma reprimenda.
Entidades judaicas também repudiaram declaração. A Conib (Confederação Israelita Brasil) e a Fisesp (Federação Israelita do Estado de São Paulo) disseram que afirmações do presidente brasileiro são "distorção perversa da realidade" e que discurso de Lula está "cada vez mais extremista, tendencioso e dissociado da realidade".
"Falta com honestidade intelectual". O Museu do Holocausto no Brasil disse que Lula também "alimenta o antissemitismo".
"Escandalosa combinação de ódio e ignorância". Essa foi a definição do presidente do Memorial do Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém, Dani Dayan. Em publicação nas redes sociais, ele disse também que a afirmação é uma "clara expressão antissemita", segundo a definição da Aliança Internacional de Memória do Holocausto.
A trivialização do Holocausto é uma tentativa de prejudicar o povo judeu e o direito de Israel de se defender.
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel
Hamas faz elogio a discurso
O grupo extremista divulgou um comunicado elogiando o presidente brasileiro. O texto foi publicado neste domingo, no canal oficial do Hamas no Telegram.
"A declaração surge no contexto de uma descrição precisa daquilo a que o nosso povo está exposto", diz o texto. Além disso, o Hamas afirma que o comentário do presidente brasileiro "revela a enormidade do crime sionista cometido com disfarce e apoio aberto pela administração americana liderada pelo presidente [Joe] Biden".
Em quatro meses de guerra, os bombardeios de Israel na Faixa de Gaza deixaram 28.985 mortos, segundo o Hamas. O dado foi divulgado pelo grupo extremista.
Apreciamos a declaração do presidente brasileiro Lula da Silva, que descreveu aquilo a que o nosso povo palestino está a ser submetido na Faixa de Gaza como um Holocausto, e que o que os sionistas estão a fazer hoje em Gaza é o mesmo que Hitler nazista fez aos judeus durante a Segunda Guerra Mundial
Comunicado divulgado pelo Hamas