Presa engravida usando seringa com sêmen enviado por colega nos EUA
Do UOL, em São Paulo
29/11/2024 13h01
A norte-americana Daisy Link, que está presa sob acusação de homicídio desde 2022, engravidou de outro preso sem nunca ter tido qualquer contato físico com ele, em uma situação inusitada que considerou um ''milagre''.
O que aconteceu
Daisy engravidou através de uma "inseminação caseira". Ela injetou sêmen do pai da criança através de uma seringa.
Daisy, 29, e Joan Depaz, 24, estão detidos no mesmo presídio na Florida. No Turner Guilford Knight Correctional Center, o jovem também está preso por uma condenação separada de assassinato.
Casal começou a conversar por meio de dutos de ventilação. À WSVN, a mulher detalhou como funcionava o esquema: ''Você batia e conseguia ouvir as pessoas dos diferentes andares. Você ficava em pé no vaso sanitário para poder falar com elas.
Ficando isolado por tanto tempo, você começa a passar horas e horas conversando com essa pessoa, a ponto de ser quase como se você estivesse na mesma sala que ela. Daisy Link
Sem nunca se terem visto, os dois compartilharam um com o outro o sonho de terem uma criança. Apesar de não poderem ter contato físico, os dois detentos bolaram um plano para realizar o desejo, que chamaram de ''milagre''.
Joan começou a colocar seu sêmen em um filme plástico todos os dias por um mês. O preso, então, jogava o pacote pelo duto para cela de Daisy, que injetava o material em si mesma por meio de uma seringa.
A detenta conseguiu engravidar no final de 2023 e o bebê nasceu em junho deste ano. Agora, a criança tem cinco meses e está morando com a mãe de Joan, que se tornou avó pela primeira vez, ainda segundo o jornal WSVN, que fez uma entrevista exclusiva com o casal em novembro.
Investigação foi aberta após a gravidez
O Departamento Penitenciário de Miami-Dade tem uma investigação interna em andamento. As autoridades apuram como isso pode ter acontecido sem que qualquer agente penitenciário percebesse.
No início, a própria família da detenta registrou uma denúncia e exigia respostas sobre a gravidez de Daisy. Os familiares acreditavam que ela poderia ter sido abusada sexualmente dentro da prisão, até a mulher contar como realmente tudo aconteceu.
Os dois foram colocados em instalações separadas. Joan está no Centro de Detenção Metrowest, enquanto Daisy continua no Turner Guilford. O casal ainda fala ao telefone e faz videochamadas com a filha.
Inseminação caseira
A inseminação caseira não é recomendada por médicos. O método pouco convencional traz riscos à saúde e, no Brasil, cresceu desde 2022 com a crise econômica e impulsionada pelas redes sociais.
A inseminação caseira é uma forma de engravidar sem sexo ou ajuda de médicos. O casal busca um doador de sêmen, que faz a coleta do esperma. O material genético é então colocado em uma seringa e injetado no corpo pela mulher que deseja engravidar.
Entre os riscos da prática, estão o de infecção e transmissão de doenças. "Pegar o sêmen bruto sem nenhum tipo de processamento e inocular no útero tem implicações médicas que podem trazer certo risco do ponto de risco infeccioso, por DSTs ou contaminações outras", explicou Pedro Augusto Araújo, vice-presidente da Comissão Nacional de Reprodução Humana da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) à Agência Estadão.
Do ponto de vista jurídico, também pode haver riscos para os dois lados. A advogada Tatiane Velloso, especialista em direitos LGBT, explica que o doador pode requerer a paternidade e o casal pode reivindicar que o doador assuma o papel de pai - e passe a pagar, por exemplo, pensão alimentícia. A alta demanda, afirma, faz com que até doadores busquem apoio jurídico para tentar se resguardar