Vaiado, Netanyahu ameaça Irã e fala em reconciliação entre árabes e judeus
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, discursou nesta sexta-feira (27) na Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York. Vaiado no início, Netanyahu fez críticas ao Irã, a quem chamou de "maldição", e falou sobre uma "reconciliação histórica" entre árabes e judeus.
O que aconteceu
Premiê disse que foi à ONU para 'falar a verdade' sobre Israel. Ele declarou que não pretendia comparecer neste ano porque seu país "está lutando por sua vida", mas precisava "esclarecer as coisas" após ouvir mentiras e calúnias. "Israel busca a paz, Israel anseia pela paz, Israel fez a paz e fará a paz novamente", afirmou Netanyahu. "Mas temos inimigos selvagens que buscam nos aniquilar."
Netanyahu mostrou mapa em que Irã aparece como 'maldição'. A imagem (foto acima) também retrata Síria e Iraque como maldições. Em outro mapa, Arábia Saudita, Sudão e Egito aparecem como "bênçãos". Segundo o primeiro-ministro israelense, o Irã colocará em risco todos os países do Oriente Médio "se não for controlado".
Ele pediu que o mundo 'se junte a Israel'. Netanyahu também cobrou do Conselho de Segurança da ONU que imponha sanções ao Irã por suas armas nucleares. Segundo o premiê, as ações de Israel atrapalharam o programa iraniano, mas não o interromperam. "A questão diante de nós é simples. Qual desses dois mapas que mostrei moldará o nosso futuro?", questionou.
Premiê ainda defendeu as guerras contra Hamas e Hezbollah. Netanyahu disse que, se o movimento palestino "permanecer no poder", vai se reagrupar e atacar Israel novamente. Sobre os libaneses, afirmou: "Continuaremos destruindo o Hezbollah até que todos os nossos objetivos sejam alcançados". Vale lembrar que Israel e Hezbollah têm se atacado desde o início da guerra em Gaza, mas a crise se intensificou nas últimas semanas, após as explosões de pagers e walkie-talkies que mataram 37 pessoas no Líbano.
Delegação do Brasil não estava presente na ONU durante o discurso. A bancada do Irã também não ouviu Netanyahu falar.
Temos que escolher o que vamos deixar para as próximas gerações: uma benção ou uma maldição. A maldição da agressividade do Irã ou a benção de uma reconciliação histórica entre árabes e judeus. (...) Irã, se vocês nos atacarem, nós vamos atacar vocês. Não há lugar nenhum do Irã que o braço de Israel não possa alcançar, e isso vale para todo o Oriente Médio.
Benjamin Netanyahu, durante discurso na ONU
Irã x Israel
Irã prometeu vingança após ataques atribuídos a Israel em julho. As ofensivas mataram o líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, e o comandante do Hezbollah, Fuad Shukr. Haniyeh estava em Teerã para a posse do novo presidente iraniano, em 31 de julho, quando foi assassinado. Um dia antes, um ataque em Beirute, no Líbano, causou a morte de Shukr.
Aliados do Irã no Líbano, Iraque e Iêmen participariam da investida. "A República Islâmica está determinada a defender sua soberania (...) e não pede a autorização de ninguém para usar seus direitos legítimos", declarou em agosto o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Naser Kanani.
Não é a 1ª vez que o país planeja uma retaliação contra Israel. Em abril, o Irã lançou drones e mísseis contra Israel, em resposta a um ataque contra o prédio da embaixada iraniana na Síria em que vários membros do alto escalão da Guarda Revolucionária foram mortos. Na ocasião, o governo israelense estimou que mais de cem drones foram lançados pelo Irã.
Hoje inimigos jurados, Irã e Israel já foram aliados no passado. O Irã, que à época abrigava a maior comunidade judaica do Oriente Médio, foi o segundo país muçulmano a reconhecer o Estado de Israel, criado em 1948. Tudo mudou em 1979, com a República Islâmica, quando o Irã cortou todas as suas relações oficiais com Israel, ainda que alguns laços comerciais informais tenham sido mantidos.
(Com AFP, ANSA, Deutsche Welle e Reuters)