13 fatos sobre o caso real que inspirou 'O Exorcismo de Emily Rose'
Você sabia que o nome da verdadeira Emily Rose era Anna Elisabeth Michel? Também conhecida como Anneliese, ela foi uma jovem alemã, cujos pais foram acusados de homicídio após insistirem em sessões de exorcismo para que ela fosse curada. Nascida em 21 de setembro de 1952, Anneliese morreu em 1976, aos 23 anos. Conheça um pouco mais da história aterrorizante da jovem que inspirou a obra cinematográfica "O Exorcismo de Emily Rose" (2005).
O filme é baseado no caso real da garota, assim como outro clássico do terror muito conhecido, "O Exorcista" (1973). O último foi feito com base na obra de William Petter Blatty, que se inspirou em um artigo do jornal "The Washington Post", sobre um garoto de 13 anos que passou por sessões de exorcismo para se livrar de comportamentos estranhos adquiridos após usar uma tábua Ouija para se comunicar com um tio falecido.
Vida real
A jovem alemã Anneliese Michel nasceu em setembro de 1952 e tinha apenas 16 anos quando começou a ter convulsões.
Devoção
Ela foi criada em uma família radicalmente católica e costumava frequentar a missa com os pais e as irmãs, pelo menos duas vezes por semana.
Histórico familiar
Antes de Anneliese, a mãe tinha dado à luz uma filha ilegítima, que morreu aos 8 anos, durante cirurgia para a retirada de um tumor. Anna Michel, mãe de Anneliese, foi forçada a casar com um véu preto por conta da grande vergonha que causou para a família.
Sensível, Anneliese cresceu acreditando que deveria cumprir penitências para compensar os pecados da mãe. Tornou-se tão obcecada em se livrar do mal, que dormia nua sobre pedras para redimir os pecados dos viciados em drogas, que frequentavam a estação perto de sua casa.
Primeiro diagnóstico
A jovem, que até então era saudável, começou a sofrer com ataques epiléticos e, após o acompanhamento com alguns médicos e um neurologista, recebeu o diagnóstico de um tipo de epilepsia chamada de "grande mal".
Depressão
Anneliese começou a sentir presenças demoníacas durante suas orações. Apresentando um quadro de depressão profunda, ela foi internada por um ano, o que a manteve afastada da igreja. Nesse período, ela começou a escutar vozes, que a chamavam de amaldiçoada e a tachavam de condenada. A jovem, então, passou a cogitar o suicídio.
Descoberta
Durante peregrinação religiosa, uma amiga da família percebeu que Anneliese evitou ficar perto de imagens religiosas ou beber de uma fonte de água considerada sagrada, além de "cheirar como o próprio inferno". A mulher sugeriu que a jovem procurasse um exorcista.
Pedido à igreja
Convencida de que estava possuída, ela procurou o padre local para pedir por um exorcismo. O pedido foi negado por duas vezes. A família se convenceu que o caso da jovem era espiritual e interrompeu o uso de medicamentos indicados pelos médicos, que haviam comparado seus últimos sintomas a uma possível esquizofrenia. Os primeiros religiosos que tiveram contato com o caso reforçaram a suspeita de doença.
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O estado de Anneliese piorou consideravelmente. Ela costumava se ajoelhar 600 vezes por dia e, em uma dessas vezes, acabou rompendo os ligamentos do joelho, o que a fez se arrastar para debaixo de uma mesa, onde permaneceu latindo feito um cão por dois dias. Além disso, ela gritava por horas e passou a comer aranhas e carvão, chegando a morder a cabeça de um pássaro morto e a lamber a própria urina do chão. Foi quando, em 1975, o terceiro pedido de exorcismo foi aceito pelo Bispo de Wurzburg, e o caso assumido pelo padre Arnold Renz e pelo pastor Ernst Alt, que realizaram os exorcismos, de acordo com o Ritual Romano de 1614.
Sessões semanais
Arnold Renz e Ernst Alt passaram a realizar duas sessões semanais de quatro horas cada uma. Ao todo foram 67 rituais realizados ao longo de pouco mais de nove meses. Ela ficava trancada em um cômodo, onde permanecia sem comer, beber ou dormir, por vezes acorrentada. Os religiosos disseram ter identificado demônios chamados de Lúcifer, Judas Iscariotes, Nero, Caim e Hitler, que durante as sessões se manifestavam, inclusive, com diferentes pronúncias.
Gravações
No total, 42 horas de exorcismo foram gravadas pelo padre Arnold Renz e pelo pastor Ernst Alt. Quem tem coragem de ouvir se depara com rosnados, gritos, xingamentos e diálogos entre os supostos demônios.
Morte
Anneliese morreu em 1º de julho de 1976, aos 23 anos, com menos de 30 quilos. Ela jejuava por acreditar que assim enfraqueceria os espíritos malignos, porém contraiu pneumonia e não resistiu. A autópsia revelou que a jovem morreu por desnutrição e desidratação. Pouco antes de morrer, declarou: "Mãe, estou com medo".
Consequências após a morte
Os pais da jovem, Anna e Josef, foram acusados, bem como os religiosos Arnold Renz e Ernst Alt, de negligência e homicídio. Embora com penas diferentes, todos foram considerados culpados por permitir que a garota morresse de fome. O caso fez com que a Alemanha debatesse a liberdade religiosa e os direitos paternais. Em 1984, os bispos alemães pediram à igreja para rever o ritual de exorcismo por causa do que aconteceu com Anneliese. Em 1999, o Vaticano publicou a primeira atualização sobre o ritual desde o século 17, introduzindo uma qualificação médica para que o exorcismo possa ser considerado.
Depoimento materno
Em entrevista ao "The Telegraph", em 2005, Anna Michel garantiu que sentia muita falta da filha, mas não se arrependia das decisões tomadas: "Eu sei que fiz a coisa certa, porque eu vi o sinal de Cristo em suas mãos. Ela estava tendo feridas e isso foi um sinal de Deus para exorcizarmos seus demônios. Ela morreu para salvar outras almas perdidas, para expiar seus pecados. Anneliese era uma menina bondosa, amorosa, doce e obediente, mas, quando ela estava possuída, não era algo natural, algo que você pode explicar".
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