Quem é autointitulado 'ditador mais legal do mundo' que Marçal quer visitar

Nayib Bukele, presidente de El Salvador que Pablo Marçal, candidato à prefeitura de São Paulo pelo PRTB, quer visitar, é considerado um líder que flerta com o autoritarismo, famoso por suas políticas duras contra o crime e envolvido em diversas polêmicas que geram debates internacionais. Ele já se chamou de "ditador mais legal do mundo".

O que aconteceu

O candidato a prefeito de São Paulo afirmou que planeja encontrar pessoalmente o presidente salvadorenho. Ele destaca seu interesse nas políticas de combate às gangues e sua estratégia de segurança. A visita faz parte de sua agenda política.

"Ditador mais legal do mundo". Segundo a CNN, Bukele abraça a controvérsia em torno do seu nome e já se chamou de "rei filósofo" e até de o "ditador mais legal do mundo.

Bukele ganhou fama internacional com suas duras políticas contra o crime. Desde que assumiu a presidência em 2019, ele adotou medidas severas contra as gangues que aterrorizam El Salvador há décadas, como a MS-13 e Barrio 18. Em março de 2022, após um pico de homicídios, ele declarou estado de emergência.

Mais de 70 mil pessoas foram presas em uma massiva operação de segurança. Segundo a BBC News, essa medida visava "retomar o controle das ruas", e resultou numa drástica redução da violência. O presidente foi amplamente elogiado por seus apoiadores por conseguir reduzir os índices de criminalidade em um curto período.

Entretanto, as políticas do presidente levantaram sérias preocupações sobre direitos humanos. Organizações como a Human Rights Watch alertaram sobre abusos cometidos durante as operações. Eles apontam detenções arbitrárias, maus-tratos em prisões superlotadas e uma crescente militarização da segurança pública.

Em maio de 2021, Bukele demitiu juízes da Suprema Corte e o Procurador-Geral logo após conquistar a maioria na Assembleia Legislativa. Segundo a Al Jazeera, esse movimento foi considerado um ataque à independência do judiciário e uma tentativa de concentração de poder.

Bukele concorreu à reeleição como presidente em fevereiro - e venceu - , apesar de proibições constitucionais. Embora a constituição de El Salvador proíba a reeleição, a Suprema Corte, reformada por ele, decidiu a seu favor, permitindo-lhe concorrer novamente. Essa decisão causou alarme entre a comunidade internacional, que teme que o presidente salvadorenho esteja levando o país em direção ao autoritarismo.

A reeleição de Nayib Bukele, presidente de El Salvador, pode abrir um precedente para que ele seja formalmente chamado de ditador. A opinião é da historiadora e jornalista Sylvia Colombo, que escreveu sobre o assunto um mês antes das eleições em El Salvador, em sua coluna na Folha. "Há uma resistência da comunidade internacional de chamá-lo "ditador", mesmo que ele impeça pessoas de saírem de suas casas sem o devido processo legal, cerque cidades por dias à procura de "delinquentes", e tenha prendido cerca de 2% da população do país na tentativa de acabar com as "maras" (gangues)", escreveu.

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Veículos internacionais destacam a ambiguidade do presidente salvadorenho. A NPR descreveu Bukele como um líder popular por suas políticas de segurança rigorosas, mas, ao mesmo tempo, criticado por suas tendências autoritárias e por minar as normas democráticas. Essa dualidade entre "salvador" e "autoritário" gera um debate constante sobre seu governo.

A adoção do Bitcoin como moeda oficial também gerou polêmica. Em setembro de 2021, El Salvador se tornou o primeiro país a adotar o Bitcoin como moeda legal, ao lado do dólar americano. A medida, segundo a Reuters, pretendia atrair investimentos internacionais e facilitar o envio de remessas, fundamentais para a economia do país.

Contudo, o impacto econômico da medida foi questionado. A adoção do Bitcoin não foi tão bem-sucedida entre a população, e a volatilidade da criptomoeda trouxe incertezas. O FMI e outros organismos internacionais expressaram preocupações com os riscos que essa política pode representar para a estabilidade financeira de El Salvador.

Crime e populismo

Bukele é frequentemente associado à extrema direita internacional. De acordo com o El País, sua política de segurança rígida, assim como a remoção de temas como a "ideologia de gênero" das escolas públicas, são amplamente elogiadas por movimentos conservadores e de extrema-direita na América Latina e nos Estados Unidos. Personalidades como Tucker Carlson, nos EUA, demonstraram apoio ao presidente salvadorenho, reforçando sua conexão com esse espectro político.

Líderes como Javier Milei, da Argentina, elogiam a postura de Bukele. Segundo a CNN, Milei e outros políticos de extrema-direita veem o modelo do salvadorenho como um exemplo de sucesso no controle do crime e na centralização de poder. O próprio presidente argentino afirmou que estuda implementar algumas dessas estratégias em seu próprio governo.

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A postura de Bukele serve de inspiração para políticos conservadores em vários países. Conforme relatado pelo Brazilian Report, o modelo de "lei e ordem" adotado por Bukele é frequentemente citado por políticos de direita, que buscam replicar suas políticas de segurança pública em contextos nacionais. Embora seus métodos tenham gerado fortes críticas sobre violações de direitos humanos, eles continuam atraindo apoio entre conservadores que priorizam a ordem social acima das garantias civis.

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