O que está acontecendo em Aleppo, cidade da Síria invadida por rebeldes

A cidade de Aleppo, uma das maiores da Síria, é palco desde sexta-feira (29) de um conflito entre militares do governo Bashar al-Assad e rebeldes contrários ao presidente.

O que aconteceu

A ação surpresa de rebeldes em Aleppo aconteceu na sexta-feira (29). Contrários ao presidente Bashar al-Assad, eles chegaram ao coração da cidade, no norte do país, quase uma década após terem sido expulsos da região.

O aeroporto civil de Aleppo também foi tomado pelos rebeldes. O Irã diz que o consulado da cidade foi atacado. Em comunicado, o Ministério de Relações Exteriores em Teerã afirmou que o local foi alvo de ofensas de "elementos terroristas armados".

Incursão liderada pelo grupo militante islâmico Hayat Tahrir al-Sham começou na quarta-feira (27). Os combatentes ocuparam dezenas de cidades e vilarejos na província de Aleppo. Os comunicados sobre os avanços no país são feitos por uma sala de operações da ofensiva.

Bombardeios insurgentes deixaram mortos na cidade. Cerca de 327 pessoas morreram nos combates desde o início da ofensiva rebelde, de acordo com o SOHR (Observatório Sírio para os Direitos Humanos), incluindo 44 civis.

30.nov.2024 - Fumaça sobe à distância enquanto carros danificados são vistos no local dos ataques aéreos do regime sírio contra combatentes anti-regime
30.nov.2024 - Fumaça sobe à distância enquanto carros danificados são vistos no local dos ataques aéreos do regime sírio contra combatentes anti-regime Imagem: AAREF WATAD / AFP

A brigada rebelde Jaish al-Izza afirmou que o avanço ocorreu devido ao baixo número de homens apoiados pelo Irã na província. Os aliados do Irã na região sofreram uma série de baixas contra Israel, à medida que a guerra na Faixa de Gaza se expandiu pelo Oriente Médio.

O ataque desta semana foi o maior desde março de 2020. Naquele ano, Rússia e Turquia fizeram um acordo para abrandar o conflito. O Exército sírio disse que segue enfrentando a ação e que havia causado grandes perdas aos insurgentes em Aleppo e Idlib.

Guerra civil no país era considerada contida. Assad, com a ajuda de seus aliados Rússia e Irã, conseguiu colocar cerca de dois terços do país novamente sob o controle do governo nos últimos anos, sendo que Idlib, a sudoeste de Aleppo, continua sendo o último reduto rebelde.

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Rússia bombardeia pela 1ª vez em 8 anos

Caças russos e sírios realizaram bombardeios neste sábado (30) em Aleppo contra os rebeldes. É a primeira vez em oito anos que a Rússia ataca a cidade.

O Exército russo confirmou os ataques. "A Força Aérea russa está efetuando bombardeios [...] contra materiais e efetivos de grupos armados ilegais, contra postos de controle e contra arsenais e posições de artilharia."

Já a França pediu respeito à lei humanitária internacional. Os franceses pediram neste sábado que "todas as partes respeitem a lei humanitária internacional e protejam a população civil" em Aleppo, no norte da Síria, em grande parte controlada por jihadistas e rebeldes após uma ofensiva relâmpago".

Chancelaria francesa acompanha o caso. "A França está acompanhando de perto os desenvolvimentos militares em Aleppo", disse o Ministério das Relações Exteriores em um comunicado.

O governo francês não é aliado do regime de Bashar al-Assad. No passado, a França já participou de ataques contra o ditador da Síria, e juízes franceses chegaram a emitir mandados de prisão contra al-Assad.

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Guerra civil

27.nov.2024 - Combatentes da Hayat Tahrir al-Sham (HTS) se reúnem em uma posição na periferia leste da cidade de Atarib
27.nov.2024 - Combatentes da Hayat Tahrir al-Sham (HTS) se reúnem em uma posição na periferia leste da cidade de Atarib Imagem: Abdulaziz KETAZ / AFP

Guerra contida. Durante a guerra civil que começou em 2011, as forças do regime, apoiadas pela força aérea russa, capturaram a parte oriental de Aleppo dos combatentes em 2016.

Cessar-fogo minimizou conflito. Nos últimos anos, o norte da Síria tem vivido uma calma relativa possibilitada por um cessar-fogo estabelecido após uma ofensiva do regime em março de 2020.

A trégua foi patrocinada por Moscou com a Turquia, que apoia alguns grupos rebeldes sírios em sua fronteira. Os turcos pediram na sexta-feira a interrupção dos ataques.

O regime sírio recuperou o controle de grande parte do país em 2015 com o apoio de seus aliados russos e iranianos. A guerra civil da Síria matou mais de meio milhão de pessoas e deslocou milhões.

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*com informações da AFP, DW e RFI

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