A sobrevivente do Titanic que fez previsão sombria de um novo acidente
Elizabeth Gladys Millvina Dean, a última sobrevivente do Titanic, morreu em maio de 2009, quase um século após o naufrágio ocorrido em abril de 1912.
Mais de uma década antes, em 1995, Millvina Dean concedeu uma entrevista ao repórter brasileiro Geneton Moraes Neto. A conversa, exibida no programa Fantástico da TV Globo, aconteceu no porto de Southampton, na Inglaterra, de onde o Titanic partiu antes da tragédia.
O naufrágio do transatlântico voltou a ser bastante relembrado devido à tragédia do submersível Titan, da empresa OceanGate, que realizava expedições turísticas aos destroços do Titanic, localizados a quase 4 quilômetros de profundidade no Atlântico Norte, e implodiu durante uma das viagens com 5 passageiros a bordo, em 2023.
Quase 30 anos antes da implosão do submersível, Millvina Dean mencionou a possibilidade de um novo acidente enquanto falava sobre o desastre do Titanic. Quando questionada pelo repórter brasileiro se o naufrágio havia comprovado que o homem não pode desafiar Deus, a sobrevivente fez um alerta sobre os riscos de desafiar a natureza.
"Tenho certeza de que não podemos ir contra as forças da natureza. Acidentes sempre acontecerão, pois nada é certo. O homem propõe, mas Deus é quem decide", afirmou Millvina.
Ela também expressou sua desaprovação em relação às expedições realizadas dentro dos destroços do navio, localizados perto da Ilha de Terra Nova, no Canadá.
"Não me oponho à recuperação de objetos espalhados no fundo do mar, ao redor da área onde estão os destroços do navio. Eles fazem parte da história. No entanto, não concordo que retirem objetos encontrados dentro dos destroços do Titanic. Detesto a ideia de exploradores retirando itens do interior do navio. Fico pensando onde estariam os restos mortais do meu pai. É horrível", afirmou.
Além de ser a última sobrevivente viva, Millvina Dean também foi a passageira mais jovem do Titanic. Na época do naufrágio, ela tinha apenas dois meses de idade. Ela estava a bordo do navio com sua família, que viajava para tentar abrir um negócio nos Estados Unidos. Sua mãe e seu irmão sobreviveram à tragédia, mas seu pai foi uma das mais de 1.500 vítimas fatais do naufrágio.
*Com reportagem de junho de 2023.
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