Eleito pela 5ª vez, Putin superará tempo de Stalin no poder

Liderando a Rússia desde 1999, Vladimir Putin foi eleito para seu mandato como presidente com 87,97% dos votos, em uma eleição sem concorrentes reais.

O que aconteceu

Vitória de Putin já era dada como certa. Eleições na Rússia terminaram neste domingo, após três dias de votação.

Novo mandato vai até 2030. Mas Putin, hoje com 71 anos, pode seguir no poder até 2036, se decidir concorrer novamente daqui seis anos, após uma série de modificações que ele mesmo promoveu na Constituição russa.

Assim, ele caminha para superar Josef Stalin. O ditador soviético governou a região por 26 anos, entre 1927 e 1953, e só deixou o poder quando morreu.

Já são 24 anos de Putin no comando russo, somando os mandatos como primeiro-ministro e presidente. Essa é a quinta vez que ele ganha as eleições na Rússia.

Ele igualará a marca de Stalin no poder em 2025. Se for reeleito em 2030, pode chegar a 37 anos no poder.

As mudanças para seguir no poder

Em 2021, Putin modificou radicalmente a Constituição russa, o que permitiu que ele concorresse a mais dois mandatos presidenciais. Especialistas acreditam que a medida faz parte de uma série de decisões autoritárias tomadas pelo presidente russo. Se reeleito, ele pode estender o seu governo até 2036.

Putin foi eleito como presidente da Rússia em 2000, após ganhar popularidade ao liderar uma série de bombardeios na região da Chechênia e prometer a reconstrução do país. Antes, ele ocupava o cargo de primeiro-ministro e já havia atuado como agente do serviço de inteligência soviético.

Continua após a publicidade

Nos seus dois primeiros mandatos, Putin ainda não demonstrava ser o que se mostra hoje: um governo cada vez mais conservador e repressivo e que não permite alternativas viáveis de opositores. A partir de 2012/2014, ele se consolidou como um presidente autoritário.
Giovana Branco, doutoranda em Ciência Política pela USP

O que a reeleição significa

Os dois primeiros mandatos de Putin duraram quatro anos. Na época a Constituição russa não permitia um terceiro mandato.

Em 2008, após as eleições presidenciais, o presidente eleito Dmitri Medvedev apontou Putin como seu primeiro-ministro. Durante o governo de Medvedev, a presidência russa passou a ter um mandato de seis anos. Putin foi eleito pela terceira vez em 2012 e, pela quarta vez, em 2018.

Os dois últimos mandatos foram marcados por denúncias de fraudes, protestos e, principalmente por conflitos internacionais. O maior deles, a guerra contra a Ucrânia, já dura mais de dois anos e, segundo Branco, a reeleição significa a continuidade da guerra, que ainda não tem previsão de fim.

O novo mandato significa a continuidade na política externa e o avanço da vontade de Putin de se reerguer como uma grande potência, sempre foi o sonho dele, que o País volte a ter as glórias que um dia a União Soviética teve. A comparação com o Stalin e a vontade da glória são realmente similares: os dois tentaram centralizar o poder e seus governos são marcados pela repressão interna. Giovana Branco, doutoranda em Ciência Política pela USP

Continua após a publicidade

Hoje é muito difícil imaginar uma Rússia sem Putin, como um dia já foi difícil imaginar sem Stalin, diz a especialista. A história se repete e, a soma de guerra e autoritarismo demonstra que o governo Putin se aproxima historicamente e em tempo do governo Stalin.

Como fica a aliança Brasil-Rússia

A primeira cúpula dos BRICs aconteceu em 2009, na Rússia. Desde então os países são oficialmente aliados em um dos blocos econômicos mais importantes do mundo. Naquele momento os países integrantes do bloco tinham características econômicas, políticas e de crescimento populacional similares.

Desde o início do terceiro mandato de Lula, a aliança Brasil-Rússia mudou: Lula afirmou que não impediria possível prisão de Putin no Brasil.

Enquanto Putin se aproximou de Bolsonaro, que tentou mediar o conflito Rússia-Ucrânia, Lula decidiu que não iria se envolver e se afastou do conflito - hoje se entende que o Brasil não quer agradar russos nem ucranianos.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.