Duro de rastrear: como são os foguetes que Hezbollah atirou contra Israel
Ofensiva do grupo extremista Hezbollah contra o território de Israel escalou ainda mais a tensão na região. Mais de 300 foguetes Katyusha, desenvolvidos na antiga União Soviética, foram utilizados no ataque.
Os foguetes Katyusha, ou "Pequena Katy"
Ataque do Hezbollah contou com centenas de mísseis Katyusha. Em comunicado, o grupo afirmou que 320 foguetes do modelo Katyusha foram disparados contra 11 bases militares e quartéis israelenses na manhã do último domingo (25). Israel disse ter neutralizado boa parte da ameaça com seu sistema antímísseis, o Domo de Ferro.
Modelo foi originalmente usado durante a Segunda Guerra Mundial. Os foguetes Katyusha (que significa "Pequena Katy" em russo) eram os artefatos de 82 e 132 mm utilizados pelas forças da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Atualmente, o termo é utilizado para identificar a maioria dos foguetes não guiados utilizados pelo Hezbollah a partir de diferentes plataformas de lançamento.
Hezbollah tem diversos tipos de Katyusha. Segundo o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS, na sigla em inglês), o grupo opera modelos com alcance entre 4 e 40 km, e capacidade de carregar cargas de explosivos ou submunições entre 10 e 20 kg. O peso do foguete, segundo o CSIS, pode variar entre 45 e 75 kg. Até o desenvolvimento de sistemas como o Domo de Ferro, o Katyusha era considerado um foguete de difícil interceptação, por conta de sua trajetória de voo: o curto tempo de trajeto e a baixa altura dificultam o rastreio e a destruição do foguete.
Modelo popular do Katyusha tem alcance de cerca de 20km. O foguete tipo Grad foi originalmente desenvolvido para o BM-21 MRL soviético. Com capacidade de transportar 6 kg de carga, o Grad dispersa fragmentos após a explosão e pode ser disparado por meio de lançadores em tripé simples ou de MRLs (sigla em inglês para lançador de foguetes múltiplos) baseados em caminhões.
Os Katyushas constituem a maior parte da força de foguetes do Hezbollah. Desde a Guerra do Líbano em 2006, o grupo faz uso do foguete em conflitos armados. À época, a estimativa indicava que o Hezbollah tinha em seu poder cerca de oito mil Katyusha. De acordo com o CSIS, desde então a quantidade desse tipo de modelo à disposição do grupo aumentou, apesar de não haver dados oficiais atualizados.
Irã é o principal fornecedor do Katyusha ao Hezbollah. O Irã é forte aliado do grupo libanês para o fornecimento de armamento no conflito contra Israel.
O que aconteceu
Mísseis atingiram casas na cidade de Acre, no norte de Israel. Segundo informações da agência de notícias RFI, uma mulher de 35 anos ficou ferida após ser atingida por estilhaços.
Sistema israelense interceptou parte dos foguetes. O Domo de Ferro, sistema antimísseis utilizado pelas forças israelenses, interceptou grande parte dos Katyusha, de acordo com autoridades do país. O "escudo antimísseis" conta com radares que detectam mísseis inimigos a caminho do território de Israel e calculam, em poucos segundos, o local da provável queda do foguete. Caso a queda seja em uma região habitada, o sistema dispara pelo menos dois mísseis para interceptar o artefato inimigo.
Israel realizou ação preventiva contra plataformas de lançamento de mísseis. Segundo o The New York Times, as plataformas iranianas estavam posicionadas para disparar contra alvos estratégicos em Tel Aviv. A sede do Mossad, serviço secreto de Israel, e uma unidade de inteligência militar estariam entre os alvos dos mísseis do grupo libanês. Autoridades israelenses declararam que "uma centena" de aviões foram utilizados para destruir "milhares de plataformas de lançamento de foguetes" do Hezbollah.
Morte de líder do Hezbollah provocou aumento da violência na região. O ataque em direção a Israel foi uma resposta ao assassinato do comandante Fuad Shukr, nome do alto escalão do Hezbollah que morreu em ataque israelense no final de julho. De acordo com autoridades de Israel, Shukr é o responsável pelo ataque com foguetes que atingiu um campo de futebol em Majdal Shams, nas Colinas de Golã, que matou 12 crianças. O comandante foi morto em um bombardeio em Beirute, no Líbano.
Episódio seria a primeira fase do ataque em resposta a Israel. Segundo o Hezbollah, essa primeira fase de ataques foi finalizada. Ainda não há informações sobre a eventual segunda fase do ataque.
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