Nos EUA, armas de fogo matam tanto quanto acidentes de carro
O tiroteio em massa em Orlando, Flórida, no domingo (12), foi apavorante em escala: 49 mortos em um único incidente. Mas não é incomum dezenas de americanos serem mortos por armas de fogo em um único dia.
Os homicídios com armas de fogo são uma causa comum de morte nos Estados Unidos, matando tantas pessoas quanto acidentes de automóvel (sem contar acidentes com vans, motos ou ônibus). Alguns incidentes chamam nossa atenção mais que outros, é claro. Contando os tiroteios em massa que viram manchetes e os milhares de americanos assassinados um ou alguns poucos de cada vez, os homicídios com armas de fogo totalizaram 11.961 em 2014, segundo o FBI (Polícia Federal dos EUA).
Esse nível de violência torna os Estados Unidos altamente discrepantes em comparação à experiência de outros países de alta renda.
Por todo o mundo, esses países apresentam taxas substancialmente baixas de homicídios com armas de fogo. Na Alemanha, ser assassinado com uma arma de fogo é tão incomum quanto ser morto pela queda de um objeto nos Estados Unidos. Cerca de duas pessoas para cada milhão são mortas com armas de fogo. Os homicídios com armas de fogo são igualmente raros em vários outros países europeus, incluindo Holanda e Áustria. Nos Estados Unidos, dois por milhão é aproximadamente a taxa de morte por hipotermia ou acidente aéreo.
Na Polônia e na Inglaterra, apenas uma entre cada milhão de pessoas morre por ano em casos de homicídio com armas de fogo, praticamente a mesma frequência com que um americano morre em um acidente agrícola ou caindo de uma escada.
No Japão, onde os homicídios com arma de fogo são ainda mais raros, a probabilidade de morrer dessa forma é praticamente a mesma da de um americano ser morto por um raio, aproximadamente uma chance entre 10 milhões.
Nos Estados Unidos, a taxa de homicídio com armas de fogo é cerca de 31 para um milhão de pessoas, o equivalente a 27 pessoas mortas a tiros para cada dia do ano. Os homicídios incluem as mortes em tiroteios em massa, como o ataque de domingo em Orlando ou o de dezembro em San Bernardino (Califórnia). E, é claro, também incluem os muito mais comuns assassinatos com uma única vítima no país.
As comparações internacionais podem ajudar a destacar quão excepcionais os Estados Unidos são. Em um país onde o direito de portar armas é prezado por grande parte da população, os homicídios com armas de fogo são uma importante preocupação de saúde pública. Entre homens de 15 a 29 anos, eles são a terceira principal causa de morte, atrás de acidentes e suicídios.
Em outros países de alta renda, os homicídios com armas de fogo são eventos incomuns. Os ataques em Paris no fim do ano passado mataram 130 pessoas, quase o total de homicídios com armas de fogo em toda a França em um ano típico. Mas mesmo se a França tivesse um tiroteio em massa tão mortífero quanto os ataques em Paris todo mês, sua taxa anual de homicídios com armas de fogo seria mais baixa que a dos Estados Unidos.
A taxa de violência por armas de fogo nos Estados Unidos não é a mais alta do mundo. Em partes da América Central, África e Oriente Médio, a taxa de mortes por armas de fogo é ainda mais alta, próxima das de ataques cardíacos e câncer de pulmão nos Estados Unidos.
No vizinho México, onde se desenrola a guerra das drogas, 122 pessoas por milhão morrem em homicídios com armas de fogo, uma taxa ligeiramente maior que a taxa de mortalidade dos americanos por câncer de pâncreas. Mas os países com esses níveis de violência com armas diferem dos Estados Unidos em muitas outras formas, incluindo produto interno bruto, expectativa de vida e educação.
Entre as democracias desenvolvidas, os Estados Unidos são aberrantes.
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