Cristina Kirchner: 'Pelo legado de Hugo Chávez, que se publiquem as atas'
Do UOL, em São Paulo (SP)
04/08/2024 08h14Atualizada em 04/08/2024 12h04
A ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner pediu a divulgação das atas eleitorais na Venezuela, uma semana após a proclamação da vitória de Nicolás Maduro.
O que aconteceu
"Pelo legado de Hugo Chávez", disse a peronista. "Peço não só pelo povo venezuelano, pela oposição, pela democracia, mas pelo próprio legado de Hugo Chávez", declarou no México, em referência ao líder venezuelano morto em 2013. A fala ocorreu durante um seminário em que ela foi palestrante.
Kirchner defendeu o "princípio da não ingerência nos assuntos de outros países" e endossou o comunicado conjunto do Brasil, Colômbia e México. No texto, os governos dos três países dizem que a soberania popular deve ser respeitada mediante verificação imparcial das urnas.
"Não há anjos nem demônios" na política da Venezuela, declarou. Em sua fala, a ex-presidente de esquerda não mencionou o nome do ditador Maduro, segundo o jornal La Nacion.
Kirchner também diz que está feliz porque a líder da oposição María Corina Machado ficou "pouco tempo na clandestinidade". Corina e o candidato Urrutia dizem estar sendo ameaçados de prisão pelo regime chavista. Corina discursou em um ato contra Maduro ontem —ela e Urrutia não eram vistos em público desde terça (30).
A Argentina reconheceu na sexta-feira (2) o oposicionista Edmundo González Urrutia como presidente eleito da Venezuela. No seminário no México, Kirchner não mencionou o presidente ultradireitista Javier Milei, mas afirmou que um governo não deve "usar as relações internacionais para a política interna" e pediu"responsabilidade", com o objetivo de "eliminar qualquer conflito que perturbe a paz da nossa região".
Maduro diz que venceu, mas atas não foram divulgadas
A suspeita de irregularidades na eleição provocou uma onda de violência generalizada no país. Pelo menos 19 pessoas morreram e oposição fala em 11 desaparecidos. Maduro anunciou que mais de 1.200 manifestantes foram presos e ameaçou mandá-los para prisões de segurança máxima.
Um dia antes dos atos de sábado (3), o CNE (Conselho Nacional Eleitoral) reafirmou a vitória de Maduro, mas não divulgou as atas eleitorais. A oposição e a comunidade internacional cobram os dados. O diplomata Celso Amorim afirmou que o Brasil está decepcionado com a demora para a divulgação das atas da eleição presidencial.
Estados Unidos, Uruguai, Costa Rica, Peru, Equador e Panamá reconheceram Urrutia como presidente eleito. Em comunicado, os EUA dizem que a vitória da oposição foi esmagadora. Uma contagem paralela da agência Associated Press diz que Urrutia venceu por mais de 3 milhões de voto após análise de 79% das urnas.