Janja critica ataques de Israel em Gaza: 'Os limites foram ultrapassados'
Do UOL, em São Paulo
01/03/2024 16h17
A primeira-dama Janja Lula da Silva criticou os ataques das forças de Israel à Faixa de Gaza e disse que "todos os limites já foram ultrapassados".
O que aconteceu
Janja afirmou que Israel "se aproveita do desespero dos palestinos na fila por doações humanitárias". "As pessoas em Gaza vivem uma situação de risco com relação à alimentação. A ajuda humanitária não chega e todos os limites já foram ultrapassados", disse a primeira-dama. Ela também publicou imagem que mostra um saco de farinha coberto de sangue que, segundo ela, seria entregue a palestinos.
Lula pediu fim de "carnificina" durante discurso na abertura da 8ª cúpula da Celac. Ao lado do secretário-geral da ONU, António Guterres, o presidente brasileiro pediu aos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, únicos com poder de veto, que "deixem de lados suas diferenças e ponham fim a essa matança".
"A indiferença da comunidade internacional é chocante", continuou Lula. "A tragédia humanitária em Gaza requer de todos nós a capacidade de dizer um basta para a punição coletiva que o governo de Israel impõe ao povo palestino. As pessoas estão morrendo na fila para obter comida."
Palestinos morreram durante ação humanitária
Mais de 100 pessoas morreram durante distribuição de ajuda na madrugada desta quinta-feira (29), disse o Hamas. Segundo o grupo extremista, vítimas que corriam até caminhões carregados de mantimentos foram atingidas por tiros. A informação foi atribuída pelo Hamas ao hospital Al Shifa, na Cidade de Gaza.
Soldados de israelenses assumiram que efetuaram os disparos. As forças de Israel dizem que abriram fogo após terem se sentido "ameaçadas". Elas negam, porém, terem sido as responsáveis pelas mortes e dizem que as vítimas foram mortas pisoteadas pela multidão.
Após as mortes, ministro de Israel defendeu o fim de ajuda humanitária à Faixa de Gaza. O chefe da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, disse que militares "agiram de forma excelente contra uma multidão de Gaza que tentou prejudicá-los". Ele também afirmou que é "loucura" a manutenção do envio de itens básicos de sobrevivência ao território.
A embaixada de Israel em Brasília disse que as forças israelenses não atiraram contra o comboio de ajuda humanitária. Segundo o escritório da diplomacia israelense, os palestinos tentaram roubar comida de caminhões que ainda estavam em deslocamento. Por isso, os soldados deram tiros de aviso para o alto, a fim impedir que as pessoas continuassem sendo empurradas e pisoteadas.
Brasil subiu tom e acusou Israel de não ter "limite ético". Em comunicado emitido nesta sexta-feira (1º), o Itamaraty afirmou que tomou conhecimento "com profunda consternação, dos disparos por arma de fogo, por forças israelenses".
As cenas também foram denunciadas pela ONU e geraram críticas de especialistas em direitos humanos. Para o governo brasileiro, as aglomerações em torno dos caminhões que transportavam a ajuda humanitária "demonstram a situação desesperadora a que está submetida a população civil da Faixa de Gaza e as dificuldades para obtenção de alimentos no território".
O governo Netanyahu volta a mostrar, por ações e declarações, que a ação militar em Gaza não tem qualquer limite ético ou legal. Comunicado do Itamaraty