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Filho de condenado à morte pede que governador impeça execução nos EUA

O condenado Richard Moore, de 59 anos, está no corredor da morte na Carolina do Sul, nos EUA Imagem: Reprodução/YouTube/WACH FOX

Do UOL, em São Paulo

17/10/2024 21h42Atualizada em 17/10/2024 21h42

O filho de Richard Moore, de 59 anos, condenado à morte na Carolina do Sul, nos Estados Unidos, pediu para que o governador do estado, o republicano Henry McMaster, conceda clemência ao pai. Lyndall Moore e os advogados do preso ainda destacaram que o detento é o único negro no corredor da morte no estado a ter sido condenado por um júri composto exclusivamente por brancos.

O que aconteceu

"Ele é um ser humano que cometeu erros", disse o filho. Lyndall argumentou que um erro "particular" do pai provocou a morte de outro ser humano, mas que a "sua sentença é completamente desproporcional ao crime real". A execução de Moore está marcada para 1º de novembro. Ele foi condenado à morte após entrar desarmado em uma loja para roubar, ser surpreendido por um balconista (que estava com duas armas), conseguir roubar uma delas e atirar no peito do funcionário.

Advogados de Moore já solicitaram que a Suprema Corte dos EUA interrompa a execução. No pedido, eles argumentaram que um tribunal inferior deveria analisar se era justo que nenhum afro-americano fizesse parte do júri que condenou Moore no Condado de Spartanburg. Na época da condenação, o condado tinha 20% de negros, conforme dados do censo dos EUA de 2000, citados pela Associated Press.

A defesa e a família também defendem que a execução de Moore é uma pena muito dura. Eles destacaram o histórico do preso na unidade prisional, bem como as ações desenvolvidas por ele para ajudar outros colegas no local. "Ele está muito arrependido pelas decisões horríveis e trágicas que tomou em sua vida. Mas ele passou os últimos 20 anos realmente tentando compensar isso, amando as pessoas que ainda tem em sua vida", disse o advogado Lindsey Vann.

Defesa aponta que sentença de morte foi baseada na discriminação racial no sistema judicial do país. Eles indicam que o caso "foi selecionado para a pena de morte por um promotor do Condado de Spartanburg que tinha um histórico de buscar esse tipo de condenação apenas em casos envolvendo vítimas brancas", disse nota da Justice 360, que representa o preso. Conforme o programa, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos "concluiu que é provável que os direitos humanos de Moore tenham sido violados durante seu julgamento".

Estou realmente impressionado com a imagem que tive do julgamento de Richard, onde há um promotor branco, um juiz branco, advogados de defesa brancos, um júri totalmente branco e ele é a única pessoa afro-americana na sala, e está sendo julgado por um júri que não tem ninguém parecido com ele.
Lindsey Vann, advogado

Apenas governador pode conceder clemência, segundo as leis da Carolina do Sul. Se isso ocorrer, ele será o primeiro preso do estado a ter a sentença de morte alterada para prisão perpétua sem liberdade condicional desde que as execuções nos EUA foram retomadas em 1976.

McMaster já disse anteriormente que confia nos júris e no sistema judicial. Ele não concedeu clemência ao detento condenado por homicídio Freddie Owens, 46, em 20 de setembro, mesmo após um corréu e testemunha, envolvido no caso, declarar que mentiu em depoimento e que o homem não estava no momento do assassinato.

Moore já teve duas datas de execução adiadas anteriormente. Os adiamentos ocorreram em uma fase onde o estado tinha apenas cadeira elétrica e pelotão de fuzilamento como opções para as execuções. Em uma dessas datas, em 2022, o condenado chegou a escolher que a morte dele ocorresse por pelotão de fuzilamento.

Após o reinício da pena de morte nos EUA, que ficou suspensa entre 1972 e 1976, a Carolina do Sul já executou 44 presos. No início dos anos 2000, o país realizava cerca de três execuções por ano.

Preso pode escolher como prefere ser morto

O condenado Richard Moore, de 59 anos, poderá escolher entre pelotão de fuzilamento, injeção letal e cadeira elétrica. Ele tem até 18 de outubro responder às autoridades com o método como prefere morrer.

Se não escolher, por omissão, ele será eletrocutado. A informação foi divulgada pela Fox News. Não há informações até esta quinta-feira (17) que ele já tenha decidido.

Autoridades prisionais enviaram uma carta autenticada ao preso. O texto diz que a cadeira elétrica usada no corredor da morte no estado, construída em 1912, foi testada em 3 de setembro e continua em condições de funcionamento.

Se for morto, o detento será o segundo condenado executado na Carolina do Sul após uma pausa de 13 anos. A interrupção ocorreu porque o estado não conseguia obter na indústria farmacêutica uma droga necessária para a aplicação de injeção letal, informou a Associated Press.

O crime

Richard Moore está no corredor da morte desde 2001. Ele foi condenado pelo assassinato de James Mahoney, 40, funcionário de um supermercado, durante um assalto em 1999, na cidade de Spartanburg, na Carolina do Sul.

Moore entrou no estabelecimento desarmado para roubar. Em determinado momento, o funcionário sacou duas armas. Entretanto, o assaltante conseguiu pegar uma das armas da vítima, e eles trocaram tiros. Moore foi ferido, enquanto Mahoney morreu com um disparo no peito.

O ladrão não acionou o socorro médico após o tiroteio. Gotas de sangue foram encontradas sobre a vítima e as autoridades apontaram que elas mostram que Moore, mesmo ferido, ainda passou por cima do funcionário e roubou o dinheiro do caixa do local.

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