Mais de 83 milhões já votaram nos EUA; urnas começam a fechar às 20h
Do UOL, em São Paulo, e colunista do UOL, em Nova York
05/11/2024 05h30Atualizada em 05/11/2024 20h29
Mais da metade dos eleitores registrados nas eleições dos EUA (83 milhões) já votaram, segundo a emissora norte-americana ABC News. As primeiras urnas foram fechadas às 20h desta terça-feira (5), em Kentucky e Indiana --mas não há expectativa de que o resultado seja confirmado antes de quarta-feira (6).
A disputa pela presidência é protagonizada pela democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump. Além do presidente, os eleitores votam para governadores em 11 estados, 33 cadeiras no Senado e todas as vagas na Câmara.
Fechamento de urnas
As urnas dos sete "estados roxos", nos quais a disputa entre democratas e republicanos é historicamente acirrada, começam a fechar a partir das 21h. São eles: Geórgia (fecha às 21h); Carolina do Norte (às 21h30); Pensilvânia (22h); Michigan (23h); Wisconsin (23h); Arizona (23h); e Nevada (00h).
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Pesquisas de bocas de urna começaram a ser divulgadas no início da noite pela Edison Research. Porém, diferente do que acontece no Brasil, os levantamentos não projetam o resultado eleitoral. O que mostram, na verdade, é um panorama de opiniões e motivações dos eleitores de acordo com idade, gênero, escolaridade e outros recortes demográficos.
A maioria dos estados americanos é fiel a um dos partidos e não tem surpresas durante a contagem dos votos. Porém, esses estados variam os escolhidos, elegendo tanto republicanos quanto democratas, geralmente por margens acirradas. Por isso, os estados também recebem o apelido de "roxos", pois representam a mistura entre os partidos vermelho (Republicanos) e azul (Democratas).
Candidatos valorizam a opinião de cada estado porque eleições acontecem em sistema de colégio eleitoral. Nos EUA, o presidente e vice não são eleitos diretamente pelo voto dos cidadãos. Os eleitores, na realidade, escolhem os representantes do colégio eleitoral de seus respectivos estados. O número de delegados em cada estado varia entre 3 e 54, sendo proporcional ao tamanho da população e de parlamentares. No total, um candidato precisa conquistar 270 dos 538 delegados para ser eleito.
Autoridades da Pensilvânia e Michigan acreditam que os resultados da eleição devem ser divulgados mais rapidamente do que em 2020. O governador Josh Shapiro, da Pensilvânia, estima que cerca de 1 milhão de cédulas a menos foram solicitadas pelo correio neste ano, em comparação com o pleito realizado durante a pandemia da covid-19.
Shapiro também citou uma mudança na lei estadual que exige que os votos sejam contados sem parar. "Tudo isso junto deve acelerar a contagem", afirmou à CNN Internacional.
Já a secretária de Estado de Michigan, Jocelyn Benson, afirmou que os eleitores estão perto de igualar o maior comparecimento já registrado no estado.
Bocas de urna mostram que maioria vê democracia dos EUA sob ameaça
Quase três quartos dos eleitores acreditam que a democracia norte-americana está ameaçada, segundo a pesquisa de boca de urna nacional da Edison Research. O resultado reflete a ansiedade que enfrenta após uma campanha presidencial contenciosa: 73% acreditam que a democracia está em perigo, contra 25% que dizem que ela está segura.
A democracia e a economia foram classificadas, de longe, como as questões mais importantes para os eleitores, seguidas por aborto e imigração, segundo os dados. Os resultados nacionais das pesquisas de boca de urna ajudam a compreender o pensamento dos eleitores, mas podem não se alinhar diretamente com os sete Estados cruciais que deverão decidir a eleição, os chamados estados-pêndulo: Arizona, Carolina do Norte, Flórida, Geórgia, Michigan, Pensilvânia e Wisconsin. Antes da eleição, as pesquisas de opinião mostravam os candidatos empatados em cada um destes estados.
Kamala vota na capital e Trump na Flórida
A candidata democrata fez seu voto por correio. Kamala irá acompanhar a eleição em seu gabinete, em Washington DC.
Trump votou pessoalmente. Ex-presidente depositou o voto em West Palm Beach, na Flórida, acompanhado da esposa, Melania Trump. "Se eu perder uma eleição, se as eleições forem justas, eu seria o primeiro a reconhecer isso. Até agora penso que têm sido justas", declarou Trump à imprensa após votar.
O republicano também pediu que os seus eleitores não deixem de votar por causa das longas filas. "As pessoas querem tornar a América grande novamente. Isso significa que as filas vão ser longas", escreveu o candidato no X.
A democrata Kamala Harris também incentivou eleitores a irem às urnas. "Seu voto é sua voz", escreveu a candidata no X.
