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Pantanal tem recorde de queimadas em 22 anos em MS

Queimadas assolam região do Pantanal em Mato Grosso do Sul - Divulgação/PrevFogo/MS
Queimadas assolam região do Pantanal em Mato Grosso do Sul Imagem: Divulgação/PrevFogo/MS

Joseé Maria Tomazela

Em Sorocaba (SP)

23/07/2020 12h39

Os incêndios florestais destruíram, em duas semanas, 35 mil hectares de vegetação nativa no Pantanal de Mato Grosso do Sul, um dos principais ecossistemas brasileiros. Em todo o bioma, desde o início do ano, foram registrados 3.415 focos de incêndio, maior número desde 1998, quando o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) passou a monitorar as queimadas.

Cerca de 180 bombeiros foram deslocados para a região, mas as chamas continuam se espalhando. Hoje, um comitê formado pela Defesa Civil e Corpo de Bombeiros pediu apoio de aeronaves ao governo federal para ampliar as frentes de combate aos focos.

O Pantanal abrange áreas de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, no Brasil, e se estende aos territórios da Bolívia e do Paraguai. Em todo o bioma, o número de queimadas disparou de janeiro a julho deste ano, com aumento de 189% em relação ao mesmo período de 2019.

As chamas atingem principalmente o município de Corumbá, considerado a capital pantaneira. A cidade lidera o ranking nacional de queimadas dos últimos cinco anos, com 2.423 focos, bem à frente da segunda colocada, Poconé (MT), com 544. Corumbá também é líder no ranking dos últimos cinco meses e dos cinco últimos dias.

Na cidade, de 92 mil habitantes, as unidades de saúde registraram aumento de 20% na procura por pacientes com doenças respiratórias causadas pela fumaça. O problema é agravado pela baixa umidade do ar decorrente da estiagem. A neblina cinzenta encobre a área urbana e obriga os moradores a manterem portas e janelas fechadas.

À noite, as queimadas se tornam visíveis do outro lado do rio Paraguai. Na manhã de hoje, 15 bombeiros e brigadistas combatiam uma grande queimada na região do Itajiloma, entre Corumbá e Ladário, outro município do Pantanal.

De acordo com o Corpo de Bombeiros de Corumbá, embora não seja possível precisar a origem dos incêndios, muitos resultam de ação humana. Nesta época, fazendeiros usam o fogo para renovação de pastagem e abertura de áreas para lavoura. Porém, em muitos casos, a queimada foge do controle. Conforme a corporação, não chove há meses e áreas normalmente alagadas estão secas.

"Nesta época do ano, a região está com farta biomassa e muito propensa a ocorrências dessa natureza", informou. O Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil pediram ao governo federal o envio de aeronaves para o transporte de equipes e ajuda direta no combate às chamas.

O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) informou que está disponibilizando equipes e recursos para o combate às chamas, através da brigada do Prevfogo (Centro Nacional de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais), em Corumbá.

No ano passado, os incêndios florestais queimaram 1 milhão de hectares de matas, lavouras e pastagens em Mato Grosso do Sul. Foi montada uma operação de guerra, com apoio de bombeiros e brigadistas de outros estados, para fazer frente à destruição.