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Marketeiro de Milei ironiza Moraes na Argentina: 'Ninguém vai te perseguir'

Fernando Cerimedo, assessor de Javier Milei Imagem: Amanda Cotrim

Do UOL, em São Paulo

01/03/2024 21h17

Fernando Cerimedo, que trabalhou na campanha eleitoral de Javier Milei na Argentina, ironizou a presença do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), na Argentina. O ministro participou de um evento hoje em Buenos Aires.

O que aconteceu

O marketeiro escreveu nas redes sociais que o ministro não seria perseguido e que poderia comentar sobre "o que quiser". "Bem-vindo à Argentina. Aqui você pode ficar à vontade para comentar o que quiser. Até sobre as eleições no nosso país (um país estrangeiro para vocês) e sobre a teoria da conspiração do uso de milícias digitais e inteligência artificial", escreveu o estrategista marcando o perfil de Moraes.

Cerimedo disse ainda que que as redes sociais de Moraes não seriam censuradas. "Não tem problema, faça isso de graça, aqui ninguém vai te perseguir, censurar suas redes sociais, te prender, te trancar na cadeia com criminosos perigosos e traficantes de drogas só por dar sua opinião", ironizou.

O estrategista de Milei também citou as baleias argentinas ao sugerir que o ministro do STF visite a Patagônia. "Seja bem-vindo, desfrute do nosso país, da nossa liberdade e acima de tudo dos nossos bifes. PS: Visite também a Patagônia e nossas baleias, ninguém vai te acusar de ver 'muito perto'". O ex-presidente é investigado em um caso de suposta importunação de animal marinho, ocorrido em junho de 2023, em São Sebastião, no litoral paulista.

Aproveite essa liberdade de questionar, perguntar e até pensar em coisas conspiratórias, aqui você estará livre para fazê-lo. Você pode até pedir o código fonte dos nossos sistemas, assim como eu fiz antes desta eleição, que eles também podem te mostrar.
Fernando Cerimedo, marketeiro de Milei

Quem usar IA para manipular eleição será cassado, diz Moraes

O ministro do STF Alexandre de Moraes em evento em Buenos Aires Imagem: Amanda Cotrim/UOL

Alexandre de Moraes está na Argentina. O ministro foi coordenador acadêmico de um seminário sobre a Atualização do Código Civil Brasileiro em Diálogo com o Código Civil Argentino, na faculdade de direito da Universidade de Buenos Aires — que começou na quinta (29) e se encerra hoje (1º).

Moraes falou sobre punição para quem manipular a eleição. Ele disse que o Tribunal Superior Eleitoral entendeu "corretamente" que não basta só aplicar multa a candidatos que utilizarem inteligências artificial para manipular informações. "[O candidato] vai ser multado e vai perder o mandato", afirmou em evento em Buenos Aires.

Aqueles que usarem inteligência artificial para deturpar as mensagens e não avisarem o eleitor, a eleitora, terão o registro cassado. E se já tiverem sido eleitos, terão seus mandatos cassados.

O ministro do STF negou que há uma parceria entre o Brasil e Argentina para combater fake news. Moraes disse ainda que não tem "conhecimento" de que Cerimedo esteja sendo investigado no Brasil.

Assessor de Milei fez parte da 'rota da desinformação' sobre urnas, diz PF

Fernando Cerimedo é suspeito de integrar um grupo que abriria caminho para um golpe de Estado. Ele é apontado nos documentos da Política Federal como parte da operação que supostamente teria orquestrado uma proliferação de desinformação para abrir caminho a um golpe de Estado no Brasil.

As informações estão na decisão do ministro Alexandre de Moraes. Em fevereiro, o ministro que autorizou prisões e buscas contra ex-ministros e integrantes do núcleo duro do ex-presidente Jair Bolsonaro. O grupo, composto ainda por nomes como Mauro Cid e Anderson Torres, tinha como função a "produção, divulgação e amplificação de notícias falsas quanto a lisura das eleições presidenciais de 2022 com a finalidade de estimular seguidores a permanecerem na frente de quartéis e instalações, das Forças Armadas, no intuito de criar o ambiente propício para o golpe de Estado, conforme exposto no tópico 'Das Medidas para Desacreditar o Processo Eleitoral' constante na presente representação".

Ao longo da campanha de Milei, Cerimedo atraiu a atenção da imprensa argentina, justamente por conta de suas polêmicas no Brasil. Agora, a PF aponta que ele fazia parte do que foi chamado de "Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral" durante as investigações. Cerimedo e os demais membros teriam ainda produzido e divulgado "estudos", sempre com a meta de "estimular seguidores a permanecerem na frente de quartéis e de instalações das Forças Armadas".

Para a PF, Cerimedo "utilizou os mesmos argumentos falsos criados por hackers, citados em conversa mantida entre Mauro Cid e Sérgio Ricardo de Medeiros". Segundo a decisão do STF, a "divulgação (por parte de Cerimedo) em uma live de notícias fraudulentas sobre uma suposta investigação sobre as eleições brasileiras e constatação de disparidades entre a distribuição de votos nas urnas eletrônicas mais novas e mais antigas (que implicariam anomalia favorável ao candidato de número 13 nas urnas fabricadas antes do ano de 2020) é exemplo de tal estratégia ilícita e antidemocrática".

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