1ª urna apurada
A primeira urna apurada das eleições dos EUA, na cidade de Dixville Notch, revelou empate. Cada um dos candidatos recebeu três votos.
Os eleitores da cidade turística em New Hampshire foram os primeiros a abrir o dia das eleições. Eles votaram no início desta terça, e o resultado reflete a disputa acirrada pela Casa Branca apontada pelas pesquisas.
'Transição pacífica'
Procuradores-gerais dos EUA se uniram para fazer um apelo por uma "transição pacífica de poder". Se o pedido é normalmente feito pelo governo dos EUA para outras regiões do mundo onde o processo eleitoral é incerto, a declaração nesta terça-feira foi interpretada como um sinal da fragilidade da democracia americana.
O comunicado foi divulgado pela Associação Nacional de Procuradores Gerais (NAAG, na sigla em inglês). "Independentemente do resultado da eleição de terça-feira, esperamos que os americanos respondam pacificamente e condenamos quaisquer atos de violência relacionados aos resultados", diz a nota.
Dois homens foram presos em meio à votação nos EUA. A polícia do Capitólio, palco da tentativa de golpe de 6 de janeiro de 2021, prendeu um homem no centro de visitas que estava com odor de combustível e estava carregando uma tocha e uma pistola de sinalização.
O outro homem foi preso após fazer ameaças em um ponto de votação da cidade de Fowler, em Nova York. Suspeito se irritou após ser impedido de votar por ter condenação criminal.
Disputa acirrada
O foco dos candidatos é a Pensilvânia. O estado-pêndulo que pode definir o próximo presidente por seu peso eleitoral, representatividade demográfica e eleitorado imprevisível —os outros estados chamados roxos são Michigan, Wisconsin, Geórgia, Carolina do Norte, Arizona e Nevada. Segundo o U.S. News, dez dos últimos 12 presidentes eleitos venceram na Pensilvânia, reforçando seu papel de "termômetro eleitoral" para a vitória eleitoral. Pensilvânia possui pluralidade demográfica que a torna um "microcosmo" dos EUA.
Temor de que Trump não reconheça a vitória e gere onda de violência. A campanha dele já indicou que isso deve acontecer. Kamala admitiu que seu partido está pronto para responder, e o governo Biden alertou que não vai tolerar. Washington DC e outros locais dos EUA reforçaram a segurança com medo de episódios de violência após o anúncio dos resultados. Autoridades indicam que existem riscos reais de que cenas como a da invasão do Capitólio, em 2021, voltem a ser registradas.
As chances de a democrata Kamala Harris vencer o republicano Donald Trump passaram de 50% para 56%. O aumento registrado em atualização final da previsão estatística do site da revista americana The Economist.
A grande pergunta é: em uma eleição tão disputada, com uma enxurrada de desinformação e mentiras, como Trump e o Partido Republicano reagirão se forem derrotados? Tudo indica, e pelo menos essa era a orientação do partido até agora, que haverá questionamento e uma tentativa de dizer que a eleição foi fraudulenta. Na verdade, os republicanos já começaram a dizer isso antes mesmo da eleição terminar. Amanhã, Washington estará absolutamente abarrotada por agentes de segurança e policiais. Há uma grande preocupação com relação à eventual violência que pode acontecer depois do anúncio do resultado.
Jamil Chade, colunista do UOL
Campanha foi marcada por atentado a tiro contra Trump. O republicano foi baleado durante comício na Pensilvânia, uma atingiu de raspão na orelha do ex-presidente. Um apoiador acabou morto. O atirador foi morto no local pelo Serviço Secreto.
Kamala entrou na disputa apenas em agosto. O Partido Democrata decidiu substituir o atual presidente, Joe Biden, que tentava a reeleição, em decorrência do desempenho ruim no primeiro debate e em meio a especulações sobre as capacidades do democrata, que tem 81 anos.
Candidatos debateram apenas uma vez. O encontro na ABC News aconteceu em 10 de setembro. Para a maior parte da imprensa norte-americana, Kamala se saiu melhor no embate. O republicano, por sua vez, preferiu recusar os convites de outras emissoras, alegando que as empresas de mídia estão contra ele.
Trump adotou discurso xenófobo e adotou desinformação. Como parte da campanha, Trump insistiu que a votação de 2020, quando ele foi derrotado, foi alvo de fraude —o que já foi comprovado que não ocorreu. Ele também adotou forte discurso anti-estrangeiros e prometeu uma "deportação em massa". Em episódio que repercutiu bastante, acusou imigrantes de comer animais de estimação dos americanos.
Veja como funciona o processo eleitoral:
Mapa mostra o resultado das eleições para presidente de 2020