Trump vence em 3 pêndulos: a apuração nos 7 estados que decidem a eleição
Os swing states, também chamados de "estados roxos" ou "estados-pêndulos" no Brasil, são decisivos nas eleições americanas. Neste ano, sete estados vão definir se a presidência vai ficar com Kamala Harris ou Donald Trump. Acompanhe ao vivo no UOL a apuração.
Geórgia
O candidato republicano, Donald Trump, foi declarado vencedor no estado da Geórgia e conquistou 16 delegados na corrida presidencial dos EUA. A vitória foi projetada pelo consórcio de veículos de mídia norte-americanos, apesar de os votos totais ainda não terem sido contabilizados.
Um terço da população da Georgia é de afro-americanos, de acordo com o Pew Research Center. Este grupo demográfico foi visto como uma das forças de Biden para ganhar o estado em 2020. Porém, os eleitores negros demonstraram certa decepção com o atual presidente, segundo a BBC. Agora, os democratas esperam que a substituição de Biden por Kamala reconquiste esse eleitorado e levar os 16 votos do estado.
Trump responde a um processo criminal por uma suposta inferência eleitoral na Georgia. O republicano e outras 18 pessoas são acusadas de conspirar para anular sua derrota para Biden no estado. Ele nega as acusações e culpa o governador da Georgia -o também republicano Brian Kemp- por ter perdido a última eleição. Trump afirmou que Kemp era um "cara ruim", "muito desleal" e "um governador muito mediano", e os comentários podem ter impacto negativo entre os eleitores, que, em sua maioria, aprovam o governador.
Democratas não ganhavam a eleição desde 1996, mas quebraram a série de derrotas em 2020, com 0,2% de vantagem. Até 1960, a Georgia foi extremamente fiel aos democratas. Entre 1994 e 1996, se tornou um swing state clássico, se alternando entre republicanos, democratas e até mesmo um candidato independente (George Wallace, em 1968). Em 1996, entrou oficialmente onda vermelha dos republicanos, e permaneceu assim até 2020, quando Biden foi eleito por 49,5% a 49,3%.
Carolina do Norte
O candidato republicano, Donald Trump, foi declarado vencedor no estado da Carolina do Norte e conquistou 16 delegados na corrida presidencial dos EUA. A vitória foi projetada pelo consórcio de veículos de mídia norte-americanos, apesar de os votos totais ainda não terem sido contabilizados.
O estado passou por um longo período de apoio aos democrata, mas ficou vermelho nas últimas décadas. O partido de Kamala foi predominante entre 1876 e 1964, perdendo para um único republicano em 88 anos: Hebert Hoover. Porém, desde os anos 1970, os republicanos dominam o estado, perdendo apenas para Carter (1976) e na primeira eleição de Barack Obama (2008). Apesar da fidelidade aos republicanos, o estado elege apenas governadores democratas desde 2017.
Pensilvânia
Com 19 votos no colégio eleitoral, Pensilvânia é primordial na contagem de votos. Os dois partidos reconhecem que este é um dos estados mais importantes e dedicaram grandes investimentos financeiros para conquistar essa população.
Governador da Pensilvânia se juntou a Biden na campanha por Kamala. O atual presidente e Josh Shapiro —que tem boa popularidade entre a população e chegou a ser cotado como vice na chapa democrata— organizaram uma turnê de campanha no estado. Além disso, embora Biden tenha construído sua carreira política em Delaware, o presidente nasceu na Pensilvânia, e utilizou as raízes no estado como uma estratégia de campanha.
Estado escolheu Biden em 2020 e Trump em 2016. Entre os anos 1860 e 1932, o estado elegeu apenas republicanos. A partir da primeira eleição de Roosevelt, em 1936, a Pensilvânia passou a se alternar entre os partidos. Em 1992, começou a série de seis vitórias democratas, que só foi quebrada em 2016, com a conquista de Trump. Nas eleições seguintes, o empresário perdeu para Biden por 1,6%.
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Quero receberMichigan
Estado tem 15 delegados e maior porcentagem de árabes-americanos no país. O partido Democrata perdeu aprovação no estado devido ao apoio de Biden a Israel no conflito contra a Palestina. Por outro lado, Kamala conseguiu conquistar o forte apoio do principal sindicato da indústria automobilística, relevantes no estado.
Trump foca em discursos sobre custo de vida para mobilizar a classe média. O republicano apresenta Kamala como a herdeira de um mandato democrata marcado pela inflação. Além disso, Trump escolheu Grand Rapids, no Michigan, para fazer sua primeira aparição pública após o atentado, demonstrando que reconhece a importância destes delegados.
Estado elegeu seis republicanos e sete democratas nos últimos 52 anos. Durante os anos 70 e 80, o Michigan elegeu os republicanos Nixon, Ford, Reagan e Bush. Até que, nas eleições de 1992, o estado escolheu o democrata Bill Clinton e seguiu fiel ao partido, elegendo Gore, Kerry e Obama. Em 2016, o estado muda de direção novamente, dando uma vantagem de 0,2% a Trump em relação à Hillary. Já em 2020, Michigan elegeu Biden com 50,6%.
