Após visitar Lula, rival cutuca Milei: 'Laço com Brasil não é ideológico'

O governador da Província de Buenos Aires, Axel Kicillof, deu uma cutucada no presidente argentino, Javier Milei, após visitar o presidente Lula (PT) no Palácio do Planalto.

O que aconteceu

Ex-ministro de Cristina Kirchner, Kicillof é um dos principais opositores de Milei no país hoje. Ele visitou o Brasil nesta terça (13) para estreitar os laços entre a província e o país, prejudicados depois que o presidente, ultraliberal e crítico de Lula, assumiu.

Kicillof disse que os laços "históricos" entre os dois países não podem ser abalados "por ideologia". "Temos reclamações fortes [contra o governo de Milei], com respeito a fundos por exemplo, que estavam previstos em lei. Fizemos isso publicamente na Argentina", afirmou o governador.

O trabalho permanente com Brasil é imperativo. É difícil tentar outro cenário. Teria de explicar por que Argentina não deveria aprofundar, até quanto possa, seu vínculo e trabalho com o governo brasileiro, [com] qualquer governo.
Axel Kicillof, governador de Buenos Aires

Buenos Aires representa 50% da produção industrial e 40% da produção total da Argentina, segundo o governador. "Trouxemos propostas de investimento. Vocês sabem que as empresas brasileiras que atuam em território argentino o fazem em maior proporção na Província de Buenos Aires", disse.

Ele não confirmou, no entanto, se o negócio foi fechado. Há possibilidades na área de infraestrutura. "Não trabalhamos com promessas, porque podem gerar expectativas equivocadas. Quando há um anúncio, aparece um anúncio", disse.

O governador também distribuiu diversos afagos ao brasileiro, sem perder Milei de vista. "Lula tem um papel importante nos Brics [bloco que reúne países como Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul]. Nesse sentido, nos ilumina e nos dá uma perspectiva de possibilidades que não são alianças vinculadas a posicionamentos políticos, mas ao que convém ao país", disse Kicillof.

Assim que assumiu, Milei formalizou a recusa de entrar nos Brics. Ele chegou a ameaçar tirar o país do Mercosul, mas ainda não o fez —embora não tenha ido ao último encontro de líderes.

Lula e Milei nunca se encontraram

A relação entre os dois países está fria desde que Milei assumiu, em dezembro. Lula disse que espera que o argentino peça desculpas pelas ofensas que fez durante a eleição no ano passado, quando o chamou de "corrupto".

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Os dois nunca se encontraram. Milei veio ao Brasil em julho, quando Lula estava no Paraguai para o Mercosul, e preferiu ir ao congresso conservador CPAC Brasil, em Balneário Camboriú (SC), onde foi recebido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

"Eu acho que quem perde não comparecendo não são os que vieram, é quem não veio", disse Lula à imprensa, na época. Lula não citou o nome de Milei no encontro de julho, mas disse que "disputas internas" se "sobrepuseram à paz" e criticou divisões do continente.

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