Conteúdo publicado há 11 meses

Milei anuncia recusa da Argentina ao Brics em carta a Lula e outros líderes

A Argentina não fará parte do Brics, informou o presidente argentino, Javier Milei, em carta enviada aos chefes de Estado dos cinco países que integram o bloco, incluindo o Brasil.

O que aconteceu

A carta foi endereçada ao presidente Lula. O comunicado (leia completo abaixo) foi enviado por meio das embaixadas de cada país, no dia 22 deste mês.

A Argentina ingressaria no bloco a partir de 1º de janeiro de 2024. A ministra das Relações Exteriores da Argentina, Diana Mondino, já havia adiantado a decisão no fim de novembro, em uma postagem no X (antigo Twitter).

O governo argentino justifica a decisão por diferenças em relação ao governo anterior, de Alberto Fernández. "Algumas decisões tomadas pela administração anterior serão revistas, entre elas está a criação de uma unidade especializada para a participação ativa do país nos Brics", diz um trecho do informe, obtido pelo UOL.

A Argentina estava entre os seis países convidados a se tornarem novos membros do Brics. A lista foi definida em uma cúpula realizada na África do Sul em agosto.

Além do país chefiado por Milei, estão na lista de expansão Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito, Irã e Etiópia. O grupo conta hoje com Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e não irá mudar de nome. Composto por países emergentes, o Brics tem como meta fortalecer o posicionamento dessas nações na esfera internacional.

Apesar de rejeitar a entrada no bloco, Milei disse que manterá os laços comerciais com os cinco membros do Brics. "Desejo destacar o compromisso do meu governo com a intensificação dos laços bilaterais com o seu país, particularmente o aumento dos fluxos comerciais e de investimento", dizem as cartas enviadas aos países.

Carta enviada pela Argentina aos países do Brics:

"SENHOR PRESIDENTE:

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Tenho o prazer de me dirigir a vocês a respeito do convite à República Argentina para aderir ao Grupo BRICS decidido na Cúpula de Joanesburgo em agosto passado.

Como sabem, a marca da política externa do Governo que presido há alguns dias difere em muitos aspectos do Governo anterior. Nesse sentido, algumas decisões tomadas pela gestão anterior serão revistas. Entre elas está a criação de uma unidade especializada para a participação ativa do país no BRICS, conforme indicou o ex-presidente Alberto Fernández em carta datada de 4 de setembro.

A este respeito, gostaria de informar que nesta fase a incorporação da República Argentina ao BRICS como membro pleno a partir de 1º de janeiro de 2024 não é considerada adequada.

Sem prejuízo disso, quero destacar o empenho do meu Governo na intensificação dos laços bilaterais com o seu país, em particular no aumento dos fluxos comerciais e de investimento.

Enquanto espero para me encontrar convosco, aproveito esta oportunidade para reiterar-vos os protestos da minha mais elevada consideração."

Expansão do Brics

O critério para escolha das nações passou pela distribuição geográfica dos novos membros e teve cunho essencialmente político. Também se privilegiaram governos que já estivessem no G20, ainda que esse não tenha sido o único critério.

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À época, Lula demonstrou satisfação em receber novos membros. O petista também dedicou uma mensagem especial ao presidente da Argentina na ocasião, Alberto Fernández: "É com satisfação que damos as boas-vindas aos Brics Arábia Saudita, Argentina, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã. Dedico uma mensagem especial ao querido presidente da Argentina e grande amigo do Brasil e do mundo em desenvolvimento", declarou Lula.

Lula negou viés ideológico na inclusão dos novos países e disse que o critério "não foi aleatório". "A inclusão dos novos membros foi um avanço extraordinário. Não foi de forma aleatória que entrou fulano ou beltrano, mas países que já estavam na fila há anos", afirmou o presidente.

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