Wisconsin
Reconhecendo a importância dos 10 delegados que representam Wisconsin, partidos escolheram Milwaukee como palco para nomeação de Trump e para primeiro comício de Harris. Enquanto os republicanos focam nos eleitores rurais e jovens, com tendência mais conservadora, o Partido Democrata conta com os moradores das grandes cidades - como Madison e a própria Milwaukee - para conquistar o estado.
Democratas se arrependeram de tomar o estado como "vitória ganha" em 2016 e voltaram a investir fortemente na campanha. Durante a corrida eleitoral de 2016, Hillary Clinton não visitou o estado nenhuma vez, e assistiu ao fim da dinastia democrata no estado, que já durava quase 30 anos. O partido está investindo quase US$ 50 milhões em campanhas no estado e, ao que tudo indica, parece retomar a dominação azul da década anterior. Já os republicanos estão destinando US$ 15 mi, segundo o Time.
Estado teve longas tendências aos dois partidos. Entre 1944 e 1984, Wisconsin votava frequentemente a favor dos republicanos. Durante estes 40 anos, ocorreram apenas três vitórias democratas: Truman (1948), Johnson (1964) e Carter (1976). A partir das eleições de 1988 e até a reeleição de Obama, em 2012, o estado elegeu apenas democratas. Entretanto, em 2016, Trump venceu Hillary por 1%. No pleito seguinte, o partido azul volta à liderança, quando Biden supera o republicano por 0,6%.
Arizona
Fronteira com o México torna imigração uma das principais questões no estado. Trump tem aproveitado o tema para proferir ataques à Kamala, que foi nomeada por Biden para lidar com as questões e diminuir as crises nas fronteiras. O republicano também promete realizar "a maior operação de deportação" da história dos EUA se recuperar a presidência - política que agrada grande parte da população do Arizona.
Estado é campo de batalha na discussão sobre o acesso ao aborto. Em 2022, os republicanos do Arizona tentaram restabelecer a proibição quase total ao aborto. O Partido Democrata deve usar a discussão para conquistar o apoio de mulheres e eleitores mais jovens.
Biden venceu por 0,3% na última eleição. O estado costumava ser lar republicano -apenas dois democratas foram eleitos entre 1952 e 2020-, mas mudanças de mentalidade da população têm tornado a disputa pelos 11 delegados mais apertada.
Nevada
Candidatos lutam pelo apoio dos latinos em Nevada, que são quase 20% da população, para levar os seis delegados. Apesar do discurso anti-imigração, Trump tem apoio considerável da população. Harris talvez conte com o apoio do movimento trabalhista, que era fiel a Biden, mas não garantiu a transferência da lealdade para a substituta.
Questão econômica é importante para o estado, que ainda sofre para se recuperar da pandemia. Segundo a BBC, am agosto, Nevada tinha uma taxa de desemprego de 5,1% -uma das maiores do país- e sofria com uma das recuperações econômicas mais lentas. Trump prometeu que, se ganhar, diminuirá os impostos e regulamentações.
Democratas têm esperança no público mais jovem. Kamala Harris espera que a chegada de novos moradores - trabalhadores mais jovens e com melhor formação, que costumam vir da vizinha Califórnia para trabalhar no setor tecnológico ou na transição energética - atue a seu favor.
Nevada foi um estado roxo clássico, com partidos intercalados ao longo da história. Entre 1968 e 1988, os republicanos conseguiram emplacar cinco vitórias seguidas. Em 2008, foi a vez dos democratas assumirem a hegemonia, que têm mantido desde então.
Entenda as regras
Nos Estados Unidos, o presidente não é eleito diretamente. Os eleitores escolhem os representantes do colégio eleitoral (delegados) de seus respectivos estados. Na prática, o partido que vence em cada estado ganha um determinado número de "pontos", representados pelos delegados.
Voto não é obrigatório. Diferentemente do Brasil, os norte-americanos podem se abster de votar. Pessoas a partir dos 18 anos estão aptas a votar.
O número de delegados em cada estado varia de 3 a 54. Ele é calculado a partir do tamanho da população e do número de parlamentares.
Candidato recebe todos os votos do estado, independente das porcentagens. Ou seja, se a votação ficar 51% a 49% em um estado com dez delegados, o candidato que teve mais votos levará os dez representantes.
É possível que um candidato receba a maioria dos votos populares, mas perca a eleição. Em 2016, Donald Trump teve quase três milhões de votos a menos do que Hillary Clinton, mas foi eleito porque somou 306 delegados. A mesma situação aconteceu nas eleições presidenciais de 1824, 1876, 1888 e 2000.
Os estados de Maine e Nebraska são os únicos que fogem à regra, usando o método do distrito congressional. Neste caso, os estados indicam dois votos de delegados para o vencedor no estado todo e mais um delegado para o vencedor em cada distrito.
Califórnia, Texas e Flórida são os que valem mais. São 54, 40 e 30 delegados respectivamente. Seis estados (Alasca, Dakota do Norte, Dakota do Sul, Delaware, Vermont e Wyoming) e a capital Washington são os que têm menos delegados, com três cada um.
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