Oposição e apoiadores se dividem após Lula comparar ação em Gaza a nazismo
Políticos da oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva criticaram o presidente após a declaração comparando as mortes causadas por Israel na Faixa de Gaza com o Holocausto. Aliados usaram as redes para declarar apoio.
O que aconteceu
"Comparação vergonhosa." "O Holocausto é incomparável e não pode ser naturalizado nunca. Em nome dos brasileiros, pedimos desculpas ao mundo e a todos os judeus", disse Ciro Nogueira, presidente do PP, no X (ex-Twitter).
"Ignorância histórica." "Rasgos de senilidade, maldade deliberada, ignorância histórica e equívoco do ponto de vista da ética, moral e perspectiva geopolítica. O Brasil voltou. Padrão PT", disse Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado.
"Fala cretina." O senador Flávio Bolsonaro (PL-SP) chamou o presidente de "arrogante" no X, e disse que, com ele, o Brasil "é uma pária mundial". "A fala de Lula ainda é mais repugnante após o grupo terrorista Hamas, que assassinou milhares de mulheres, crianças e bebês recentemente, agradecê-lo pela comparação", escreveu.
"É uma afronta aos judeus." Um grupo de deputados federais quer protocolar um pedido de impeachment contra o presidente. Para a deputada Carla Zambelli (PL-SP), o trecho do discurso pode configurar crime de responsabilidade. "O direito à liberdade de expressão não engloba a banalização ao Holocausto", diz nota divulgada pelos parlamentares.
"É intolerável e irresponsável a comparação feita por quem governa nosso país." O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que negocia apoio de Jair Bolsonaro (PL) à reeleição, também criticou a declaração. "Não se pode comparar o incomparável, especialmente porque Israel tem o direito de se proteger e se defender. Pronunciamentos como esse apenas alimentam o discurso de ódio e o antissemitismo", publicou nas redes sociais.
"Comparação necessária", diz apoiadora. A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB) afirmou que Lula falou como um líder global. "Sua voz tem peso e pode contribuir para denunciar o massacre que já vitimou cerca de 30 mil palestinos, a maior parte deles mulheres e crianças.", defendeu.
"Declaração corajosa." A também deputada Sâmia Bonfim (PSOL) "Mais do que nunca, o Brasil precisa romper relações com Israel, diplomáticas e econômicas. Palestina Livre! Abaixo o apartheid colonialista!", disse em publicação.
Fala sobre Holocausto
Lula deu declaração sobre Israel após comentar outra fala anunciando doações para a agência de refugiados palestinos da ONU. A primeira declaração também gerou polêmica e fez com que o partido Novo abrisse uma queixa-crime contra o presidente na PGR.
O que está acontecendo na Faixa de Gaza, com o povo palestino, não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler decidiu matar os judeus.
Presidente Lula
Reação
Fala de Lula é "distorção perversa da realidade", diz Confederação Israelita do Brasil. O órgão afirmou que a comparação ofende a memória das vítimas do Holocausto, assim como seus descendentes.
Para a Fisesp, posicionamento de Lula é "cada vez mais extremista, tendencioso e dissociado da realidade". A Federação argumenta que ações de Israel representam "legítima defesa" contra "um grupo terrorista que não mede esforços para assassinar israelenses e judeus".
Benjamin Netanyahu diz que Lula "ultrapassou linha vermelha"."A trivialização do Holocausto é uma tentativa de prejudicar o povo judeu e o direito de Israel de se defender", declarou o primeiro-ministro.
O governo de Israel anunciou que vai convocar o embaixador do Brasil em Tel Aviv para explicar a situação.
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Quero receberO grupo extremista Hamas elogiou o trecho do discurso de Lula. "Apreciamos a declaração do presidente brasileiro Lula, que descreveu aquilo a que o nosso povo palestino está submetido na Faixa de Gaza como um Holocausto", diz comunicado divulgado no Telegram.
*Com informações do Estadão Conteúdo
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