Kamala x Trump: EUA escolhem presidente em eleição tensa e acirrada
Do UOL, em São Paulo; e colunista do UOL, em Nova York
05/11/2024 05h30Atualizada em 05/11/2024 08h44
Após meses de campanha, milhões de pessoas devem ir às urnas nesta terça-feira (5) para a escolha do novo presidente dos Estados Unidos —o número de eleitores é incerto, porque o voto não é obrigatório. Kamala Harris, do Partido Democrata, e Donald Trump, do Partido Republicano, buscam vaga na Casa Branca. Além do presidente, os eleitores governadores em 11 estados, 33 cadeiras no Senado e todas as vagas na Câmara.
Kamala votou na capital e Trump votará na Flórida
A candidata democrata fez seu voto por correio. Kamala irá acompanhar a eleição em seu gabinete, em Washington DC.
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Trump deve votar pessoalmente. Previsão é de que ele vá pessoalmente em West Palm Beach, na Flórida.
O que aconteceu
Há dúvidas se Donald Trump aceitará caso saia derrotado. O candidato republicano jamais admitiu que perdeu de forma justa para Joe Biden em 2020 e manteve o discurso na campanha deste ano.
Votação antecipada para presidente começou em 17 de outubro. As urnas foram abertas inicialmente na Carolina do Norte, apenas algumas semanas após o furacão Helene devastar o oeste do Estado. Esse método de votação antecipada existe para facilitar o acesso ao voto e aumentar a taxa de participação. A maioria dos estados adota, mas cada um tem suas regras e prazos.
Mais de 80 milhões de pessoas já haviam até a manhã desta terça-feira (5). O número representa praticamente metade de todos os votos registados em 2020, quando Joe Biden venceu. Naquele ano de pandemia, 154 milhões de americanos foram às urnas.
Kamala e Trump disputam cada voto, e pesquisas mostram empate. Os candidatos aparecem empatados dentro da margem de erro em todos os estados considerados decisivos, os chamados estados-pêndulos. Kamala saiu na frente nas primeira pesquisas, mas na reta final Trump se recuperou, então ficou difícil prever o resultado.
A grande surpresa dos últimas dias foi o voto feminino no Iowa. Uma pesquisa divulgada no sábado (2) mostra Kamala liderando as intenções de voto em Iowa, impulsionada pelo voto feminino, especialmente de mulheres idosas. Isso seria uma reviravolta no estado tradicionalmente republicano. Em 2016, Trump venceu ali por mais de nove pontos percentuais e, em 2020, por oito pontos. Kamala tem 47% das intenções de voto contra 44% de Trump, segundo a pesquisa Selzer, encomendada pelo jornal Des Moines Register e considerada respeitada e com bom índice de acertos.
O foco dos candidatos é a Pensilvânia. O estado-pêndulo que pode definir o próximo presidente por seu peso eleitoral, representatividade demográfica e eleitorado imprevisível —os outros estados chamados roxos são Michigan, Wisconsin, Geórgia, Carolina do Norte, Arizona e Nevada. Segundo o U.S. News, dez dos últimos 12 presidentes eleitos venceram na Pensilvânia, reforçando seu papel de "termômetro eleitoral" para a vitória eleitoral. Pensilvânia possui pluralidade demográfica que a torna um "microcosmo" dos EUA.
Temor de que Trump não reconheça a vitória e gere onda de violência. A campanha dele já indicou que isso deve acontecer. Kamala admitiu que seu partido está pronto para responder, e o governo Biden alertou que não vai tolerar. Washington DC e outros locais dos EUA reforçaram a segurança com medo de episódios de violência após o anúncio dos resultados. Autoridades indicam que existem riscos reais de que cenas como a da invasão do Capitólio, em 2021, voltem a ser registradas.
A grande pergunta é: em uma eleição tão disputada, com uma enxurrada de desinformação e mentiras, como Trump e o Partido Republicano reagirão se forem derrotados? Tudo indica, e pelo menos essa era a orientação do partido até agora, que haverá questionamento e uma tentativa de dizer que a eleição foi fraudulenta. Na verdade, os republicanos já começaram a dizer isso antes mesmo da eleição terminar. Amanhã, Washington estará absolutamente abarrotada por agentes de segurança e policiais. Há uma grande preocupação com relação à eventual violência que pode acontecer depois do anúncio do resultado.
Jamil Chade, colunista do UOL
Campanha foi marcada por atentado a tiro contra Trump. O republicano foi baleado durante comício na Pensilvânia, uma atingiu de raspão na orelha do ex-presidente. Um apoiador acabou morto. O atirador foi morto no local pelo Serviço Secreto.
Kamala entrou na disputa apenas em agosto. O Partido Democrata decidiu substituir o atual presidente, Joe Biden, que tentava a reeleição, em decorrência do desempenho ruim no primeiro debate e em meio a especulações sobre as capacidades do democrata, que tem 81 anos.
Candidatos debateram apenas uma vez. O encontro na ABC News aconteceu em 10 de setembro. Para a maior parte da imprensa norte-americana, Kamala se saiu melhor no embate. O republicano, por sua vez, preferiu recusar os convites de outras emissoras, alegando que as empresas de mídia estão contra ele.
Trump adotou discurso xenófobo e adotou desinformação. Como parte da campanha, Trump insistiu que a votação de 2020, quando ele foi derrotado, foi alvo de fraude —o que já foi comprovado que não ocorreu. Ele também adotou forte discurso anti-estrangeiros e prometeu uma "deportação em massa". Em episódio que repercutiu bastante, acusou imigrantes de comer animais de estimação dos americanos.
Veja como funciona o processo eleitoral:
Mapa mostra o resultado das eleições para presidente de 2020